quarta-feira, 28 de junho de 2023

Porque uso tanto eu nos meus textos

 


Eu já respondi a esta questão em outro artigo,mas explorando outras características fundamentadoras,que,a rigor,não são diferentes(muito) do que vou dizer agora:eu tinha(olha aí)me referido ao totalitarismo socialista ,que subsume a individualidade concreta e real no coletivo,uma noção abstrata,que é,não raro ,usada para oprimir.E citei na ocasião o livro de Zamiatin “Nós”,que descortina as distorções perversas deste socialismo totalitário da URSS e do socialismo real.

Aqui eu vou um pouco mais além neste diagnóstico,trazendo mais para meu campo existencial próprio,a discussão sobre estes desvios.

Nunca na minha vida pude usar com tanta liberdade o pronome eu.Por isto eu me farto de dizê-lo.E não me canso.Quando,desde que caí do utero e do berço,falava em meus projetos,minha vida,meu caminho,da maneira que toda criança diz ,arrevesada e sem muita elaboração,o coletivo familiar reprimia,como representante que era do socialismo real contra esta minha pretensão “ individualista”,” egoista” e “ egocêntrica”,de quem não pensava nos outros.

Com o tempo eu(aí)notei que eu fazia parte também do coletivo(dialeticamente falando)e que as minhas pretensões individuais eram (e são)tão legitimas quanto as dos outros.

Que os critérios mantenedores do coletivo eram formados por pessoas que se beneficiavam de alguma forma da paralisia decorrente da obediência a estes conceitos.Como Platão mostrara na “ República” os coletivos formados,segundo ele,pela democracia,eram uma forma de igualação que permitia a manipulação destas maiorias por minorias de expertos.

Por isto ele defendia a estrutura organizacional do antigo Egito,em que cada um ocupava o seu espaço segundo a sua capacidade.É verdade que Platão não tinha olhos para a manipulação dos escravos,que obedecia a este mesmo esquema.Ele pôs os escravos no “ lugar deles”,para sempre,segundo sua capacidade.

A pura e simples igualação do e no socialismo real é responsável por sua queda ,por não reconhecer que o mundo real é desigual,que os indivíduos é que são reais e desiguais e que não reconhecer estas verdades destrói os coletivos,principalmente os que merecem esta destruição.

Portanto quando eu(viu?) falo muio neste pronome,me referindo a mim mesmo,destruo muito justamente o univeso concentracionário que me cercou a vida inteira e aponto para uma renovação,minha e dos outros.

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