segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Os descaminhos do movimento negro brasileiro A formação do racismo reverso

 

Em pleno dia da consciência negra ,dia de Zumbi(o qual era escravocrata),reconheço que é um procedimento extraordinário do movimento negro brasileiro,expandir esta data para outros locais do Brasil.

Por enquanto ainda são poucos e  está principalmente no Rio de Janeiro,mas  a tendência natural e justa é se espraiar.

A minha vivência pessoal,dividida em atividades de trabalho ,de pesquisa e de relacionamentos mudou um pouco a minha visão deste movimento negro,que é afinal ,totalmente justo.

Contudo ,esta  mesma experiência mostra que este caminho  não é tão simples,como aliás de todo movimento social revolucionário.Eu acho o movimento negro em todos os lugares do ocidente uma revolução,no sentido cultural,de Hannah Arendt.

Quando o negro ocupar realmente o lugar que lhe é de direito a sociedade ocidental(e em geral[a comunidade universal])será totalmente diferente e certamente melhor.

Mas como estudioso das revoluções de esquerda que sou,falo normalmente nos problemas que estes movimentos apresentam em diversos passos de sua caminhada:existe muito ódio indiscriminado contra aqueles que desfrutam das benesses da vida social e neste momento há uma certa idealização,no sentido de culpar todo mundo pelo que ocorre com os desfavorecidos;nem todas as pessoas que integram o movimento revolucionário entram nele de forma consciente e idealista ,mas por razões pessoais de ascensão;os ressentimentos por parte dos desfavorecidos os faz cometer injustiças de modo reverso,como culpar todo branco de ser beneficiado do navio negreiro;toda pessoa desfavorecida que se ressente(por não ver um horizonte de libertação)se une aos seus semelhantes para ,com uma maioria ,reprimir os outros,reprimir os “ opressores”,noção mais emocional do que cientifica ou axiológica.

Os padrões aristotélicos e de luta de classe,que sempre puseram todas as pessoas no mesmo saco da culpabilização passa para estes movimentos e passou para o movimento negro brasileiro.

Está se formando e em curso(de crescimento?)um racismo reverso  sim.Na minha experiência própria supra-dita a minha constatação ao chegar à idade provecta é que desde pouco depois de sair do berço este tipo preconceito ao contrário foi sempre jogado contra mim.Mas vejo em outras pessoas(senão algum cretino vai dizer que me dou muita importância).

Uma das maiores emoções da minha vida foi  ler“O Mulato” de Aluisio de Azevedo,autor injustamente esquecido.Sentado sobre a minha cama,já no final do romance,o personagem central tem um  insight  e volta atrás em muito dos acontecimentos narrados e toma consciência de que tudo se dera em razão de sua condição de negro.

Os psicólogos chamam a isto de anamnese ,o processo pelo qual,com a ajuda do terapeuta ,o paciente relembra certos fatos do passado e lhes dá um sentido que pode ser muito traumático para ele.

Nos dias que correm,de revisão da vida,no final dela,a minha anamnese é constante e neste caso da relação com o povo negro,as coisas têm ficado piores:quando s e é jovem toda a festa que os pais fazem á sua volta é tida só como amor aos filhos,mas dependendo da família e se esta  prefere as relações de poder ao amor ,isto é só bajulação para depois cobrar no mesmo patamar do puxa-saquismo.

Pais que exaltam demasiado os filhos exaltam a si mesmos.E ao colocar papéis de liderança nos filhos primogênitos brancos é para exigir deles retorno,em termos de dinheiro,compensações indevidas e assim por diante.Este filho,ao crescer,quer viver uma vida autêntica,mas percebe que é só poder e carteira de dinheiro.

No meu caso e no de outros primogênitos brancos o papel deles,a eles atribuído pelas famílias,sem consultar-lhes as vontades,é uma imposição infinita e eterna da qual no minimo se custa a sair(ou não).

O batismo católico,criação de Constantino,chancela este abuso desde o berço:a partir daí a criança está presa a um tipo de família,muito pouco interessada em afeição e  amor(que afinal são os fundamentos da família).

Ao surgir o movimento negro esperava-se que ele revolucionasse tudo,mas acaba por repetir estes conceitos,que no Brasil,derivados da casa-grande , acusam todo o branco de ser um seu beneficiário.Acusam todo branco de ser supremacista,com a ajuda de Lula,que não raro relembra a incúria cultural e linguistica de Dona Dilma.

O termo  “supremacia branca” Presidente tem valor designativo de um movimento de direita e nem todo branco,ainda que bem sucedido pode ser associado a ele.

Existe supremacia da miséria,da pobreza,não é o Brasil igual aos Estados Unidos ou Alemanha.Lá também não faz sentido tudo isto.

No fundo a estrutura mental dos movimentos ,e  o movimento negro brasileiro não escapa,é so uma forma de opressão que quer ocupar o lugar da antiga.

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