Em pleno dia da consciência negra
,dia de Zumbi(o qual era escravocrata),reconheço que é um procedimento
extraordinário do movimento negro brasileiro,expandir esta data para outros
locais do Brasil.
Por enquanto ainda são poucos e está principalmente no Rio de Janeiro,mas a tendência natural e justa é se espraiar.
A minha vivência pessoal,dividida em
atividades de trabalho ,de pesquisa e de relacionamentos mudou um pouco a minha
visão deste movimento negro,que é afinal ,totalmente justo.
Contudo ,esta mesma experiência mostra que este caminho não é tão simples,como aliás de todo movimento
social revolucionário.Eu acho o movimento negro em todos os lugares do ocidente
uma revolução,no sentido cultural,de Hannah Arendt.
Quando o negro ocupar realmente o
lugar que lhe é de direito a sociedade ocidental(e em geral[a comunidade
universal])será totalmente diferente e certamente melhor.
Mas como estudioso das revoluções de esquerda
que sou,falo normalmente nos problemas que estes movimentos apresentam em
diversos passos de sua caminhada:existe muito ódio indiscriminado contra aqueles
que desfrutam das benesses da vida social e neste momento há uma certa
idealização,no sentido de culpar todo mundo pelo que ocorre com os
desfavorecidos;nem todas as pessoas que integram o movimento revolucionário entram
nele de forma consciente e idealista ,mas por razões pessoais de ascensão;os
ressentimentos por parte dos desfavorecidos os faz cometer injustiças de modo
reverso,como culpar todo branco de ser beneficiado do navio negreiro;toda pessoa
desfavorecida que se ressente(por não ver um horizonte de libertação)se une aos
seus semelhantes para ,com uma maioria ,reprimir os outros,reprimir os “
opressores”,noção mais emocional do que cientifica ou axiológica.
Os padrões aristotélicos e de luta de
classe,que sempre puseram todas as pessoas no mesmo saco da culpabilização passa
para estes movimentos e passou para o movimento negro brasileiro.
Está se formando e em curso(de
crescimento?)um racismo reverso sim.Na
minha experiência própria supra-dita a minha constatação ao chegar à idade
provecta é que desde pouco depois de sair do berço este tipo preconceito ao
contrário foi sempre jogado contra mim.Mas vejo em outras pessoas(senão algum
cretino vai dizer que me dou muita importância).
Uma das maiores emoções da minha vida
foi ler“O Mulato” de Aluisio de
Azevedo,autor injustamente esquecido.Sentado sobre a minha cama,já no final do
romance,o personagem central tem um insight e volta atrás em muito dos acontecimentos
narrados e toma consciência de que tudo se dera em razão de sua condição de
negro.
Os psicólogos chamam a isto de anamnese
,o processo pelo qual,com a ajuda do terapeuta ,o paciente relembra certos
fatos do passado e lhes dá um sentido que pode ser muito traumático para ele.
Nos dias que correm,de revisão da vida,no
final dela,a minha anamnese é constante e neste caso da relação com o povo
negro,as coisas têm ficado piores:quando s e é jovem toda a festa que os pais fazem
á sua volta é tida só como amor aos filhos,mas dependendo da família e se esta prefere as relações de poder ao amor ,isto é
só bajulação para depois cobrar no mesmo patamar do puxa-saquismo.
Pais que exaltam demasiado os filhos
exaltam a si mesmos.E ao colocar papéis de liderança nos filhos primogênitos
brancos é para exigir deles retorno,em termos de dinheiro,compensações
indevidas e assim por diante.Este filho,ao crescer,quer viver uma vida
autêntica,mas percebe que é só poder e carteira de dinheiro.
No meu caso e no de outros
primogênitos brancos o papel deles,a eles atribuído pelas famílias,sem
consultar-lhes as vontades,é uma imposição infinita e eterna da qual no minimo
se custa a sair(ou não).
O batismo católico,criação de
Constantino,chancela este abuso desde o berço:a partir daí a criança está presa
a um tipo de família,muito pouco interessada em afeição e amor(que afinal são os fundamentos da família).
Ao surgir o movimento negro
esperava-se que ele revolucionasse tudo,mas acaba por repetir estes conceitos,que
no Brasil,derivados da casa-grande , acusam todo o branco de ser um seu
beneficiário.Acusam todo branco de ser supremacista,com a ajuda de Lula,que não
raro relembra a incúria cultural e linguistica de Dona Dilma.
O termo “supremacia branca” Presidente tem valor designativo
de um movimento de direita e nem todo branco,ainda que bem sucedido pode ser
associado a ele.
Existe supremacia da miséria,da pobreza,não
é o Brasil igual aos Estados Unidos ou Alemanha.Lá também não faz sentido tudo
isto.
No fundo a estrutura mental dos
movimentos ,e o movimento negro
brasileiro não escapa,é so uma forma de opressão que quer ocupar o lugar da
antiga.
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