sexta-feira, 3 de novembro de 2023

A ONU e a Guerra-Fria

 


Mais uma prova de que tenho razão em caracterizar a nossa época como ,pelo menos, um rebotalho da guerra fria, é esta situação ominosa da ONU em face de conflitos tão  graves e que ela não consegue nem intermediar.

Mas já há algum tempo as demandas politicas do globo exigem uma participação mais efetiva do organismo  na promoção de uma paz social,que evite inclusive,novas guerras.

A ONU está tão entranhada na consciência humana ,como uma  inarredabilidade,que apesar dos inúmeros erros fatais que cometeu ao longo da história, continua resistindo.

Existem certas criações humanas que são assim: apesar de tudo resistem a tudo.

A cruz vermelha ,indiretamente,  apoiou o sistema de campos de concentração nazistas ,que depois se transformou em  extermínio. Em 1938 houve um clamor imenso contra o internamento de pessoas nestes campos,especialmente pessoas de escol,isto é,reconhecidas pelas suas qualidades.Tal foi o caso de Teresinsdat,em que só ficavam os judeus proeminentes,nas ciências ,artes e tudo o mais.

A Cruz vermelha foi instada a verificar as condições do local,porque acusações de maus-tratos espoucavam na imprensa.Os nazistas maquearam o local(porque as denuncias eram verdadeiras) e a Cruz Vermelha fez um relatório róseo do que viu:tudo mentira.Até hoje se discute se houve cinismo.

A ONU teve uma participação vergonhosa na morte de Patrice Lumumba,ajudando na intervenção das forças mais oportunistas do país e solidificando uma das ditaduras mais corruptas da África.

No genocídio do Timor outra vergonheira:Kofi Anan praticamente não fez nada.

Estas organizações superam estes desgastes pela sua necessidade,diante dos inúmeros problemas cotidianos da humanidade,nos quais elas participam obrigatoriamente,para evitar crises ainda mais terríveis.

Estas organizações são iguais ao futebol brasileiro,que é um milagre do povo brasileiro:apesar das falcatruas,desvios de dinheiro,fraudes ,permanece.

E agora,com estas duas guerras,a inana prossegue.A razão disto aí,no passado supra-citado,é o contexto politico que resultou na guerra fria,que continua até hoje.Não  adianta me objetar que o caso da Cruz Vermelha é antes da guerra-fria,porque esta última é derivada da segunda-guerra e mais do que isto,como já expliquei,o contexto da guerra-fria se inicia em 1917,só parando por causa da presença do fascismo,conduzindo à guerra.

No que diz respeito à ONU propriamente dita,o que emperra tudo e tem a ver diretamente com este conflito que não se realizou numa guerra convencional é o poder de veto dado à potências que tinham vencido a II Guerra.Tal poder prova que a guerra e o conflito ideológico entre as partes fundamentais da politica universal continuaria pelas décadas vindouras,ainda que as promessas fossem de uma paz definitiva.

Nós vivemos num período ainda de guerras.O pensamento de direita entende que  a guerra-fria foi  a  terceira guerra mundial. O discutirei em outro texto,mas a verdade é que vivemos em conflito há muitos séculos e estamos no contexto de eventuais guerras mundiais.Ainda não saímos disto e é forçoso sair,para dar atenção ao verdadeiro problema:a questão social,a questão da utopia.

 O que disse o Presidente Lula esta semana é certo:acabar com este direito de veto,no que seria o começo do fim da guerra-fria:a assembléia geral decide e todo mundo cumpre.

 Não há necessidade mais de poder de veto e aí teríamos uma comunidade universal pela primeira vez “igualada” de fato em direitos,que é um dos objetivos mais decisivos da história e um dos seus sonhos quase que milenares.

Tratarei deste tema (de que eu já falei)em outro texto também,mas há que ressaltar o seu valor:esta proposta,que vem do cristianismo,de Dante Alighieri,é uma das exigências de solução para os conflitos humanos.

A disputa também milenar por hegemonia é causa politica imediata destes conflitos recorrentes,principalmente no velho mundo,da Mesopotâmia e o Egito até a estas guerras a que estamos no referindo.

 

 

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