Mais uma prova de que tenho razão em
caracterizar a nossa época como ,pelo menos, um rebotalho da guerra fria, é
esta situação ominosa da ONU em face de conflitos tão graves e que ela não consegue nem
intermediar.
Mas já há algum tempo as demandas politicas
do globo exigem uma participação mais efetiva do organismo na promoção de uma paz social,que evite
inclusive,novas guerras.
A ONU está tão entranhada na consciência humana
,como uma inarredabilidade,que apesar
dos inúmeros erros fatais que cometeu ao longo da história, continua resistindo.
Existem certas criações humanas que são
assim: apesar de tudo resistem a tudo.
A cruz vermelha ,indiretamente, apoiou o sistema de campos de concentração
nazistas ,que depois se transformou em extermínio.
Em 1938 houve um clamor imenso contra o internamento de pessoas nestes
campos,especialmente pessoas de escol,isto é,reconhecidas pelas suas
qualidades.Tal foi o caso de Teresinsdat,em que só ficavam os judeus
proeminentes,nas ciências ,artes e tudo o mais.
A Cruz vermelha foi instada a verificar as
condições do local,porque acusações de maus-tratos espoucavam na imprensa.Os
nazistas maquearam o local(porque as denuncias eram verdadeiras) e a Cruz
Vermelha fez um relatório róseo do que viu:tudo mentira.Até hoje se discute se
houve cinismo.
A ONU teve uma participação vergonhosa na
morte de Patrice Lumumba,ajudando na intervenção das forças mais oportunistas
do país e solidificando uma das ditaduras mais corruptas da África.
No genocídio do Timor outra vergonheira:Kofi
Anan praticamente não fez nada.
Estas organizações superam estes desgastes
pela sua necessidade,diante dos inúmeros problemas cotidianos da humanidade,nos
quais elas participam obrigatoriamente,para evitar crises ainda mais terríveis.
Estas organizações são iguais ao futebol
brasileiro,que é um milagre do povo brasileiro:apesar das falcatruas,desvios de
dinheiro,fraudes ,permanece.
E agora,com estas duas guerras,a inana
prossegue.A razão disto aí,no passado supra-citado,é o contexto politico que
resultou na guerra fria,que continua até hoje.Não adianta me objetar que o caso da Cruz Vermelha
é antes da guerra-fria,porque esta última é derivada da segunda-guerra e mais
do que isto,como já expliquei,o contexto da guerra-fria se inicia em 1917,só
parando por causa da presença do fascismo,conduzindo à guerra.
No que diz respeito à ONU propriamente dita,o
que emperra tudo e tem a ver diretamente com este conflito que não se realizou numa
guerra convencional é o poder de veto dado à potências que tinham vencido a II
Guerra.Tal poder prova que a guerra e o conflito ideológico entre as partes
fundamentais da politica universal continuaria pelas décadas vindouras,ainda
que as promessas fossem de uma paz definitiva.
Nós vivemos num período ainda de guerras.O pensamento
de direita entende que a guerra-fria foi a
terceira guerra mundial. O discutirei em outro texto,mas a verdade é que
vivemos em conflito há muitos séculos e estamos no contexto de eventuais guerras
mundiais.Ainda não saímos disto e é forçoso sair,para dar atenção ao verdadeiro
problema:a questão social,a questão da utopia.
O que
disse o Presidente Lula esta semana é certo:acabar com este direito de veto,no
que seria o começo do fim da guerra-fria:a assembléia geral decide e todo mundo
cumpre.
Não há
necessidade mais de poder de veto e aí teríamos uma comunidade universal pela
primeira vez “igualada” de fato em direitos,que é um dos objetivos mais
decisivos da história e um dos seus sonhos quase que milenares.
Tratarei deste tema (de que eu já falei)em outro
texto também,mas há que ressaltar o seu valor:esta proposta,que vem do
cristianismo,de Dante Alighieri,é uma das exigências de solução para os
conflitos humanos.
A disputa também milenar por hegemonia é
causa politica imediata destes conflitos recorrentes,principalmente no velho
mundo,da Mesopotâmia e o Egito até a estas guerras a que estamos no referindo.
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