Por
que perdi a confiança
Quando
era pequeno, ouvi de meu pai e de outras pessoas que os PCs eram os únicos que
diziam o que faziam e vice-versa. Quando iniciei a minha experiência de
militante no começo dos anos 80, notei que não era bem assim.
Em
primeiro lugar, naquele momento em que se superava a ditadura, o que se dizia
nestas hostes vermelhas era que a democracia, contra o pensamento de Lenine,
era um fim em si, uma finalidade. Usava-se a expressão “democracia como valor
estratégico”, por oposição ao “valor tático” de Lenine.
No
entanto, na prática, eram só palavras e, no decorrer dos anos, notei que era só
fachada para continuar pensando em termos de “a doença infantil”. A democracia
não era uma finalidade em si mesma, mas um trampolim instrumentalizável para
uma “democracia superior”, melhor…
Assim
também, desde o momento em que entrei no movimento, nos albores dos anos 80, eu
verifiquei que se dizia uma coisa no movimento de bairros, outra no movimento
estudantil, outra entre os advogados e outra na minha casa.
Como
resultado desta constatação de que não havia coerência nenhuma, passei a
desconfiar dos comunistas e a exigir, mesmo sendo alguém de esquerda, que eles
provassem o laço indelével entre eles e a democracia, como fizeram os italianos
e os holandeses e outros partidos, principalmente pela Europa.
Continuo
em busca desta coerência entre o fazer e o dizer e vice-versa.
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