domingo, 11 de agosto de 2024

Eu,no amor, Sou como Engels

 

Em  “A Origem da família ,da Propriedade e do Estado” Engels expressa a sua concepção de amor livre :o amor livre ,com base em seu fundamento, é aquele que provém do sentimento amoroso ,sem intervenção de qualquer outro poder ou mediação que não seja esta,a do amor .

Na visão de Engels a pura liberdade amorosa dispensa o “imóvel”,as garantias econômicas e jurídicas.Aí eu discordo.

Os encadeamentos amorosos não são seguros  ab initio .Eles se modificam,por razões endógenas e exógenas e este período ,digamos, de experimentação,constituído posteriormente ao fim do enlace(de namoro,de noivado e do casamento)força compensações.

A personalidade de Engels se me afigura(como a de Marx)como a de um romântico idealista,de extração rousseauista:retirou a propriedade e tudo o que dela emana que a utopia surge no horizonte.

Mas não é assim que a vida funciona(e certamente prossegue na utopia):há percalços no caminho,alguns inarredáveis.Uma pessoa como Engels,lá no fundinho,quer se livrar de problemas que acompanham a humanidade.

No amor,tão difícil de achar,a tentação do perfeito está ali na esquina(como a revolução e  a utopia).

Se não se souber ,no entanto ,admitir estas imperfeições ,corre-se o risco de se tornar um Moisés ,olhando de longe a terra do maná...

O meu momento inarredável nesta procura é congênere ao que se disse no inicio:eu nasci num contexto de mediações como as que Engels denotara.Só que no plano da esquerda:assim como Engels identificou a propriedade e seus efeitos como interrupções e intervenções ao amor e à paixão(como em Romeu e Julieta)o coletivismo socialista cumpre a mesma função.

Além de tudo, estas interposições coletivas ,no final,suprimem uma condição da paixão e do amor:a privacidade,o intimo.

Comumente,quando arrumo uma menina ,uma namorada,o mundo todo me cerca:família,religião,amigos.

Sinto-me como um integrante da família real britânica em que todos atos da vida são rituais públicos,inclusive os atos pessoais e íntimos.

Eu já pensei em mandar para a ONU um projeto dando conta de que talvez o problema da humanidade  seja deveras o meu casamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário