Eu deixo o meu
youtube aberto para isto mesmo:permitir que as pessoas entrem lá
para mostrar seus trabalhos e suas opiniões,mas quando se trata de
responder a coisas que eu coloco aqui eu fico aborrecido por não me
citarem,por me desconhecerem.
Já expliquei as
razões disto e não vou me repetir.Mas por isto eu não vejo o que
estas pessoas mandam e às vezes até deleto.
Aquilo que eu vejo
,como o titulo da entrevista que me foi mandada feita por Vladimir
Safatle com a professora Marilena Chauí,que tem vindo muitas vezes
no meu youtube,eu comento.
É o que eu farei
agora:
O titulo é “ nas
redes sociais não há possibilidade de reflexão”.Naturalmente eu
discordo desta apreciação,pelo menos no que diz respeito à
possibilidade.
Como eu tenho dito
tem muita gente boa na internet(inclusive eu).O que dificulta o
crescimento da internet como local de discussão é que cada um fica
atomizado ,no seu canto,apenas trabalhando o seu nicho,deixando de
lado a democracia,os debates.Daí surgiriam reflexões.
Até onde eu sei e
até onde eu vi nas minhas pesquisas eu sou o único que procura
estes debates ,em sucesso.Então eu faço a minha parte como todo
mundo,porque eu não vou obrigar ninguém a debater ou discutir,
muito menos comigo.Não existe isto,a democracia se faz por
consenso.Mas é ela uma necessidade nestes tempos perigosos em que
vivemos.
Eu defendo,como
tenho feito sempre,a figura de um intelectual independente como eu.O
intelectual de modo geral(e o de esquerda nem se fala)se fecha em si
mesmo num discurso de verdade absoluta.Ele não resiste a isto.E
joga-o também para o plano pessoal,porque ele é auto-referente.
Como explica Popper
o ser humano evolui pelo método da tentativa e erro.Para não
prejudicar o outro ele constitui um saber todo criterioso para não
errar,mas no processo de construção do conhecimento é inevitável.
O intelectual (e às
vezes o cientista)se ilude frequentemente,por vaidade,egoismo e
egocentria,com o seu poder de compreeensão ampla do real.Por mais
que ele se discipline não resiste à tentação de Platão de
controlar o mundo e quando ele cai nessa armadilha entra numa
degeneração multifacética,indo do empobrecimento às distorções
e chegando ao mais puro autoritarismo,que é a maior consequência da
vacuidade do propósito.
Um intelectual
independente é fundamental na questão desta disciplina,evitando a
sua transformação num mandarim,que era o sonho de Platão.
Por mais complexo e
inovador que seja um intelectual ,o mundo está sempre se
movimentando, pondo um limite inevitável ao seu fazer,que nem sempre
é reconhecido(ou quase nunca).
O intelectual que
fica na corporação cuidando de seu modelo universal perde o contato
com estas mudanças e o seu referido modelo,sem considerar este
movimento, acaba se tornando fechado e inócuo.
Quem vive extra
-muros tem condição de acompanhar estas mudanças,de ver certos
fenômenos capazes de trazer novas realidades,que a corporação não
está vendo.
E o pior é que o
intelectual quando criticado,dentro deste contexto de limitação,se
sente pessoalmente ofendido,o que não é a intenção de quem o
critica.
Eu nunca critiquei
pessoalmente a sra Marilena Chauí ou Safatle.Ela merece 10 honoris
causa,ele merece o lugar que tem,tudo certo.MAS COMETEM ERROS COMO
TODO MUNDO E TODO MUNDO TEM O DIREITO DE DISCORDAR DAS SUAS IDÉIAS.
Eu fiz uma crítica
que outros professores ,como Roland Corbisier, fizeram e não aceito
sob nenhuma hipótese o que a professora diz da classe média,a qual
ela e eu pertencemos.
Eu faço crítica à
luta armada,uma crítica politica,não em termos pessoais ,ao pai de
Vladimir Safatle.Será que é dificil entendê-lo?
Neste aferramento e
dogmatismo dos dois existe uma similitude entre o comportamento da
esquerda que eles representam(ou dizem)e a da direita e a da pior
burguesia.
O que caracteriza
uma sociedade burguesa?Uma minoria que governa a partir de seus
interesses.O que é o intelectual de esquerda,em termos gerais?Um
grupo que pretende ,com um certificado na mão,dirigir os
outros,dirigir a sociedade,a partir da sua autoridade intocável(por
causa do diploma).
E há um outro
pormenor a ser lembrado:o conhecimento intelectual e científico
também aliena o resto da humanidade que não tem acesso a ele.Há um
medo de toda a sociedade,de todos os comuns,de ser atingido pelos
erros dos produtores de saber.
É dentro desta
última afirmação que me coloco como intelectual
independente.Nenhum mandarim me engana.