Aprofundando um artigo
anterior sobre o tema da homofobia,quero dizer
que quem criou o sexismo foi a
aristocracia na Idade Média com o apoio da Igreja
Católica.Para fins de manipulação das famílias e
preservação de propriedades dentro delas,dentro das
linhagens, estas duas classes inventaram este esquema que acabou
com o aspecto mais íntimo da luta pela liberdade:a liberdade para amar
com liberdade,a intimidade do amor,sem
condicionamentos.A burguesia,quando cresceu
,imitou este esquema e por
sua vez foi imitada pela pequena
burguesia,os emergentes de hoje.
Quando Engels ,no
século XIX,escreveu sobre o amor livre afirmou uma verdade para todos
os movimentos libertários neste sentido:o amor livre é
aquele em que a intimidade é preservada,em que a vontade
dos pais,ou de quem quer que seja,não tem importância
e que não hajam condicionamentos econômicos que
interfiram no amor.Faz parte da luta por uma sociedade justa esta
luta,que na verdade,é uma medida do seu sucesso geral ,porque
quando a liberdade da e na intimidade estão presentes pode se ver o grau
de maturidade de um povo e de uma sociedade.
Até hoje é difícil se achar
uma sociedade assim.Talvez nos países nórdicos ou em outros
lugares,talvez no Taiti ou em algumas tabas
indígenas brasileiras(....)não sei.
Por enquanto,nos dias que
correm,este critério serve para algumas pessoas felizardas (e
lutadoras)e como referencial para a crítica de uma sociedade
como a nossa,ocidental(e oriental ô)em que a permissividade esconde uma
repressão igual ou maior do que a do passado e em
que a repressão esconde um desejo inelutável de liberdade.
Foucault ,em seu Vigiar e
Punir,ressalta bem isso:se as penas infamantes e cruéis
acabaram,do ponto de vista mental,psicológico e das técnicas de controle
social(invasão da privacidade pelo mainstream),a coisa ficou a
mesma ou piorou.
Mesmo os movimentos
sociais libertários,não raro,reproduzem esta situação.
O movimento
feminista não aproveita as liberdades que foram
conquistadas para aprofundá-las.Hoje s e coloca a contraposição
entre a liberdade do corpo e a do trabalho,quando na verdade,só
quando a mulher tiver plena liberdade de trabalhar e ter o mesmo
salário do homem poderá ampliar os direitos do corpo.Identifica-se
a liberdade do corpo com o aborto quando não é.A liberdade do
corpo é o controle populacional,como está dito em "O
Segundo Sexo",de Simone de Beauvoir.A quantidade excessiva de filhos
é uma forma tradicional e arcaica de controle
masculino e social do direito de ir e vir da
mulher.O controle populacional não é uma forma religiosa de
controle da mulher.O controle da Igreja é o não-sexo,o não-desejo da
mulher,é a extinção do corpo(da mulher).
Igualmente o
movimento LGBT deplora o explorador ,o homofóbico,mas ama o seu pênis,ama
o poder e fica sempre a meio caminho da crítica.Certo,por causa das
mortes,o homofóbico está saindo de cena,mas o movimento ainda busca um
reconhecimento desta sociedade arcaica,que,como dissemos acima,criou o
ódio ao diferente pelas razões
aludidas(herança),quando a maior contribuição do homoafetivo é cimentar
de vez a liberdade da intimidade,pelo direito de escolha
radical,pela escolha da afeição pura e simples,sem referência no passado:o
direito de escolher ser diferente.
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