Eu já me referi
também nestes artigos aos pactos demagógicos da História,ao coliseum,como forma
de congraçamento de patrícios e plebeus,ao teatro shakespeareano e ao futebol
brasileiro.
Toda a vez que
eu falo sobre futebol tem sempre alguém que demonstra preconceito em relação ao
tema,mas é preciso ver que ,em primeiro
lugar,o esporte é uma atividade legítima ,porque de saúde. Em segundo lugar a
mobilização do povo brasileiro em torno do futebol ,ainda que o aliene dos
problemas hierarquicamente mais importantes,oferece um campo de visão de porque
esta alienação acontece.
Não acho que o
Brasil,como nação,possa ser explicado
pelo futebol,mas no cotidiano sim,o futebol mostra um campo de pesquisa sobre
como o cidadão brasileiro conceitua sobre assuntos os mais diversos. O
pesquisador e o político se atualizam com o futebol No cotidiano só se entende
o que o povo brasileiro pensa pelo futebol,andando frequentemente em táxis e
investigando a relação que a média tem
com os seus parceiros(sexuais),mas o futebol avulta em importância na medida em
que é mais universal e opõe(e integra) mesmo o mundo masculino ao feminino.
Tirando o fato
de que o futebol não deve ser diminuído como força mobilizadora,pelas razões
que eu aduzi em outro artigo anterior(mobilizar o povo brasileiro para mudar o
país),nós devemos colocá-lo exatamente como este laboratório de concepções do
brasileiro,de modo a compreender a nossa realidade social(e nisto eu aprofundo
o artigo imediatamente anterior),premissa essencial de quem quer mudá-la para
melhor.
A noção de que o
povo brasileiro se mobiliza é de se preservar. O primeiro passo depois disto é
mostrar,como num espelho,a face do povo
brasileiro,para ele mesmo,demonstrando o quanto ele não é beneficiado do
que se obtém neste esporte. O quanto ele está numa posição passiva diante do
esporte que ele mesmo viabilizou,muita vezes por cima dos erros e crimes
cometidos pelos dirigentes.
E os últimos
acontecimentos,com esta cada vez maior invasão da Fifa,uma organização feita
com influência do fascismo,também revela
isto que eu estou dizendo.
Ninguém protesta
quando se faz esta imensa elitização do esporte,nem mesmo o Flamengo,o clube de
massa,do trabalhador comum,o qual com seu dinheirinho,sustentou e sustenta o
clube de maior torcida no mundo.
Quando estes
estádios foram feitos,muitos acertadamente
denunciaram o caráter de elefantes brancos de alguns,como o Estádio de
Brasília e o de Pernambuco. Para evitar críticas os governos destes estados
cooptaram os dirigentes dos quatro grandes do Rio de Janeiro para levarem os
seus times para jogar neles por uma merreca,longe de suas torcidas. Será que
terem jogado o inicio do campeonato brasileiro longe das torcidas não
contribuiu para ficar na parte de baixo da tabela?
E depois ,na
final da Copa do Brasil,o Flamengo,que ganhou aquela merreca,aumentou o
ingresso,estratosfericamente,excluindo o torcedor pobre,alegando necessidade de
ganhar 9 milhões. Não poderiam os governos de Brasília e Pernambuco,que
encheram a burra com estes elefantes, dar estes 9 milhões e permitir que o Flamengo baixasse os
ingressos,permitindo aos seus maiores apoiadores assistir ao jogo e não somente
as elites?
Também se faz um
discurso de que é preciso qualificar a assistência nos estádios para acabar com
a violência. Alguém viu algum trabalhador pobre nas cenas de vandalismo da
última rodada?E nas das rodadas intermediárias?
De tudo isto se
depreende que ,no mínimo,as elites,os dirigentes não vêem sequer o povo
brasileiro.
Isso sem falar
no problema do neocolonialismo que se esconde por debaixo destas atitudes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário