Aprofundando as
análises que fiz anteriormente sobre
Togliatti,considero muito importante trabalhar com esta linha porque o
PCI,juntamente com o partido comunista
austríaco,foi um dos únicos a escapar dos inúmeros erros e crimes cometidos pelo movimento
comunista.
O Partido
Comunista Austríaco sugeriu a Stálin que fizesse uma transição até. Falarei
sobre isto proximamente.
O que quero a
profundar aqui na figura de Togliatti é que o caminho dele poderia ser uma
forma de estratégia geral dos comunistas e da militância de esquerda em
geral,em países católicos e ocidentais.
Em vez de ficar isolada em si mesma a
militância poderia utilizar um critério de atuação legítima ,diferente
daquela de querer impor pura e
simplesmente o seu pensamento.
Quando voltou da
URSS Togliatti surpreendeu a militância republicana da Itália,principalmente o
socialista Pietro Nenni,ao apoiar ,num referendo, a continuação da religião
católica,como religião oficial da Itália,como ficara estabelecido na concordata
feita com Mussolini anos antes.
É lógico que o
que queria Togliatti era fazer uma aliança com o cristianismo laico da Itália e
mesmo com o cristianismo institucional.Ele queria lutar para modificar
paulatinamente o seu pensamento. Ficar do lado da massa para mudar o seu pensamento,para
lutar democraticamente para mudar o pensamento destas massas me parece algo
tremendamente legítimo.
Aqui no
Brasil,em 1979,com o crescimento das greves no ABC,era absolutamente necessário
uma postura idêntica,até mais fácil,porque se tratava de operários. Mas nada
foi feito.
Muitos criticam
o fato de que eu aqui trato obsessivamente do catolicismo,mas como diz Gilberto
Freire em “ Casa-Grande e Senzala”,não se pode separar o Brasil do catolicismo. Entrar neste
meio,neste tipo de “ mainstream”,não-eletrônico é algo absolutamente necessário
para tentar mudar,não a concepção da religião,mas a visão de cidadão que o
católico tem.
Não estou
dizendo que é preciso acabar com a religião no Brasil,mas torná-la de fato
laica e construir um tipo de cidadania, que é imprescindível ao progresso do Brasil,calcada na convicção
de que a crença é de foro íntimo e que o cidadão deve se voltar para o Estado e
não para o Papa em busca de seus direitos.
A religião
frequentemente parece ter mais força do que o Estado e a sociedade,bem como
mais do que a concepção de
“público”,fundamental para a República e isto é,sim um elemento de paralisia e
atraso do cidadão brasileiro.
Assim como os
socialistas laicos e republicanos da Itália,que deveriam ter compreendido o método
de Togliatti nós aqui também precisamos entender o sentido do diálogo com esta
média espiritual do povo brasileiro.
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