quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

De novo Togliatti




Aprofundando as análises que fiz  anteriormente sobre Togliatti,considero muito importante trabalhar com esta linha porque o PCI,juntamente com o partido  comunista austríaco,foi um dos únicos a escapar dos inúmeros  erros e crimes cometidos pelo movimento comunista.
O Partido Comunista Austríaco sugeriu a Stálin que fizesse uma transição até. Falarei sobre isto proximamente.
O que quero a profundar aqui na figura de Togliatti é que o caminho dele poderia ser uma forma de estratégia geral dos comunistas e da militância de esquerda em geral,em países católicos   e ocidentais. Em vez de ficar isolada em si mesma a  militância poderia utilizar um critério de atuação legítima ,diferente daquela de  querer impor pura e simplesmente o seu pensamento.
Quando voltou da URSS Togliatti surpreendeu a militância republicana da Itália,principalmente o socialista Pietro Nenni,ao apoiar ,num referendo, a continuação da religião católica,como religião oficial da Itália,como ficara estabelecido na concordata feita com Mussolini anos antes.
É lógico que o que queria Togliatti era fazer uma aliança com o cristianismo laico da Itália e mesmo com o cristianismo institucional.Ele queria lutar para modificar paulatinamente o seu pensamento. Ficar do lado da massa para mudar o seu pensamento,para lutar democraticamente para mudar o pensamento destas massas me parece algo tremendamente legítimo.
Aqui no Brasil,em 1979,com o crescimento das greves no ABC,era absolutamente necessário uma postura idêntica,até mais fácil,porque se tratava de operários. Mas nada foi feito.
Muitos criticam o fato de que eu aqui trato obsessivamente do catolicismo,mas como diz Gilberto Freire em “ Casa-Grande e Senzala”,não se pode separar  o Brasil do catolicismo. Entrar neste meio,neste tipo de “ mainstream”,não-eletrônico é algo absolutamente necessário para tentar mudar,não a concepção da religião,mas a visão de cidadão que o católico tem.
Não estou dizendo que é preciso acabar com a religião no Brasil,mas torná-la de fato laica e construir um tipo de cidadania, que é imprescindível  ao progresso do Brasil,calcada na convicção de que a crença é de foro íntimo e que o cidadão deve se voltar para o Estado e não para o Papa em busca de seus direitos.

A religião frequentemente parece ter mais força do que o Estado e a sociedade,bem como mais  do que a concepção de “público”,fundamental para a República e isto é,sim um elemento de paralisia e atraso do cidadão brasileiro.
Assim como os socialistas laicos e republicanos da Itália,que deveriam ter compreendido o método de Togliatti nós aqui também precisamos entender o sentido do diálogo com esta média espiritual do povo brasileiro.

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