sábado, 23 de fevereiro de 2019

A crise na venezuela II

O que mais me irrita nas análises que leio e ouço sobre esta crise,principalmente vindas da esquerda ,é que os interesses do petróleo é que explicam a situação,a geopolitica.Tudo isto tem um peso,mas eu tenho demonstrado aqui que o esquema puramente baseado em abstrações não é suficiente para desvelar o fenômeno social.
A sociologia compreensiva(que não se reduz às contribuições de Max Weber)é mais apta para fazê-lo.E na esquerda estas abstrações ,estruturalismos,servem bem aos objetivos do resto do stalinismo que ainda tem uma importância desproporcional em nosso país,por causa da nossa pobreza política e científica.As abstrações escondem as pessoas,os politicos ,dos fatos sociais e históricos.
Aliás a sociologia venceu a batalha das idéias(em relação à filosofia e ao marxismo)porque admite a presença,nesta sua compreensão,das singularidades,das variações culturais e individuais(por isso eu limitei um pouco a influência de Weber,porque este autor busca uma isenção científica da sociologia,algo muito discutível).Pode-se também fazer esta ocultação,como com o uso da abstração,mas é impossível na escrutinação das tendências sociais não identificar o dedo humano político.
Muitos diriam que nas abstrações ,estado patrimonial,petróleo,classes sociais venezuelanas,tudo isto pode ser conectado e eu concordo em parte.Mas se observarmos, a distância ,neste último caso,do homem comum e político é muito maior.A escolha do método,inclusive,por certos analistas militantes(Vladimir Safatle)os desobriga das consequencias eventuais de seu engajamento politico.Nunca a sua condição profissional de critico será atingida por erros de teorização politica.O estado patrimonial,petróleo,estes movimentos abstratos, não tocam nas responsabilidades politicas.É o que eu digo em relação ao caráter diletante do marxismo e do “ Capital”:se a teoria não se confirma,perdeu-se tempo,para que serve?
O fato na Venezuela é que o governo Maduro colocou metade do país na fome e no desemprego,em nome de concepções de esquerda defendidas aqui em nosso país.Emir Sader chama a Venezuela de País-irmão,mas na hora do fracasso o reconhecimento do erro e da própria incompetência não se vê.
O avanço da direita no mundo é,como eu tenho dito,culpa da esquerda,que se mantém no passado,por interesse pessoal e das suas vanguardas,que exploram o povo tanto quanto a burguesia.

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