quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Sr. Presidente:o senhor não governa

Mais uma polêmica,mais xingamentos,mais fake news e o governo fica sem governar,como eu pedi e exigi.Eu sou frequentemente acusado de delirar na maionese,de acreditar piamente em teorias conspiratórias ,mas não dá para não acreditar que tudo isto não seja de caso pensado para o presidente encontrar um motivo para renunciar e colocar os militares ou para ele mesmo ,se sentindo acuado,justificar um regime autoritário,como Eduardo Bolsonaro insinuou diante desta “nova” crise do porteiro.
Numa entrevista a Leda Nagle Eduardo ameaçou implantar um AI-5 através de plebiscito se a esquerda radicalizar,culpando o pai de tudo.Mas a esquerda,embora muito ruim,não tem nada a ver com isto,nada.
O governo chegou ao seu limite de tentativas de desestabilização para justificar uma solução de força,que foi este o objetivo desde o inicio.Pela primeira vez ficaram claros estes propósitos e a situação politica conjuntural geral se complica muito,como no tempo da transição.
Com a ameaça de Eduardo Bolsonaro,provocando uma confrontação ,a questão de se se deve aceitá-la torna-se fulcral,porque se houver confrontação a este ato de ataque à democracia,pode justificar a sua destruição por parte deste governo,cercado de militares.
Como tenho dito não há unidade na base social e civil do governo,mas a indiferença eventual do povo pode permitir a estes militares usar a força,apenas com um problema:se a caserna estará disposta,como parece não estar,de se lançar numa aventura anti-comunista,quando os comunistas cabem numa kombi.
Muito embora do ponto de vista legal os militares que estão no governo já estejam reformados e os demais ocupem postos institucionais, fica a dúvida se o contato com os quartéis é contagioso.
De outro lado a posição do atual presidente da Câmara,Rodrigo Maia, que propôs punição a Eduardo,fica igualmente ambígua porque não se sabe se esta postulação é para parar a marcha da força ou fomentá-la em proveito próprio.
Mas a situação que causa mais expectativa é a da esquerda mesmo,e eu repito aquilo que tenho dito estes anos todos:não confrontar é a palavra de ordem.Saber se conduzir agora,no estrito caminho da democracia e suas instituições,é fundamental para que ela continue.
Pelo menos na linguagem isto parece ser um compromisso da esquerda,mas o seu exclusivismo,resto da concepção tradicional da luta de classes,identificado com um setor só do país,a generalidade dos “pobres”,não é uma boa via de relacionamento com a democracia,porque pode espicaçar setores de classe média e o Brasil ,já dividido,pode entrar numa rota de colisão.
Neste momento a presença dos militares e o seu discurso mudarão para oferecer ao povo brasileiro ou a estes setores supostamente ameaçados ,uma proteção.
Repito o que tenho dito:se a esquerda não defender o país como um todo e induzir a mais divisões, o risco desta situação aparentemente pifia se descontrolar é grande.
Vamos acompanhar o desenrolar dos acontecimentos,mas antes do final,uma observação eu quero fazer:no meu entendimento esta é a última tentativa deste governo vacuoso de se manter no poder.Se não der certo esta estratégia o Presidente dificilmente permanecerá e aí o problema serão os militares:será que eles herdarão este vazio do Presidente ou serão algo diferente?Ou 64 de novo?
Em todo caso continua não havendo governo.

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