sexta-feira, 16 de abril de 2021

A caixa preta do Judiciário XI

 

Vendo todas estas noticias sobre o judiciario brasileiro e toda a sua interferência sobre o processo politico brasileiro vejo que cada vez mais o Brasil se abisma no esgarçamento,na diluição da sua já fraquíssima sociedade civil.

Há muitos anos atrás eu comparei,sob pedradas(como sempre),o Brasil à Alemanha pré-nazista:um país se atomiza,se dilui,é cada um por si e Deus por todos e é “ reorganizado” por um regime de força,autoritário ou totalitário.

Contudo as diferenças entre a Alemanha e o Brasil são evidentes também :na Alemanha existe uma sociedade civil organizada,ainda que autoritária e permeada pelo estado(via prussiana).No Brasil ,embora seja autárquico,permeado pelo estado,o capitalismo não construiu(por isto mesmo) uma sociedade civil forte,que se sobreponha a ele e o fundamente(ao estado [bem entendido]).

Neste contexto,as massas alemãs são mais ideológicas,ainda que não signifique “ mais democráticas”,como ficou provado depois.No Brasil não existe nem cidadania e cidadania é um problema de condições materiais de existência e de consciência,de cultura.

Deixando de lado as visões do marxismo vulgar,pela obsessão em privilegiar a questão material,era mais que exigivel um processo de educação do povo para interagir com a cidadania e respeitá-la.O problema mais efetivo e menos fácil de superar na questão cultural da cidadania é a confiança no outro.

O esgarçamento de que falei acima nasce e se fundamenta na falta de confiança entre as pessoas e reproduz a situação indefinidamente.Se os direitos da cidadania não são respeitados e não revertem favoravelmente ao povo,este se vira para si mesmo e vira às costas ao elementos essenciais da cidadania,em primeiro lugar a lei,a norma e...ao outro.E pior:usa o outro hobbesianamente para prosperar.O Brasil é um experimento darwinista(contra Darwin)de competição extrema,que é a consequencia do reiterado esgarçamento.

Mas a luta para ,pelo menos,culturalmente,mudar a cabeça do brasileiro,para fazê-lo entender das vantagens de associação com a cidadania e com a norma,é possível e mais que exigivel.

Mas como com as instituições que nós temos?Com os exemplos que os poderes nos dão,avultando em importância o do STF?

Certo,muita gente vai dizer que em outros lugares é assim também .Como nos Estados Unidos,em que a suprema corte é muito partidarizada.Mas nestes países e nos EUA,o povo em si,mais diretamente,no cotidiano ,luta pelos seus direitos o tempo todo.

Em alguns países,como o estado de Israel,quando o parlamento toma uma decisão que contrairia maiorias ou setores da sociedade,todo mundo sai à rua para discutir.

Churchill dizia dos gregos que em cada três se acha um primeiro ministro ,um presidente e um chefe de oposição.Nos EUA quando um direito é esbulhado existe sempre um local próximo onde a sua demanda é pelo menos ouvida.Estas nações não são perfeitas,mas estão num patamar melhor do que o nosso,porque os seus fundamentos nacionais existem.

Como decorrência ,um povo disposto a discutir as questões reais na rua adquire mais confiança em si,na cidadania e no seu próximo,fortalecendo a sociedade civil,no plano cultural e material:o sucesso do outro é o de si mesmo.

No Brasil o insucesso é a base de minha catapultagem e isto precisava ser mudado,por motivos óbvios de formação do estado nacional.Como,com este monstro do STF?


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