Vendo as noticias sobre mais um crime “ sensacional” envolvendo um vereador e sua esposa paro para analisá-lo filosòficamente.Não vou citar os nomes das pessoas para não lhes dar um cartaz imerecido.A última vez que falei sobre criminosos aqui foi sobre a Richthofen e foi exatamente para ressaltar que a pessoa que está do lado errado,que comete uma violência tem mais exposição e atenção do que aquele que tem “ o mérito paciente”(Hamlet).
Desta vez quero tratar exatamente do crime ,no âmbito da natureza humana e da sociedade.
Estes crimes escandalosos ,que agridem as pessoas, não são mais do que parte da natureza humana e fazem parte de um diapasão,de um corte que percorre toda a sociedade,em maior ou menor grau.
Seguindo a sócio-psicologia, estas formas de violência se disseminam o tempo todo por este corte,tanto no plano físico,quanto no mental.
Crianças são mal tratadas pela humanidade há séculos e as formas de maus tratos sempre foram correntes.
Porque então só quando estes crimes comocionais aparecem as pessoas se importam?Fazem um escândalo igual?Porque não lutam e não fazem isto no cotidiano?
Porque no fundo no fundo a sociedade como um todo sabe que é grandemente responsável pelo que acontece nestes momentos dramáticos.
As formas ambiguas de repressão,aceitáveis como meios de organização social e educação dos filhos vão crescendo no tempo até espoucar nestes atos monstruosos,praticados por estes monstros.
É o caso de Dostoievski em “ Crime e Castigo”:o personagem principal,Raskolnikov “ raciocina” que se grandes heróis da História são idolatrados,mesmo tendo cometido crimes inenarráveis(e por isto mesmo)porque ele,injustiçado e faminto não poderia matar uma velha agiota ,detestada por todos,para obter dinheiro?Ninguém vai investigar o crime e ele,anônimo,seguiria.
Mas o remorso,como sabemos,da pessoa de bem(essencialmente de bem[lá no fundo]),mostra o sofrimento que é ficar isolado dos outros,numa condição “ especial” que o afasta da comunidade humana.
Os heróis da História são justificados e produzidos por uma sociedade que não vê o sofrimento do próximo,assim como estes monstros são produzidos por um indiferentismo do mesmo jaez.
Muita gente chamaria as minhas afirmações de moralismo pura e simples.Que o cidadão paga impostos e que a culpa disto tudo é dos politicos,que não investem em educação,etc,etc.
Mas eu não estou me referindo a isto,embora no plano da profilaxia seja isto mesmo.Eu estou dizendo que assim como Raskolnikov igualou o seu crime com os de Napoleão,nós não vemos,a sociedade não vê que há uma relação entre este crime aqui no Rio de Janeiro e os meios autoritários que se usa para a educação das crianças,quando elas recebem educação:quando não estão na rua passando fome e se prostituindo.
A mesma sociedade que se escandaliza é aquela que não fica em casa para evitar a contaminação do covid.
Com o tempo de vida que eu tenho aprendi que os escândalos diante de crimes são mais lenitivos de pessoas com problemas do que uma real compaixão pelo sofrimento e pela tragédia que se posta diante delas.
Muita gente que critica o holocausto,de forma barulhenta,age autoritariamente,no fundo não se preocupa senão consigo mesma.Lembrei-me,a primeira vez que fiz estas constatações,do inicio do Rei Lear de Shakespeare em que Cordelia é instada a falar de seu pai e não consegue,oprimida pela paixão,que a impedia de se exprimir em palavras.
Explicação demais,grito demais é ocultação,é falta de verdade e autenticidade.Se a sociedade colocar um espelho diante dela vai ver o qaunto ela é ilegitima,responsável e por isto não faz.Mas remédio efetivo é o amargo.
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