Pais e Filhos
Vamos deixar de hipocrisia:ao longo do tempo,ao longo da história,a relação entre pais e filhos foi deste jaez aí destes dois monstros na midia.Não digo que seja sempre,mas a repressão sobre aqueles que não pediram para nascer é constante e os filhos,em grande parte ,vêm ao mundo para servir a algum propósito dos pais.
Até mais ou menos o século XVIII,filho de peixe,peixinho é,sem escapatória.Os pais fazem os filhos.
Na sociedade industrial nascente,marcada pelo trabalho,pelo esforço,pela capacidade do indivíduo de mudar o mundo ,este esquema arcaico,de cima para baixo, vai sendo diluido:mas aos poucos e nem em todos os lugares da mesma forma.
Algumas sociedades,como a brasileira,seguindo este esquema arcaico,pensam que os filhos são apenas objetos nas mãos da autoridade paterna.Confirmadores e reprodutores desta autoridade.
No intercurso entre os pais e os filhos,pela concepção, apresentam-se desbaratados todos os fundamentos racionais(e emocionais) da procriação:que a criança não tem responsabilidade em seu nascimento;que a decisão essencial é dos pais e que o compromisso entre estes dois “ lados” não tem outra mediação senão esta ,da escolha primordial dos pais.
O compromisso de educação,a dependencia natural que a concepção causa,tudo isto está embutido na escolha e não há justificativa para se alegar que não se sabia destas consequências e saber das consequencias de suas escolhas e atos é a medida da maturidade,da adultez.
Os pais não devem se anular porque assim não transmitiriam algo (preferencialmente de bom)aos filhos,mas a dependência é uma consequencia óbvia da escolha.
Quando os pais não são naturais,exige-se mais compromisso ainda,pelo fato evidente de que a escolha é ainda mais racional(e emocional),pois não mediatizada pela concepção.
Não ocorrem estes valores em sociedades mediatizadas por modelos arcaicos de comportamento:quer dizer entre a escolha e o sexo,a concepção,modelos rigidos impõem critérios pré-dados,herdados,ao ato em si da reprodução.Nunca o caminho entre o amor e o nascimento dos filhos está desbastado,livre de pedras,espinhos , preconceitos,exigências e obrigações.
Estas trincheiras transformam a relação entre pais e filhos mais que tudo numa prisão,em que cada um funciona como vigia do outro no processo de adaptação exigida pela sociedade.
Mas neste caso,independentemente de qualquer repressão,modelo arcaico,imposição social,uma coisa,um ente ,está num estado puro,a lembrar o fundamento amoroso da procriação:a criança,a quem não é oponivel qualquer exigência pré-dada e mais importante do que o sentimento amoroso,o fundamento útimo desta escolha.
É como se quilos de mediações indevidas e ilegítimas tivessem caido sobre Henry.
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