sexta-feira, 20 de setembro de 2024

A decisão de Macron III

 

Aprofundando os dois artigos anteriores, faço-o porque vejo nestes acontecimentos na França, possibilidades novas de renascimento real do movimento social.

Depois de muito tempo, a esquerda volta a ser fiel da balança de um fato político importante e se habilita, de fato, a ser governo, como era o caso aqui. A explicação de por que não foi, eu já dei no artigo anterior.

Agora, prescrutar estas possibilidades é que cabe realizar.

Pois, há que se saber aproveitar este momento, tirar dele as lições segundo uma premissa de renascimento, ou seja, de voltar para o proscênio da política e da história, em meio a esta crise global, que caracterizo como de acefalia: ninguém se responsabiliza pelo planeta e não há propostas ou intenção de atacar os problemas.

Não sou saudosista e não vou cair nesta de sentir saudade do âmago da guerra-fria, mas naquele tempo, pelo menos, se discutia e alguém assumia a responsabilidade pelo que se passava diante dos olhos.

Como penso que ainda vivemos o rebotalho da guerra-fria, não serei nostálgico, mas houve mudança para pior depois da queda do socialismo e do muro.

A resignação é total e eu ponho este conceito à frente da falta de ideias porque  este vácuo é onde não há nenhum interesse em começar a se debruçar sobre os problemas e, a meu ver, isto ocorre em razão de se ater ainda aos modelos explicativos do passado.

As pessoas não entendem o que faço aqui nos meus blogs, no plano da política: estou há anos tentando convencer a todos de que a queda referida não foi falta de vontade ou esforço e sim em função de que a teoria não tinha base e precisa ser substituída por uma concepção nova.

E entendo que, como já disse, tal renitência, empedernimento é devido ao egocentrismo da esquerda, que não admite os erros e as derrotas.

Aliás, mais as derrotas do que os erros. Os erros são sempre relativizados e as derrotas não admitidas, a partir de uma premissa falsa de que ela tem a verdade científica definitiva e que, portanto, é só se atualizar, quando, na verdade, ela perdeu a batalha da História, da Política e da Teoria e necessita, como qualquer movimento, se renovar.


 

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