Eu
sou inteiramente infenso a qualquer forma de corrupção.Como todo mundo,desde há
10 mil anos,sou um ser errante e como tal cometi e cometo muitos erros,mas o
maior prejudicado destes erros fui sempre eu,não os outros.
Ouvi,de
meu pai stalinista,que a corrupção tinha a ver fundamentalmente com a burguesia
e o modo de produção capitalista,mas eu cansei de ver do “ nosso” lado também.
De
modo que me enganar hoje ,com promessas vãs e repetidas não é mais possível e
diante deste reconhecimento,isto é,do reconhecimento de que não há muita
diferença entre os “ revolucionários” e os “ reacionários”,naquilo que é
essencial,desconfio permanentemente destes heróis,que dizem uma coisa na sua
frente e pelas costas fazem outra.
Também
repudio estas ideias de que um incorruptível é alguém que não tem mulher ,que
não vive a vida,como o Imperador Augusto e Robespierre.
No
filme de Andrei Wajda sobre a Revolução Francesa é exposto um encontro que
nunca aconteceu entre ele e o corrupto Danton,no qual este ultimo o acusa de
ser um castradão,sem conhecimento da vida.
Como
se houvesse uma relação real entre corrupção,desvio e vida.Só o há se nós
aceitarmos o conceito de Nelson Rodrigues “ a vida como ela é”.
Só
que para o revolucionário,para aquele que tem compromisso com a mudança e a
emancipação da humanidade, a vida como ela é,é para ser mudada,transformada ,num
processo de luta constante.
Não
existe este critério de aceitar as coisas como são.Isto é uma reinterpretação de
novo de Nelson,quando ele fala sobre o “idiota da objetividade”(Nelson era
kantiano e não sabia):o revolucionário é movido mais e mais pelo realismo da
vontade.Ainda que as chances de mudança não estejam dadas ele deve expressar o
seu pensamento.
Tal
postura perpetua o conceito final da vida de Darcy Ribeiro: “defendi os índios e
perdi;defendi as mulheres e perdi;defendi os pobres e perdi,mas eu não queria
estar no lugar de quem me venceu não”.
Esquerda
é incorruptível.
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