Desde o
início do seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vem demonstrando um estilo de governança que pode ser
caracterizado por três eixos principais: um governo meramente
responsivo aos problemas imediatos, fiscalmente gastador e com forte
apelo a uma narrativa exclusivista em favor da classe operária, em
detrimento da classe média.
Eu sempre
ressaltei que Lula é pragmático,sem ter referências que permitam a
ele subordinar as suas politicas a uma estratégia,a uma politica de
estado,social e nacional prévia.
Ao invés
de planejar reformas estruturais de longo prazo, o governo Lula tem
se limitado a responder aos problemas que surgem com soluções
pontuais, frequentemente improvisadas. A condução da política
econômica, por exemplo, parece reativa às pressões sociais e
políticas imediatas, negligenciando metas de crescimento
sustentável, modernização do Estado ou reformas tributárias mais
amplas.
Em vista
da sua queda de popularidade,esta tendência incial se tornou mais
forte e mais dramática e,porque não dizer,teratológica.Os gastos
tem se tornado cada vez maiores,sem uma previsibilidade de
substituição destas perdas,o que favorece à direita.
A direita
vaticina a explosão destes gastos no ano que vem e o próprio
governo reconhece as suas razões.Joga sobre Haddad a tarefa de
solucionar isto,contra um congresso hesitante e que sabe que é muito
dificil sair por aí criando tributos “ salvadores”.
Por outro
lado a baixa popularidade constante pode se dever ao que eu tenho me
referido sobejamente nos meus artigos:um segundo e um terceiro
mandatos perdem o elan,a eficiência,por causa da necessidade de
atender a interesses cada vez mais incruados no poder.O presidente
caa por ficar refém.
Exceto por
uma minucia ,nós podemos discutir estes conceitos
acima:aparentemente a população se cansou desta polarização
,dizendo que tanto Lula como Bolsonnaro não devem se candidatar
mais.
Programas
como o novo PAC e o aumento do salário mínimo são importantes, mas
surgem mais como respostas a pressões sindicais e eleitorais do que
como parte de um projeto estratégico coerente. Falta uma visão de
país para além da administração das crises.
A
característica gastadora do atual governo é visível na expansão
de benefícios sociais, e em discursos que tratam o controle fiscal
como um entrave à justiça social.
A retórica
econômica do presidente muitas vezes contrapõe o “mercado” à
“vida do povo”, como se fossem universos necessriamente
excludentes. É a visão velha da velha esquerda
É o viés
discursivo que remonta à retórica sindicalista dos anos 1980,que
por sua vez reflete esta velha esquerda. Lula continua a se
apresentar como o representante da classe operária, e embora isso
seja coerente com sua trajetória, acaba excluindo outras parcelas
relevantes da população — especialmente a classe média — de
suas políticas públicas e da sua narrativa política.
A classe
média, já sobrecarregada por impostos, enfrenta uma crescente
sensação de abandono. As políticas claras de incentivo ao
empreendedorismo pararam na sua pura implementação:não houve apoio
permanente aos pequenos emreendedores, para ajudá-los a inovar,a
produzir ou a se educar.Foram jogados no mercado e só.
Isto tudo
sem falar na continuidade do discurso anatematizador da classe média
,tida como monolitica e não só desinteressada do povo,como
preconceituosa em relação a ele,o que não é verdade in totum .