sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

A crise na Venezuela

A situação estrambótica atual que opõe a Venezuela ao Brasil é mais um capitulo da necrose da guerra-fria ,que insiste em atingir países que nada tiveram ou têm com ela.Representa também e como corolário desta afirmação mais um momento desta contraposição falsa e ultrapassada entre uma esquerda e direita podres(porque ainda presas a este passado).
Um ingrediente em toda esta porcaria precisa ser destacado:o Brasil se tornou um peão no jogo de xadrez das grandes potências.A Rússia e a China longinquas passam a ter um papel geopolitico aqui,na sua luta hegemônica,financeira e politica.Este fato não se pode negar que é uma vitória de Maduro.
A esquerda radical sonha até hoje com o retorno da Revolução mundial,vendendo o delirio da Ursal,só porque dois ou três populistas como Maduro se dizem comunistas,mas os seus erros propiciaram(para além da eleição de Bolsonaro)este conflito monstruoso.
Maduro é um pálido mas perigoso reflexo último da guerra-fria ,assim como Bolsonaro.E o fato de serem fracos aumenta a necessidade de um discurso tonitruante e ,mais grave,de ações compulsivas.O leão velho tenta rugir mais alto.
O que me impressiona é que mesmo um sujeito sensato como Pepe Mujica apresenta este governo de Maduro como esquerda séria e a se valorizar,quando já era hora de a esquerda sensata(se há uma)preconizar uma transição.É o “ pragmatismo” da Revolução Mundial que o faz pensar assim?
O diagnóstico feito por mim da natureza do regime chavista é confirmado em seus(espero)estertores:um governo estatocrático baseado numa classe em detrimento de outras;uma visao internacionalista que vira as costas à mediação essencial da nação.Nenhuma palavra sobre distribuição de renda,de distribuição das benesses obtidas com o petróleo,só gritaria pseudo-socialista e ,pasmem! nacionalista!
Mas é a reedição de um populismo já desgastado na américa latina.Um populismo que se associa a um comunismo moribundo,que só contribui com a retórica,porque a realidade é marcada pela fome.
Será o cúmulo se houver uma guerra,depois de quase um século e meio da última (do Paraguay).Mesmo no regime militar e na segunda guerra o Brasil foi sempre um coadjuvante humanitário.Desta vez,se desgraçadamente houver um conflito,o Brasil pensará ser um protagonista mas não será mais do que o que eu disse acima:um país manipulado.Isso com milhões no desemprego.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A bolsa de colostomia

A questão mais importante da atuação do Presidente e de seus assessores(bem como da família)é perceber o óbvio:uma coisa é a pessoa física,outra a condição institucional do Presidente da República.Nós podíamos usar Heidegger:a essência de um Presidente é diferente do da pessoa fisica,muito embora sem esta não haja a outra,num termo de ligação concreto.
Eu citei no artigo anterior a relação tumultuada entre Douglas Mac Arthur e o presidente Truman e a História tem outros muitos exemplos deste tipo de choque entre personalidades.
De modo geral esta postura confusa de não reconhecimento do caráter institucional da figura politica publica se presta a um só objetivo:o seu enfraquecimento para justificação de um eventual autoritarismo.
Todos se lembram do que aconteceu com Sarney,na época da mudança do tempo do seu mandato,uma pressão vinda da esquerda.Quando pareceu inevitável que ele iria ter só quatro anos de governo,Sarney pensou em renunciar,alegando que o Presidente da República não podia ser fraco.
Estas considerações e especialmente esta última nos põem alguns problemas:se o congresso decide mudar o tempo de mandato porque o Presidente sairia enfraquecido?Porque considerar a fraqueza do presidente Bolsonnaro diante do fato de que ele mentiu,perdendo,pois,toda a credibilidade e confiança do povo(uma vez que pode mentir outras vezes)?
A fonte do poder é multifacetada:é simultaneamente decisões tomadas no tempo,combinadas com o estado de direito,um princípio essencialmente conservador,durável.
Ao eleger um presidente(bem como qualquer politico)se faz uma escolha levando em conta estes dois elementos a se equilibrar.Hoje existe um movimento para evitar a volatilidade da ação dos politicos.Se se é eleito para o senado,cumpre o mandato.Se se elege para Presidente o mesmo.
Mudar as regras do jogo no seu desenrolar;não respeitar os fundamentos do poder,são causas de diluição do poder.
O presidente Bolsonaro tornou-se com este episódio malfadado,menos que capitão:voltou à condição de pessoa física,de alguém que não entendeu(ou não o quer)a passagem entre uma essência e outra no plano da vida em geral.Diluiu a formalidade necessária do cargo,base decisiva de sua credibilidade e agora se estes fatos continuarem a diluição da cadeira presidencial vai ser total.
Num artigo escrito logo depois da eleição de Bolsonnaro disse que paradoxalmente era ele o fiel da balança no que tange à manutenção do regime democrático,pois ele foi eleito para tal,mas agindo assim,ele e a democracia correm risco.O paradoxo vai se transformar em vazio (de poder).
Aquilo,no entanto,que está ruim,pode piorar:como cidadão entendo que não só o que se faz ou o que se diz tem um papel nestas diluição e perda de credibilidade.Como pessoa física a proteção da intimidade e do pudor é um direito do Presidente da República,mas na situação de figura formal e pública,algumas exceções são admissíveis.
Ainda que expor a bolsa de colostomia possa significar para Bolsonnaro uma devassa na vida pessoal,é fundamental que se faça.Isto acabaria com os rumores,daria credilibidade ao Presidente,na medida em que ele fosse capaz de tal “ sacrificio” em nome do Brasil.
Lembro-me do caso de Miterrand,que escondeu um câncer,que se tivesse sido revelado o teria afastado do segundo mandato.E mais :o caso de Costa e Silva,cuja doença já estava nele desde o inicio.Quem sabe se a revelação não teria antecipado o processo de redemocratização em muitas décadas?Quem sabe Bolsonaro não defenda a democracia na prática,ainda que sendo admirador do regime militar?

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

A previdência

O projeto de previdência,que está tramitando no congresso,expressa as concepções de direita próprias do setor politico brasileiro que está no poder:economia de mercado acima de tudo;enfoque principal no enxugamento das despesas.Não há como negar que ele é o mais radical dos últimos anos,mas não é uma reforma no sentido exato do termo.
Reforma é quando os fundamentos de qualquer coisa são alterados.Na politica a oposição entre reforma e revolução tem,no entanto,um termo de ligação,neste conceito,de mudança.O que é mudança?
Em sociedade e em politica mudança é alterar as bases de alguma coisa,de algum pensamento,de algum valor,de algum instituto.
A partir de 1929 se constituiu na maior parte dos países aquilo que se denominou o “ Welfare State”,cujo ponto nodal é a previdencia(Welfare State quer dizer estado previdenciário).A previdencia ,como o nome diz,procura antecipar os problemas da sociedade e prever medidas capazes de evitar catástrofes como aquela da quinta-feira negra.
Uns mais,outros menos,mas na média,todos buscam uma intervenção estatal apta a evitar cataclismos sociais.Fora alguns países ,no entanto,o estado previdenciário sempre foi uma mediação política,ao sabor dos interesses.
A previdência é como uma poupança prévia estabelecida,mas na hora em que o estado precisa,cometendo erros,é nela que busca condições de fechar os rombos de seus desatinos.Uns mais,outros menos,com a exceção de alguns países,repito,o retrato da sociedade moderna é este.
O Brasil não é diferente.O que eu pergunto,há muito anos,é quando vamos parar de discutir a previdência de dez em dez anos e realizar o nosso welfare state.
Esta proposta atual não garante necessariamente a solução definitiva do problema.Ela é eminentemente técnica,um pouco mais radical,mas não altera fundamentalmente o quadro histórico da previdência no Brasil,que está sempre mudando.Mudando não no sentido fundamental,mas de adaptação aos achaques do estado.É só medida cosmética,não reforma.
Visa a dar uma resposta imediata à situação calamitosa do Brasil.Não tem,pois,a visão de estado que obriga a olhar o futuro.
Além do mais ,como eu já disse,a solução do problema mais grave do Brasil,o desemprego ,e na sua esteira,os outros,segurança ,educação e saúde,depende de um pacto nacional,entre os setores de classe brasileiras.Não são só comunistas(modernos[se os há]) que dizem isto,são as agências econômicas e de análise social.
Desde 1929 não existe mais a “ economia de mercado”.Fico admirado que jornalistas conhecidos,obrigados profissionalmente a informar bem,digam que a economia de mercado,por si mesma,vai realizar este propósito social saneador.Isto depois de uma crise como a de 2008.
O investimento na proteção pura e simples do trabalhador é tão nociva quanto a economia de recursos,pretendida nesta proposta (1 trilhão),porque falta uma visão de longo prazo e esta começa e termina com a solução definitiva do problema da previdência,o qual,por sua vez,depende de ela não ficar ao talante da politica imediatista e conchaveira que se faz no Brasil.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Crise fabricada?

Algumas pessoas que lêem os meus artigos acham que eu uso demais a intuição,no lugar da ciência,das regras metódicas do conhecimento,mas a intuição sempre fez parte do método,pois não existe racionalidade absoluta.
Mas a crítica é válida no sentido de que evidentemente a intuição não é prova cabal de nada.Muitas vezes o desenho de determinados acontecimentos politicos se me apresenta muito claramente,mas para os outros não passa de especulação.A especulação é girar em torno da hipótese,que na ciência natural e social tem o seu lugar.
O que,no meu entender,cristaliza uma atitude pessoal de certeza com relação a certos fatos politicos é o fundamento moral das coisas.
Esta crise toda de Bolsonaro,Bebianno,família Bolsonnaro é tão absurda que só a minha intuição para lhe dar sentido.Como é possível colocar no governo pessoas assim tão desarticuladas,para não dizer despreparadas para governar,incapazes de entender a responsabilidade de seus cargos?
Não é possível que depois de Janio ,Delfim Moreira,Dilma,Collor, não tenhamos aprendido nada.Só a intuição para construir uma lógica neste imbroglio todo,mas eu me recuso a acreditar no caráter aleatório de toda esta situação que põe em xeque a condição de governabilidade do Presidente ,o qual se mostrou mentiroso e desastrado nos últimos dias.
Como um Presidente mente assim?Como usa um whatsapp sem nenhum cuidado?E bate boca com um subordinado que o diminui,chamando-o de Capitão,sem respeito nenhum à condição institucional da presidência?
Na época do confronto Truman/Mac Arthur o que mais a imprensa estadunidense especulava é que havia um desiderato de golpe por parte do militar.
Porque eu não posso especular e usar a intuição para dizer que isto tudo é de caso pensado para colocar os militares no poder?
O que define toda esta entourage que entrou aí é que cada um é laranja de alguém e não há como não dizer que o Presidente é o maior dos laranjas porque ele parece ter sido colocado na cadeira presidencial para viabilizar a relação desgastada militares/poder.
E esta situação atual surrealista parece ser uma queimação metódica e cuidadosa para encaminhar o vice.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Alexandre Khalil,o soba.

Retorno aqui às discussões sobre o futebol brasileiro,que para mim não é só uma questão esportiva,mas de nacionalidade.O futebol é parte da cultura nacional e pertenece ao Brasil.É um produto da adesão do povo brasileiro e tudo o que ele produz é dele.
Soba é aquela figura sociológica de representante na antiga África ,dos colonizadores ,que centralizava toda a atividade exploradora colonialista,principalmente o tráfico de escravos.
Ao ler a entrevista do atual prefeito de Belo Horizonte Alexandre Khalil,várias vezes Presidente do Atlético MG,no uol,esta figura antropológica me veio à mente,corroborando com aquilo que eu venho falando sobre o futebol brasileiro,no meu blog.Deixei de lado este tema mas sem esquecê-lo.Diante dos fatos,diante desta entrevista retorno ao problema.
O que está ocorrendo com o futebol brasileiro,repito manifestação cultural e produtiva do Brasil,é um processo de desnacionalização.As noticias mais recentes dão conta de que os dirigentes de outros países ,cada vez mais,se aproveitam do futebol brasileiro para acumular capital em favor fundamentalmente dos seus povos.
O fim próximo do petróleo incita os sheiks árabes a se preparar para o futuro.A China ,que visa o crescimento do seu PIB,usa o futebol,inclusive o nosso,no mesmo escopo. Sem falar na saída dos jogadores,que é o meio de reprodução desta predação.
Continuando com a minha análise e com as minhas propostas,tiradas muitas vezes das reflexões de João Saldanha,quero contar uma historinha:ano passado ,quando o Flamengo jogou a final do sul-americano contra o São Lorenzo(ou será que foi no ano retrasado?),saí aqui na Freguesia onde moro para assistir ao jogo,com ânimo,sempre,de pesquisador.E notei que o bairro estava todo qualhado de flamenguistas,os quais não tinham acesso à televisão ,não tinham pay-per-view e precisavam assistir na rua na televisão dos bares e restaurantes,que se aproveitavam vendendo bebidas e outras coisas.
Ora, a conclusão ,quanto ao tema,é de que existe uma extensa população interessada em futebol(e no esporte),que não contribui e não é benficiada financeiramente por ele.
Em que medida não é justo criar condições para que estas pessoas participem?Porque princípio se pode fundamentar uma exclusão do povo dos estádios,como faz o senhor Alexandre Khalil?Porque o povo não pode pagar a sua exclusão cultural dos estádios stá justtificada?A mediação pura e simples do capital tem esta legitimidade?Lógico que não, senhor Khalil.
Todo o princípio do estado moderno é que o que se produz num país retorna para ele na forma de tributo.Com variações este é o princípio geral.
Nós vemos que os clubes vivem sem dinheiro,de pires na mão(diferentemente das federações)mesmo com o volume de capital que o esporte movimenta.Para onde vai isto?As péssimas administrações dos clubes?Fraude?Estas perguntas precisamos ter respondidas o mais rápido possível,antes que o futebol acabe.E não se há de especular sobre processos perversos de administração.Nós temos que ter verdades sobre o que ocorre.Não há como fazer acusações sem prova.
O problema não é o estado subsidiar o futebol,ajudá-lo,como fazia a caixa econômica.Não é como o Presidnete fez,tirar a ajuda dos clubes,mas cobrar estas verdades,porque os recursos existem.
O brasileiro vive uma situação de deemprego,então não vai ao estádio.O certo é criar condições para que ele vá,não dizer cinicamente que o estádio é lugar de rico.Quem fez o Flamengo e a sua mística?Foi o brasileiro pobre.
A única forma de incluir estas imensas massas no processo cultural e financeiro do futebol é dar-lhes emprego,emancipá-las.O futebol não tem como fazer isto.
Mas há equivalentes e recursos para encaminhar a solução.
Não tem sentido as instâncias formadoras do futebol brasileiro formarem péssimos jogadores,que valem rios de dinheiro no mercado especulativo internacional do futebol,totalmente dominado pelo estrangeiro.Cabe até intervenção do governo nesta questão cultural brasileira.Ou modificação da lei Pelé que permitiu tudo isto.Algo parecido com a lei de remessas de lucros assinada pelo Presidente Vargas.
O outro lado da questão é a já refrida tributação e nacionalização dos tributos.Eu vou voltar a este tema porque precisa ser aprofundado.Eu queria deixar aqui a minha discordância com Alexandre Khalil.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O mediato e o imediato na Tragédia de Brumadinho

O que impressiona em toda esta tragédia,além dos abutres que se aproveitam daquilo que podia ter sido evitado(Rede Globo deve ganhar um prêmio aí pela cobertura),é que as análises do problema se limitam ao imediato.Explico:só questões administrativas e jurídicas são chamadas à baila.
A reiteração do problema não forma um padrão de compreensão na mente do brasileiro e principalmente das autoridades.Tudo é visto como um erro humano evitável por providências imediatas não tomadas.
Mas não é isso não.A sociologia vai além desta visão abstrata(vazia)do problema:o processo de compreensão descritiva do problema descarta este “ homem” que erra, trazendo uma certeza mais próxima do fato,unindo o imediato com o mediato ,ou seja, a sociedade brasileira com o fenômeno.
A razão que causa as tragédias é a mediação do interesse político sobre a profissionalidade.Os engenheiros,os técnicos ,os responsáveis pela administração de qualquer bem público ou privado sabem que têm que atender a diversos interesses aos quais se submetem.
Não posso me referir diretamente aos laudos dos engenheiros presos,mas eles só o foram por causa de dúvidas quanto à sua veracidade
Qualquer estudante de segundo grau de administração sabe que o seu princípio é fazer uma obra e depois mantê-la permanentemente.É só ter uma equipe,um profissional capaz de identificar ,na voragem do tempo ,os naturais desgastes e corrigi-los.Mas se isto for feito como vão ficar os interesses de super e sub-faturameto ?É a tal obsolescência programada.
Mas a compreensão sociológica é mais ampla:ela une as questões técnicas com o caldo de cultura que justifica o seu descaso.Para sobreviver,muitos brasileiros aceitam estas imposições políticas,que,ademais,garantem ganhos econômicos e financeiros maiores.E a prova desta hipótese científica e que em outros setores tal intercurso perverso é comum:qual professor de universidade particular não teve(como eu)que aprovar um aluno incapaz porque ele pagava?quantas vezes atores sem formação passam na frente de outros mais qualificados e com estudo?quantos escritores demagógicos são mais bem sucedidos do que os que têm um conteúdo menos escandaloso?quantas vezes o sistema de saúde dá mostras de descaso porque tratar a população não reproduz capital?
O problema da Vale é só a ponta do iceberg sociológico nacional brasileiro,permeado de mais e mais exemplos de genuflexão da profissão aos interesses do capital,do ganho imediato.
Historicamente isto apenas confirma o que explicou Caio Prado Júnior em seu “ História Econômica do Brasil”:o país é o dos ciclos,em que um ciclo é substituído por outro depois que o anterior dilapidou todas as riquezas nacionais.
Economicamente o Brasil é um país sem visão de longo prazo e sem noção de responsabilidade coletiva,onde o inimigo é o próximo.É um experimento social darwinista “bem sucedido”.
O brasileiro médio só tem consciência desta competição e legitima os seus frutos imediatos,mas não vê que no plano geral é ela que mantém a miserabilidade,o estado precário dos serviços e realizações nacionais.
Quem vai ajudar na indução de uma auto-consciência nacional quanto a estes problemas recorrentes?.Assunto para outro artigo.

A podridão da democracia.O caso Jean Wyllis

A democracia brasileira está numa encruzilhada.Já repeti isto muitas vezes.Ela apodrece e uma medida desta necrose é acusar Jean Wyllis de ser o responsável pelo atentado ao atual presidente da república.
Se isto se confirmar vai ser um dos momentos mais vergonhosos da história da república,porque consagraria a versão política sobre a verdade dos fatos,esta última uma condição essencial para qualquer país se modificar e atingir os seus objetivos civilizacionais.
A junção mentirosa entre homoafetividade e crime,dentro de um quadro oportunista,cristalizaria o delirio próprio da violência,cuja raiz está no nível do simbólico,sem o quê a destruição não existe.
O Brasil é o país não do jeitinho ,mas dos discursos falseadores que servem a interesses hegemônicos autoritários de diversas camadas nacionais.O que configura a constatação de que o Brasil é só um nome,não uma nação consituída.Ninguém aborda o Brasil senão por determinados discursos “ úteis”,por mais bizarros que sejam.Ninguém considera as suas necessidades reais.
Tudo vale para se conseguir o que se quer e neste sentido o problema do exilio de Jean Wyllis se articula com esta “nova” tragédia de Brumadinho:a política,no pior sentido desta expressão(que usamos acima),se sobrepõe aos direitos e deveres,aos limites da norma,do estado de direito e no final das contas as consequencias desta perda de limites é a morte e a ditadura.
Mas não há tomada nenhuma de consciência ou esforço real de superaçao desta situação dramática,assunto de que tratarei no próximo texto.
Num aspecto,porém,é preciso ressaltar: a inovação politica estratégica da decisão de jean Wyllis que é o de mostrar que existem outras pessoas dispostas a enfrentar as ameaças.Com a assunção do suplente fica provada a verdade de que é fácil reprimir uma pessoa mas cada vez mais dificil muitas que lutam.Esta estratégia teria salvo a juiza aciolly e tantos outros.