Ainda tratando
do problema Charlie
Hebdo e o atentado , eu
quero dizer que
criticar a crença é
permitido tanto quanto
o seu uso
politico.Isto é,em qualquer
circunstância é um
direito criticar ,mas é
exatamente porque desde
10.000 anos atrás
até aos dias
de hoje a reigilião tem
um uso político,que
é necessário criticá-la.
Falemos francamente:
só existiu ,na
história, uma organização de massa:a
religião.O professor Leonardo
Boff me explicou
uma vez que
isto acontece porque a
religião não coloca
condições para aqueles que
nela querem entrar,somente a concordância
com os seus
critérios e valores.
Os comunistas
italianos que se
orgulhavam de ter uma
organização de massa
como nunca tinha
sido vista,demonstrada no
famoso enterro de Enrico
Berlinguer,só o conseguiram porque ,desde
Togliatti ,fizeram uma aliança
com o cristianismo
laico da Itália...
As religiões
têm o direito
de existir como entidades
privadas,não sistemas de poder,mas
nunca foi assim,porque
como organizações de
massa, elas interessam
aos políticos demagógicos
de todas as épocas.O
simples entendimento,sem programa,com elas,garante a
eleição deste oportunistas,como Constantino,ao qual eu
me referi em artigo
,semanas atrás e volto
a me referir a
ele para explicitar a
minha posição diante dos
atentados.
E também
eu só usei o
exemplo de Constantino porque
ele é mais
afeito ao Ocidente
,que enfrenta esta onda
terrorista.
Dúvida sobre
Constantino
Eu deixei uma
dúvida no ar,porque
eu afirmei que
Constantino aceitou ,contra
o bispo Ário,a
natureza divina de
Cristo,analisando que não
era possível que
o fundamento de
um Império e de
um Imperador fosse um homem comum.Deixei
esta pergunta para
quem quisesse me
corrigir,mas como não houve
interação,eu mesmo,que sou um
pesquisador,resolvi corrigir
o meu erro.
Todos os Reis desde
antes do fim do Império
Romano do Ocidente,eram cristãos
e defendiam a
tese do Bispo
Ário.Por esta visão
Cristo era filho
de Deus,mas não era
divino,não tinha uma essência
divina.Isto,no entanto,não diminuía as
razões pelas quais o fundamento
do poder dos Reis era
Cristo,porque o raciocínio
era de que os
Reis eram iguais
a ele e
portanto filhos de Deus
também,indicados para governar e
por isto mesmo.
Parece
que Constantino,embora tenha
aceitado as teses do
Concilio de Nicéia,no final
da vida voltou a
defender o arianismo,mas tal
afirmação é controversa,como tudo
que foi feito
nesta época.O que é
fato é que
tudo muda na
medida dos interesses
políticos,inclusive a
posição dos teólogos e dos cronistas
da época,como Eusébio de
Cesaréia.
Muita gente
pensa que o Édito de Milão permitiu a liberdade de guardar o
domingo ,como dia
de descanso,para os
cristãos,mas na verdade
era para os
adoradores do Sol Invictus,que o comemoravam no dia
do solstício de inverno(25 de
dezembro).Esta crença,como muitas
outras, se uniu,
num sincretismo,ao
cristianismo,para dar no que
é hoje
este catolicismo no
nosso cotidiano.
Diante disto existem
interpretações ,que vão de encontro
ao que eu
disse naquele artigo,segundo as quais
o arianismo foi superado
por razões de hierarquia
no mundo ocidental
católico.Se no inicio a essência
humana de Cristo era conveniente,depois a
sua essência divina
se mostrou melhor
na construção da hierarquia
feudal,pelos motivos que
eu ofereci.A submissão
do servo se escudava na
decisão de um ser superior
que determinava que isto
era natural e conforme à
sua vontade.
Mas o que
nos interessa é
a questão do
uso político da religião.Como
disse no inicio,é
absolutamente necessário,numa época
em que a religião ainda
não se separou de fato do
público,que ela seja criticada
,mesmo em suas
crenças,porque se assim não
se proceder a
crença servirá para tornar,indiretamente , intocável,a política,que
era o que queriam os
que vieram antes e depois de Constantino e os do tempo
dele.
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