segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Constantino e o papel das religiões



Ainda  tratando  do  problema  Charlie  Hebdo e  o  atentado , eu  quero  dizer  que  criticar a  crença  é  permitido  tanto  quanto  o  seu  uso  politico.Isto  é,em  qualquer  circunstância  é  um  direito  criticar ,mas é exatamente  porque  desde  10.000  anos  atrás  até  aos  dias  de hoje a  reigilião  tem  um  uso  político,que  é  necessário  criticá-la.
Falemos  francamente:    existiu  ,na  história,  uma  organização de  massa:a  religião.O  professor  Leonardo  Boff  me  explicou  uma  vez  que  isto  acontece  porque a  religião  não  coloca  condições  para  aqueles que  nela  querem   entrar,somente a  concordância  com  os  seus  critérios  e  valores.
Os  comunistas  italianos  que  se  orgulhavam  de ter  uma  organização  de  massa  como  nunca  tinha  sido  vista,demonstrada  no  famoso  enterro de  Enrico  Berlinguer,só  o  conseguiram porque  ,desde  Togliatti  ,fizeram  uma  aliança  com  o  cristianismo  laico  da  Itália...
As  religiões  têm  o  direito  de existir  como  entidades  privadas,não  sistemas  de poder,mas  nunca  foi  assim,porque  como  organizações  de  massa,  elas  interessam  aos  políticos  demagógicos  de todas  as  épocas.O  simples  entendimento,sem  programa,com elas,garante  a  eleição  deste  oportunistas,como Constantino,ao  qual eu  me referi  em  artigo  ,semanas  atrás  e volto  a  me  referir a  ele  para  explicitar a  minha  posição  diante dos  atentados.
E  também  eu    usei  o exemplo de  Constantino  porque  ele  é  mais  afeito  ao  Ocidente  ,que enfrenta  esta  onda  terrorista.
Dúvida  sobre  Constantino
Eu  deixei uma  dúvida  no  ar,porque  eu  afirmei  que  Constantino  aceitou  ,contra  o  bispo  Ário,a  natureza  divina  de  Cristo,analisando  que  não  era  possível  que  o  fundamento  de  um  Império  e  de um Imperador fosse um  homem  comum.Deixei  esta  pergunta  para  quem  quisesse  me  corrigir,mas  como  não houve  interação,eu  mesmo,que  sou um  pesquisador,resolvi corrigir  o  meu  erro.
Todos  os  Reis  desde  antes  do fim do  Império  Romano  do Ocidente,eram  cristãos  e  defendiam  a  tese  do  Bispo  Ário.Por  esta  visão  Cristo  era  filho  de Deus,mas  não  era  divino,não  tinha  uma essência  divina.Isto,no  entanto,não  diminuía  as  razões  pelas  quais  o  fundamento  do  poder  dos  Reis  era  Cristo,porque  o  raciocínio  era  de que  os  Reis  eram  iguais  a  ele  e  portanto  filhos de  Deus  também,indicados  para  governar e  por  isto  mesmo.
Parece que  Constantino,embora  tenha  aceitado  as  teses do  Concilio de  Nicéia,no  final  da  vida voltou  a  defender o  arianismo,mas  tal  afirmação  é  controversa,como  tudo  que  foi  feito  nesta  época.O  que é  fato  é  que  tudo  muda  na  medida  dos  interesses  políticos,inclusive  a posição  dos teólogos e  dos cronistas  da época,como Eusébio de  Cesaréia.
Muita  gente  pensa  que o  Édito de Milão  permitiu a liberdade de guardar  o  domingo  ,como  dia  de  descanso,para  os  cristãos,mas  na  verdade  era  para  os  adoradores do Sol  Invictus,que  o comemoravam no  dia  do  solstício de inverno(25  de  dezembro).Esta  crença,como  muitas  outras,  se  uniu,  num sincretismo,ao  cristianismo,para  dar  no  que é  hoje  este  catolicismo  no  nosso  cotidiano.
Diante  disto existem  interpretações ,que  vão de  encontro  ao  que  eu  disse  naquele  artigo,segundo as  quais  o  arianismo foi  superado  por  razões de  hierarquia  no  mundo  ocidental  católico.Se  no inicio  a  essência humana de  Cristo era  conveniente,depois  a  sua  essência  divina  se  mostrou  melhor  na  construção  da hierarquia  feudal,pelos  motivos  que  eu  ofereci.A  submissão  do servo  se escudava  na  decisão de  um ser  superior  que determinava  que  isto  era  natural  e  conforme  à  sua  vontade.
Mas o  que  nos  interessa  é  a  questão  do  uso  político da  religião.Como  disse  no  inicio,é  absolutamente  necessário,numa  época  em  que  a  religião  ainda  não se  separou de fato  do  público,que  ela seja  criticada  ,mesmo  em  suas  crenças,porque  se assim não se  proceder  a  crença  servirá para  tornar,indiretamente , intocável,a  política,que  era o  que  queriam os  que  vieram antes e  depois de Constantino e os  do tempo  dele.

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