Os últimos acontecimentos no Brasil,pelo menos como nos são
transmitidos pela mídia ,dão
conta de que há uma reforma politica,mas
não há nada.O que há
é uma tentativa,outra vez na
história, de compor
a classe politica
com os anseios populares.Dar os
anéis para preservar os dedos,como dizia aquele
personagem de Tomaso di Lampedusa ,em “ O leopardo”,o Conde de
Salina.
No passado,este
passado que ainda nos influencia,se realizou algo semelhante
mas real.Diante da inevitabilidade do
crescimento das massas com a
questão social,Getúlio
Vargas usou esta
máxima do Conde.Contudo ,dentro
da sua perspectiva de elite,entregou de
fato (alguns) anéis(pouca gente
se dá de que Washington Luís caiu
mais por não reconhecer a questão
social[que ele chamava de “
caso de polícia”]do que por qualquer outra coisa).
Uma das
coisas que se aprende ao estudar
ciência politica é que não existe
modelo pré-dado no movimento
da politica.Sempre algo
novo aparece nesta concreta verdade
que é este movimento.
Seguindo Aristóteles ,de quem
eu tenho falado muito aqui ,politica,concreticidade,é forma e
conteúdo.O movimento da
politica,como qualquer coisa social é
forma e conteúdo se relacionando.
Neste sentido
é obrigatória a
relação,a
dicotomia,governo/povo,elite/povo,estado/povo,porque a forma
destas relações o impõe .É necessário
manter a publicidade,os caminhos formais da
politica e do governo .
O governo,o estado,como forma,tomou
as suas iniciativas recentes em nome
do seu direito
formal,imbricado com os anseios
do povo,que ele representa,formalmente.
Mas tem sido
assim mesmo?A forma
está representando o
contéudo?O que se falou nas ruas
está se refletindo no Congresso?
Óbvio que não.As decisões tem se referenciado ao que a “
classe “ politica quer:manter-se no topo.Isto
não configura usurpação de fato?A divisão
entre classe média e trabalhadores
da indústria não tem correspondente na divisão entre governantes e governados?Lógico que
sim.Nós estamos diante de uma situação fetichista de jogar para o
futuro a responsabilidade destas
reformas,em termos,darem
resultado.Se não derem ,a
democracia vai se arrumar de novo,dentro destes mesmos paradigmas oportunistas.
E a crise vai
se aprofundando.Todos ,absolutamente todos,
estão envolvidos em
escândalos de corrupção.Há
bem pouco tempo,quando alguém
era denunciado saía.Aconteceu com Severino
Cavalcanti(com Sarney não).Agora
se todo mundo sair,quem fica?Não
vai ter ninguém sequer para apagar
a luz.E pior do que uma
acefalia é uma impressão de governo,uma falácia,que
não só desorienta mas
perverte as relações governo/povo.
A diferença
entre Lula e
Collor é que o primeiro
tem capacidade de negociação(entenda-se conchavo),não é isolado e
o segundo sempre o foi(como
Jânio).Lula é como Sarney,tem relações,por isso não cai.
Quando se tem
um governante isolado é mais
fácil tirá-lo fora do que o
Congresso inteiro.É como no
Futebol:uma derrota tira o
técnico,não o time inteiro(porque não dá[inventa-se a culpa do técnico]).
O que tem que
ocorrer no Brasil
não é uma mudança de idéias simplesmente.A continuidade da
democracia hoje não se sustenta
só no antagonismo necessário e na mudança de concepção,pura e
simplesmente,de como as coisas
devem ser.Não é fazer o voto distrital,criar uma arremedo de parlamentarismo,não é não.
É expressar de
fato a dicotomia forma/conteúdo,equilibrando
estes dois termos.E isto hoje significa
expressar o que
as novas gerações que foram
às ruas disseram:combate à
corrupção;democracia de
fato;a questão social não é
obra,mas educação ,saúde e segurança(não é teleférico na
favela,mas escola);é emprego e
salário,que são os fatores
reais que garantem e garantirão
a redistribuição de renda,que o Governo Dilma(Lula),deseja.
Lula e Dilma acham
que garantir crédito é
formar uma classe média,mas isto
só é possível quando ,pelo menos ,três gerações de uma família puderem se firmar,pelos
empregos,nesta classe. O rolezinho é
bom mas não
quer dizer nada dentro deste propósito.O
ensino básico continua ruim ,para a maioria
da população e o PT
não faz nada.
A solução,a
reforma, é mudar a estrutura e
mudar a estrutura hoje é deixar
as novas gerações entrarem e mostrando
grandeza,os que estão aí,há
muitas décadas,devem dar o exemplo e
sair,dentro do espirito
republicano de alternância e divisão do poder.
Eu acho que
poderia até oferecer uma
proposta aos partidos aqui:os
candidatos,os cargos só poderiam ser ocupados
uma vez,por vez,quero dizer, a pessoa se elege
,é nomeada,mas quando termina o prazo ela vai para outro cargo ou fica de quarentena,até poder voltar.Não se trata
só de não à reeleição,mas de não ao continuísmo na parte de baixo,ou no sistema politico como um todo.
Com a palavra os partidos.
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