sábado, 18 de julho de 2015

O isolamento da Grécia



Ainda  me lembro  dos  países  ocidentais criticando  o  comecom,mercado  comum  dos  antigos  países  socialistas:segundo  eles  a  URSS fingia  haver uma  igualdade  entre  os  países do  leste  europeu e  se beneficiava  de sua  hegemonia politica para obter  vantagens  econômicas.Era  verdade,mas esta crítica revela  como a URSS  e  o  campo  socialista estavam fadados a  morrer,pois  eles estavam repetindo  os  erros  e  desejos  hegemônicos  das nações  capitalistas modernas,desde  o século XVI,quando  surgiram,numa  flagrante  contradição  com o  discurso  libertário  socialista que  faziam,contradição  que  acabou por destruí-los(os  países  socialistas).
Isto  ocorre porque a  comunidade  européia,tão  propalada como  solução definitiva dos  conflitos  no  mundo,capaz  de por  fim  à  História ,já  nasceu dentro deste  contexto  cripto-proto-imperialista,a  popular hegemonia, e  por  isso  a  crise  grega  não  surpreende  a  quem  conhece a  História.
  um pesquisador    que  disse,no  contexto da  crise  grega,que a  comunidade  europeia  vai implodir  e  deu as  suas  razões.Eu  discordo  disto,não  vai  haver  falta de dinheiro   para resolver  o problema  e nenhuma nação  forte  da  Europa  continental,desde o inicio,já  disse,desconhecia  os  problemas de uma  comunidade  européia,igualitária,política e  economicamente.Quem ignorava  o  atraso  secular dos  países  mediterrânicos?Fizeram alguma coisa  para  mudar?Ninguém se  lembra  da  crise do Euro em  2008  que atingiu a  península  ibérica?O  empreguismo  português foi responsabilizado.O desemprego espanhol  também.A  culpa  era  dos dois(e  de  outros  países),quanto à  fraqueza  do  euro  frente  ao  dólar.Mas  algum  país,algum diplomata desconhecia  estes  fatos seculares?Fizeram  alguma coisa,repito?Reconheço,fizeram,mas  não  muito.
Agora,diante da  crise  grega,e  em  face  destas culpabilizações,que podiam ser evitadas,para  salvar  o  euro,tornando-o  forte,isola-se  a  Grécia,se  a culpabiliza,se  a usa  para ameaçar  os outros,dentro de uma  visão  hegemônica,que  parece  ser só  por  parte  da  Alemanha.
Quando a Alemanha se  unificou  em 1989,era  claro  o perigo dela se  tornar  nação  hegemônica nos  países do  leste  europeu,que  tinham se desligado da URSS(nas revoluções de veludo),um  sonho  acalentado desde   Bismarck  em  1871.Ao  cair  a  URSS isto se tornou uma  grande possilidade,que  agora,com este projeto  de  fachada  da comunidade  européia,se  torna mais  que  factível.
Mas  este  projeto  hegemônico não  é só  dela.O  que  faz a  esquerda,em  geral,diante deste  quadro?Nada.A  única  força  politica  que,dentro da Alemanha,denunciou  toda esta situação,foi  o PV alemão,que mostrou a  militarização  da Grécia(coisa  sobre  que tenho falado  aqui  continuamente).
Eu  não  posso  esperar solidariedade  da Rússia,porque tem um sujeito    no governo  que  faria  corar a  pior  direita...mas  e  a  França,que tem  um  governo de esquerda,que  se  elegeu  falando  em  renascimento  do  movimento  social  diante da crise?ESTÁ  DENTRO DESTE  PROJETO  HEGEMÔNICO  SIM!NÃO  VEM  QUE  NÃO TEM!
E  as esquerdas  ,os  partidos  de esquerda?Cadê?Os  movimentos  anti-capitalistas?Na  minha  opinião  até  mesmo países  do  terceiro mundo ,como o Brasil,devem  falar e ir contra este  projeto  hegemônico e o  Brasil  ocupa  um lugar  especial,porque  ele  tem as melhores  condições  de  viver uma  próxima  crise  ,semelhante  à  da Grécia,NÃO  DUVIDEM  DISSO!
Se  estes  blocos  regionais,como  o  mercosul  ,os  brics,tivessem  uma  postura  dos  não-alinhados,na  época  da guerra-fria, e  eu  acho  que  deveriam,seguiriam  o exemplo de  Tito,de  proncunciar-se  politicamente sobre  o  que  acontece  em outros  blocos,porque  o  que ocorre  num  pode  atingir  o outro e vivemos  num  período que prometeu  acabar  com a  hegemonia e  isto não é o  que  está  diante  de nosso olhos.
Respondendo àquele  pesquisador,que  vaticinou o fim da Comunidade Européia e  dizendo porquê,não  acho  que  ela    acabar,mas  vai se manter com  potências  tradicionais,por  trás,mexendo os pauzinhos,como queriam desde o início,usando  a  necessidade de fazer  frente  ao  dólar,para  legitimar  este poder.
Os  pequenos  países  da Europa se  recusaram  mentirosamente,de  inicio,a  ajudar a Grécia.Ora ,em todo  o  projeto de  bloco,a  idéia  de fazer  empréstimos  coletivos é  a melhor  e mais  necessária,porque  o  custo por  nação  diminui  e  as benesses  de uma solução  rápida em  determinado país com  problemas,se revertem  em  menos  tempo para  todos.
Mas  como  vimos,no noticiário,para ameaçar a Grécia,Bélgica,Holanda,se  recusaram a ajudar ,mas  foram  instados  a fazê-lo pelas  potências  mandantes,Alemanha e... França,quando  não  era  preciso  que fossem exigidas.
Neste  sentido ,temos  uma  oportunidade  de  ,ajudando  a Grécia,salvar  o projeto  original  igualitário  dos blocos.Se  deixarmos  o  projeto  hegemônico predominar vamos perder  muito tempo,de  novo, e continuar  numa conjuntura muito semelhante a  da  guerra-fria.
Embora  os gregos  tenham  feito,através  de seu  primeiro-ministro  ,uma  força  legítima,o  acordo  assinado  mantém  o propósito de austeridade   e  isto  foi  motivo de discussões  acerbas  no parlamento.Apesar  da  flagrante derrota,o ato de  sublevação do povo(e  do  governo),vai  permitir  que  a Grécia  continue lutando,pelo  menos politicamente,contra  estes  desmandos,podendo  obter  um  grande  perdão da  dívida(como a  Alemanha,que o obteve  depois  da segunda  guerra),sem humilhação e  com  condições  de exigir,enquanto paga a  dívida,o crescimento    do país,bem  como sua desmilitarização e  auto determinação,isto é,retomar o caminho ,nos seus  próprios  termos e não  das  potências hegemônicas.
O  que  este  projeto  hegemônico  quer  é o  que  vemos  abaixo:


 

Os  países mediterrânicos  com a  corda  no  pescoço,inclusive  a  Itália.O  bloco  França-Alemanha,sonho de  De  Gaulle e    divisão do Leste  entre  Alemanha e    Rússia.E a  Inglaterra com os  Estados  Unidos.A  História  continua.



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