A entrevista
de Padura dá
ensejo a mais alarido por
parte da esquerda brasileira,que o usa para
mostrar que o socialismo(que eu defendi
durante parte da minha vida)deu,de
fato,certo.
Vamos ver o
que ele disse:” Há
mais famintos em uma
quadra de São
Paulo do que em toda
Cuba”.
Vamos devagar.No século retrasado(séc. XIX)os escravocratas dos Estados
Unidos e do
Brasil gostavam de gozar
com os liberais ingleses ,que,com
a sua
liberdade,garantida aos trabalhadores
inclusive,gerava fomes intermináveis,dentro de cortiços sujos,em
volta de fábricas,que eram
verdadeiras prisões.
Os dogmas
são inarredáveis,a esquerda não
raciocina.É verdade que a disposição de ajudar dos
cubanos é uma conquista
da humanidade,mas isto
não é suficiente para
resolver o problema.A
questão social não é uma
questão de boa-vontade,para quem
se diz
militante de esquerda,com uma
teoria por trás.Questão de boa-vontade é um
conceito da religião,que trabalha com o princípio da fé.Para quem
é de esquerda a questão
social exige conhecimento
sociológico,histórico,estudos e
não discursaria emocional(embora a emoção tenha
o seu lugar).
Uma vez
o guru do Presidente
Clinton,Lester Turow,autor do livro
“ A sociedade da soma zero”,disse uma
coisa importantíssima para a esquerda
anacrônica:se nós analisarmos
as questões históricas
de forma rígida,como um conceito
objetivo somente,dir-se-á quantitativo,nós pensaremos
assim:se o feudalismo durou
1000 anos,é porque
ele é mais afeito à natureza humana do que
a democracia moderna que só tem
duzentos anos imperfeitos!”.
O raciocínio
de Padura e da esquerda é
mais ou menos do mesmo tipo:porque não há
famintos em Cuba pode haver prisões ,valendo a pena,para garantir
direitos sociais,massacrar direitos
formais.Dialeticamente,no entanto(esta
dialética que a esquerda
brasileira nunca estudou),estas coisas
não estão separadas.É o mesmo
raciocínio de Marieta Severo:” Se nós
incluímos podemos roubar”.Mais
importante do que
garantir a liberdade de expressão
do Charlie Hebdo,é
matar a fome
dois muçulmanos.Se estes comerem
vale a pena matar
jornalista.
Se em Cuba
não há fome,não tem
importância associar o socialismo com prisões.A história,como o movimento,não é pré-dada e ela
se faz fazendo,dentro de
critérios que são os mais
desejados pela comunidade universal,não modelos
feitos por teóricos ou aiotalás
ou coletividades
totalitárias,mas construídas por todos.
A esquerda,principalmente a brasileira,não estuda,não gosta de cultura,tendo
os mesmos objetivos do capitalismo
predatório,que é o de
reproduzir poder,em nome pessoal e
não coletivo,que só serve para
os outros.
Vendo que
os erros do socialismo colocaram os cubanos na
inevitabilidade de negociar com
os Estados Unidos( e tiveram sorte
porque tem um democrata lá na Casa Branca,imagine se tivesse
um republicano...),em vez de defenderem
uma transição que não prejudique os cubanos(sim porque a transição
vai vir de um jeito ou de outro),ficam defendendo
os seus erros pessoais sem observar que a
transição é inevitável e que se a esquerda não
ajudar aquele país,dentro do reconhecimento corajoso de que o
socialismo falhou,Cuba
ficará pior do que
no tempo de Fulgêncio Batista,ficará
como uma Bulgária ou
Rússia,dominado por
máfias,enquanto muito
esquerdista brasileiro toma
uísque...
A Suíça não tem
fome há quinhentos
anos.Não adianta vir com
esta história de que
os suíços se suicidam.Manda psicólogos para
aquele país para resolver
este problema.Esta história de
que a Suíça só é o que é porque
canalha põe o dinheiro
lá é baboseira de quem não lê.
Países nórdicos ,o Canadá , Austrália e outros
não têm fome há uns 150
anos e não têm
prisões.Vamos mudar o
paradigma ,vamos ler.Não
vamos mais pensar em nós
mesmos,esquerda.
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