quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A polêmica dos museus



Com a ascensão dos evangélicos no Rio de Janeiro outro campo de confrontação entre esquerda ultrapassada e conservadorismo(sempre)velho se abriu.Eu já me referi a alguns critérios num artigo sobre Crivella.Eu não votei nele porque sabia que ia ser assim.Muita gente aí,pelo oportunismo eleitoral de sempre,por pragmatismo da política, votou,pensando que ia ser possível controlar o Prefeito ou que as suas ameaças conservadoras não iam passar da ideologia de gênero ,mas uma pletora de atitudes retrógradas está se abatendo sobre a fortaleza liberal que sempre foi o Rio de Janeiro,com repercussões no Brasil todo.É a mesma atitude dos alemães em 33,” deixem que ele entre,afaste os comunistas e depois nós o tiramos do poder”.
Uma delas foi esta repressão às performances ocorridas nos museus.É preciso ter muito cuidado em abordar estas questões apressadamente.Em primeiro lugar o direito de fazer,de expressar o pensamento é mais do que legítimo,mas existem tonalidades no problema que favorecem os conservadores não só no sentido ético.
Uma criança ser colocada diante de um adulto nu é problemático.É isto o que eu sempre digo:a esquerda sempre ajuda,com os seus erros.Hoje,para se entrar na esquerda,um sujeito como eu,por exemplo,que já sou quase vetusto,é  necessário “ dar um tapinha”.Esquerda significa usar drogas,financiar o tráfico e não lutar por saúde e eu já me referi a isto tempos atrás.
Será que é de esquerda permitir que um pênis adulto eventualmente ejacule pela presença de uma menor,diante dela,sob a justificativa de que isto é arte?Em segundo lugar isto não é arte,é performance e não tem sentido estético nenhum.
Em terceiro há um truque em tudo isto:foi a mãe a culpada por levar uma criança a um evento assim.Se eu conheço bem a esquerda,não descarto a intenção velada de epater .
Nós vivemos num período em que já passou a exigência política de escandalizar os conservadores e religiosos e isto é uma política ruim,porque ambos crescem quando são espicaçados ,pelas razões a que eu aludi no artigo sobre a eleição de Crivella .O sentido da História é a laicização real,a separação real da religião e do estado,que no Brasil,ainda não aconteceu.A esquerda,preocupada com as categorias econômicas esquece o papel da forma e das idéias e raciocina em termos de maioria.A questão não é a nação e a cidadania,mas quem tem maioria para impor o seu modelo.O socialista brasileiro pensa como Malafaia e nós não saímos deste circulo vicioso.
Não é o problema de existir um cassino,de ter uma vida noturna,de teatros radicais e transgressivos,o problema é o entorno:vícios,prostituição(exploração de mulheres e menores[sem oportunidade]),jogos,crimes.Qual é o pai ou a mãe que quer ver o seus filhos associados a drogas?
Ainda que os costumes de certos povos consagrem a nudez familiar,como no Japão ,em que todos tomam banho juntos,pelados,estas atitudes não são válidas de modo absoluto,pois ocorrem fenômenos de transgressão sexual,de manipulação indevida e assim sucessivamente.O Japão ,inclusive,foi o primeiro país a estabelecer uma legislação contra  o “ sarrinho” em ônibus,uma vez que isto se tornou uma prática abusiva comum.
Em princípio posturas liberais quanto ao sexo e à nudez diante de crianças não tem problema algum,mas pode acontecer perda de limites, e às vezes a esquerda,que tem a iniciativa da mudança,não só não sabe os limites,como propugna uma violação deles.A esquerda tem mania de intocabilidade,mas não é assim,ela é humana também.
Há anos  eu me posicionei contra a exibição de “ Caligula”às 20 horas,porque a exposição do sexo diante de uma criança ainda sem capacidade de compreensão e elaboração a prejudica,assim como a exposição diante da violência.
Quando a televisão e a mídia fazem isto  é para manipular comercial e espiritualmente,havendo pessoas e especialistas que estudam há anos o significado político e cultural desta ação.A criança é acostumada a comprar uma sandalinha de Carla Perez,em vez de comprar um livro.É ensinada a pensar que o mundo é uma grande aventura,esquecendo que existem pobres e miseráveis.Vejam bem eu não estou dizendo que ela não sabe que há estas coisas,mas é acostumada a desdenhá-las e a constituir a sua vida por critérios desordenados de consumo,que favorecem determinados grupos.
Então ninguém esta discutindo o direito de fazer,mas o modo de fazer conta também e não é medida nenhuma de liberdade o fato de uma menor apalpar eventualmente o pênis de um adulto estranho.

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