Com a ascensão dos evangélicos no Rio de
Janeiro outro campo de confrontação entre esquerda ultrapassada e
conservadorismo(sempre)velho se abriu.Eu já me referi a alguns critérios num
artigo sobre Crivella.Eu não votei nele porque sabia que ia ser assim.Muita
gente aí,pelo oportunismo eleitoral de sempre,por pragmatismo da política,
votou,pensando que ia ser possível controlar o Prefeito ou que as suas ameaças
conservadoras não iam passar da ideologia de gênero ,mas uma pletora de
atitudes retrógradas está se abatendo sobre a fortaleza liberal que sempre foi
o Rio de Janeiro,com repercussões no Brasil todo.É a mesma atitude dos alemães
em 33,” deixem que ele entre,afaste os comunistas e depois nós o tiramos do
poder”.
Uma delas foi esta repressão às performances
ocorridas nos museus.É preciso ter muito cuidado em abordar estas questões
apressadamente.Em primeiro lugar o direito de fazer,de expressar o pensamento é
mais do que legítimo,mas existem tonalidades no problema que favorecem os
conservadores não só no sentido ético.
Uma criança ser colocada diante de um adulto nu
é problemático.É isto o que eu sempre digo:a esquerda sempre ajuda,com os seus
erros.Hoje,para se entrar na esquerda,um sujeito como eu,por exemplo,que já sou
quase vetusto,é necessário “ dar um
tapinha”.Esquerda significa usar drogas,financiar o tráfico e não lutar por
saúde e eu já me referi a isto tempos atrás.
Será que é de esquerda permitir que um pênis
adulto eventualmente ejacule pela presença de uma menor,diante dela,sob a justificativa
de que isto é arte?Em segundo lugar isto não é arte,é performance e não tem
sentido estético nenhum.
Em terceiro há um truque em tudo isto:foi a mãe
a culpada por levar uma criança a um evento assim.Se eu conheço bem a
esquerda,não descarto a intenção velada de epater
.
Nós vivemos num período em que já passou a
exigência política de escandalizar os conservadores e religiosos e isto é uma política
ruim,porque ambos crescem quando são espicaçados ,pelas razões a que eu aludi
no artigo sobre a eleição de Crivella .O sentido da História é a laicização
real,a separação real da religião e do estado,que no Brasil,ainda não
aconteceu.A esquerda,preocupada com as categorias econômicas esquece o papel da
forma e das idéias e raciocina em termos de maioria.A questão não é a nação e a
cidadania,mas quem tem maioria para impor o seu modelo.O socialista brasileiro
pensa como Malafaia e nós não saímos deste circulo vicioso.
Não é o problema de existir um cassino,de ter
uma vida noturna,de teatros radicais e transgressivos,o problema é o entorno:vícios,prostituição(exploração
de mulheres e menores[sem oportunidade]),jogos,crimes.Qual é o pai ou a mãe que
quer ver o seus filhos associados a drogas?
Ainda que os costumes de certos povos consagrem
a nudez familiar,como no Japão ,em que todos tomam banho juntos,pelados,estas
atitudes não são válidas de modo absoluto,pois ocorrem fenômenos de
transgressão sexual,de manipulação indevida e assim sucessivamente.O Japão
,inclusive,foi o primeiro país a estabelecer uma legislação contra o “ sarrinho” em ônibus,uma vez que isto se
tornou uma prática abusiva comum.
Em princípio posturas liberais quanto ao sexo e
à nudez diante de crianças não tem problema algum,mas pode acontecer perda de
limites, e às vezes a esquerda,que tem a iniciativa da mudança,não só não sabe
os limites,como propugna uma violação deles.A esquerda tem mania de intocabilidade,mas
não é assim,ela é humana também.
Há anos eu me posicionei contra a exibição de “
Caligula”às 20 horas,porque a exposição do sexo diante de uma criança ainda sem
capacidade de compreensão e elaboração a prejudica,assim como a exposição
diante da violência.
Quando a televisão e a mídia fazem isto é para manipular comercial e
espiritualmente,havendo pessoas e especialistas que estudam há anos o significado
político e cultural desta ação.A criança é acostumada a comprar uma sandalinha
de Carla Perez,em vez de comprar um livro.É ensinada a pensar que o mundo é uma
grande aventura,esquecendo que existem pobres e miseráveis.Vejam bem eu não
estou dizendo que ela não sabe que há estas coisas,mas é acostumada a
desdenhá-las e a constituir a sua vida por critérios desordenados de
consumo,que favorecem determinados grupos.
Então ninguém esta discutindo o direito de fazer,mas
o modo de fazer conta também e não é medida nenhuma de liberdade o fato de uma
menor apalpar eventualmente o pênis de um adulto estranho.
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