Era inevitável.O Japão teria que se movimentar
para adquirir independência de sua constituição,que atualmente é aquela imposta
pelos EUA,depois da 2ª Guerra.Esta semana o primeiro ministro japonês Abe,fez
um referendum para mudá-la ,obtendo aprovação,lógico.Tudo se encaminha para o
fim da 2ª Guerra,mas ainda há um longo percurso diplomático para se chegar a
isto.
Mas o fato desencadeador foi toda esta pressão
da Coréia do Norte,jogando sobre as ilhas, mísseis e ameaçando,mais recentemente,a
ilha de Guam.
Desde 1945 os japoneses têm lutado de toda a
maneira para reaver o seu antigo status de potência política,já
que economicamente o é.
Aqueles episódios aparentemente anedóticos de
soldados japoneses achados nas trincheiras na década de 70 não são mais do que
evidências do anti-derrotismo japonês.Estes soldados solitários não admitiam a
derrota.Aqui no Brasil,Fernando Morais escreveu um livro sobre um conflito na
comunidade japonesa que emigrou para o Brasil.O livro é “ Corações Sujos” e o
conflito se deu porque alguns queriam forçar a todos na comunidade a não
introjetar psicologicamente a derrota.
Napoleão disse que a maior virtude do soldado
não é a coragem,mas a capacidade de trabalho.Os japoneses acrescentaram a este
conceito a idéia de perseverança.
Os antigos espartanos se militarizaram
completamente e elaboraram um conceito militar semelhante:a morte de todos é
obrigatória para tornar quase impossível o domínio da cidade pelo inimigo.Os
antigos persas,que lutaram com os espartanos nas Termópilas ,tinham a legião
imortal,que era tão populosa,que dizia-se infinita,pois os soldados que eram mortos eram substituídos por outros
indefinidamente.
Os espartanos ,que não tinham tanta população,
perceberam claramente que a condição de evitar a subjugação de sua cidade era
obrigar a todos ao sacrifício da morte,porque assim se tornava impossível (quase)
eliminá-la,sendo também uma responsabilidade grave para quem o fizesse.Quando,posteriormente,na
guerra do Peloponeso Tebas quis arrasar
Atenas,os espartanos,sabendo desta responsabilidade,se negaram a fazê-lo.
Os japoneses ,com o estatuto divino do
Imperador,criaram um novo conceito.Por esta natureza o imperador podia exigir o
sacrifício kamikase aos jovens.Logo que acabou a guerra ,a maioria dos
americanos enviou cartas ao general McArthur pedindo a punição do Imperador
Hiroito,mas ,igualmente,os japoneses,que não tinham gostado da perda de divindade de seu Imperador,enviaram
missivas ameaçando desordenar o país se ele fosse tocado mais uma vez.
O poeta Mishima fez um poema :
“como morrer pelo Imperador
Se ele não é divino?”
Este mesmo poeta,criador da sociedade de
direita Tatenokay ,” Sociedade do Escudo”,associou este conceito à logica
samurai do sepukku,o hara kiri,em 22 de Novembro de 1970,fato objeto de um
filme de Paul Schrader.Este episódio bem pode ter sido uma tentativa de golpe fracassada.
Mas o que medeia todos estes acontecimentos é o
desejo,legítimo,do Japão de não ser tutelado,após tantos anos passados da “derrota”
na 2ª Guerra.
Mas cabe perguntar,eles admitiram a derrota?O
Japão não se tornará revanchista?De direita?Imperialista,como o foi?São estas as perguntas que precisarão ser respondidas se
o país quiser atingir este escopo.
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