segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Eu não gosto de “ismos”

 

A principal discipula de Gyorgy Luckacs,Agnes Heller,que saiu da Hungria para morar na Austrália,esteve nos anos 90 aqui no Brasil para algumas palestras sobre as suas concepções,notadamente sobre a História.

Numa entrevista ela expôs partes de seu pensamento,mas um destes temas me chamou muito a atenção na ocasião:ela disse a mesma coisa que está escrito no titulo deste artigo “ eu não gosto de 'ismos'”.Digo eu,imperialismo,fascismo,comunismo,socialismo e outros ismos.

Agnes Heller ,como filósofa(num sentido bem amplo desta denominação),segue os passos de Nietzsche.Todas as abstrações,os nomes ,as classificações, pretendem ,sem sucesso, expressar o real mesmo,o que a coisa é,o que as coletividades são.O próprio termo “ coletividade” denota algo que não existe: indivíduos concretos vivos.O real é este,não o termo genérico,abstrato.

Tal raciocinio vale para todos os “ismos”.Sem seguir o radicalismo de Nietzsche,Heller pondera que potencialmente estes ismos acabam por reprimir ,pressionar estas “ perspectivas individuais” e diluí-las ou manipulá-las.Sem determinados limites bem compreendidos a tendência é esta mesmo.

As minhas críticas ao comunismo,como ele se apresentou no século XX,ao capitalismo(tem radical de esquerda que acha que eu não faço),ao imperialismo,se baseia entre outras coisas ,nesta constatação.E todo mundo usa um truque que todo paranóico de direita ou de esquerda gosta para dizer que eu confronto estes dois lados ,direita e esquerda,Hitler e Stalin para defender o capitalismo e fechar os olhos ao imperialismo,mas eu deploro todos os ismos.

Cada proposta eu analiso para entender em que medida os seus limites compreendidos são capazes de evitar as mazelas supracitadas.

Mas o fato é que cada uma delas deve ser vista dentro deste necessário equilibrio entre o homem real,individual e os movimentos,as coletividades,as abstrações e ideias que visam a modelar o seu comportamento.



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