sexta-feira, 18 de março de 2022

Ucrânia VIII

 

Resumindo a questão da Ucrânia para novas reflexões,principalmente sobre o papel do Brasil: tudo começou quando Putin teve que dar mais quinze anos de prisão a um dissidente,para conter o avanço real da oposição no país.Não é verdade que a decisão de invadir a Ucrânia tenha sido depois disto aí,mas dentro dos prognósticos geopoliticos que todo governo faz,o desenho de uma eventual guerra já estava em mãos.

O crescimento da oposição,apoiada pelo ocidente e pelos Estados Unidos,é a condição básica para tirar Putin do poder,coisa que todos querem.Mas como disse em artigos anteriores o fato de o ocidente querer a democracia não esconde outros interesses menos nobres e não justifica o isolamento do país.

Também a Ucrânia é vítima sim neste contexto todo,mas não é totalmente inocente,porque ela é um dos poucos países onde neonazistas têm trânsito livre e erguem monumentos para eles próprios.

Dito isto nós atualizamos as análises já que há fatos novos rolando por aí.Contudo este artigo é um aprofundamento do anterior:assim como Putin interferiu na eleição dos Estados Unidos,aqui também a sua intenção é a mesma.

Bolsonnaro foi à Rússia e ninguém me convence que não discutiu a guerra que já começara:a decisão de manter a neutralidade humanitária ,que,na verdade,se junta com a dos brics,foi comunicada ao Presidente russo que pediu esta decisão.

Agora,Putin devolve, tirando o Brasil e os Brics da sua lista de “ países hostis”.Será que é só isto?Que não haverá desdobramentos?Acho dificil pensar que não.

No artigo anterior eu disse que haveria um uso por parte de Bolsonnaro deste arranjo todo:ele se colocaria(-rá)como defensor do Brasil diante da sanha dos Estados Unidos sobre a Amazônia e sobre o Brasil mesmo e cristalizaria(-rá)a classe média ,em torno de seu nome.Não precisaria(-rá)ir aos debates e acusando a esquerda de internacionalismo(que o é em grande parte),a macularia(-rá)de desinteresse sobre os destinos de nossos país,que foi o mote da eleição em 2019.

Se a esquerda não entender que precisa incorporar a nação,a classe média para seu programa,não vai se eleger.Lula mostrou compreensão parcial deste problema ao falar em aliança com o centro,mas tem que ir mais longe:tem que ter um programa para a classe média,tem que ter um projeto de nação que una a classe média à classe operária.Se não incidir sobre esta média ética do povo brasileiro,se não abandonar orelha de livro de Karl Marx,não vai dar,outra vez o bife será comido pela direita,que está mais próxima do povo brasileiro.


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