O papel de Bolsonaro
As análises sobre a guerra atual continuam.As incompreensões também.Quem não conhece o passado e não tem informação histórica vai se complicar ao abordar a guerra atual.A posição atual de Bolsonaro causa espécie em todos(inclusive em analistas de radio),mas ela tem sentido.
Eu vou começar a explicar apresentando um exemplo do passado:o primeiro país a reconhecer a independência de Angola foi o Brasil,em 1975.Como todos sabem o governo de Angola que proclamou a independência foi o de Agostinho Neto,um grande prócer da descolonização africana e... marxista,ligado à URSS.E o governo brasileiro era o de ...Geisel,um dos grandes anti-comunistas da História do Brasil.
O que o fez tomar esta decisão?Conforme eu já expliquei em outros textos e livros,o que explica a geopolitica atual é a contraposição entre a teoria do Haertland(Coração da Terra) e a do Rimland(a teria da s águas).Resumindo,pela primeira teoria quem domina a Rússia,uma grande massa de terra que se liga a outra,a China,domina a Europa e o primeiro mundo ou o hemisfério norte.E daí é a referência mundial.
A única forma de se opor a esta eventual dominação é controlando os mares.O segredo do imperialismo inglês é que,com a sua famosa marinha,a metrópole podia estar em qualquer e podia estacionar onde quisesse.
Os Estados Unidos e seus aliados precisam dos mares ,do Atlântico norte,do Pacifico,do Indico,do Mar Vermelho e assim por diante,mas um mar especificamente é decisivo:o Atlântico Sul,especialmente neste mar que une o Rio de Janeiro à Angola,locais em que foi descoberto,ainda por cima,o pré-sal.
Uma das razões pela quais os Estados Unidos ficam de olho no Brasil é exatamente esta.
Como o Presidente Geisel tinha uma postura geopolitica e particularmente era muito crítico aos Estados Unidos,atacando sempre a nossa dependência,foi absolutamente justo que ele tivesse boas relações com Angola.
Às vezes ,entre a esquerda e a direita ,motivos deste tipo criam situações aparentemente escandalosas,como foi o pacto ribentrop-molotov.
Por razões muito especiais há uma simbiose entre elas,que pode denotar algo mostruoso,mas que tem sentido dentro da politica e da geopolitica.
O Brasil sempre foi um país neutro e humanitário,tendo revogado esta posição por motivos humanitários:ajudar nas duas guerras mundiais a diminuir a sangria de vidas dos países mais envolvidos.Assim mesmo o Brasil foi não para combater mas para manter aquilo que já havia sido conquistado,já que não havia porque o Brasil se sacrificar no final da guerra.Uma guerra que ele não criou.
O Brasil ,como outros países, não pode intervir assim em outros,como quase Lula fez na Venezuela,porque no futuro isto retorna para nós.Numa condição de crise ou de guerra tem-se o direito de pedir a ajuda a alguém.Mas não é o caso agora.
Na Revolta Húngara de 1956 os comunistas pediram ajuda a Kruschev para não serem massacrados.Em 1968,porém,não foi deste jeito.Ninguém ajudou aos tchecos.
Esta guerra,repito não é tão fácil de entender e a Ucrânia não é inocente.Inocentes são as pessoas comuns,como sempre,que pagam o pato.Lutar por uma saída diplomática é para evitar este respingo sobre gente comum,que os governos propiciam em seus interesses.
A assembléia da ONU tem razão em condenar este ato do governo russo,como invasão e guerra de agressão,mas as sanções são um outro problema,porque elas atingem o povo russo também ,incluindo a oposição à Putin.Se Putin conseuir criar uma alternativa para se evadir desta pressão e garantir uma condição digna de sua população isto vai isolar a oposição e dificultar-lhe a luta.
As empresas ocidentais lutam contra os empresários da Rùssia dentro de um clássico e complexo jogo de concorrência,como tantas vezes, e tal coisa só favorece aos seus interesses.
Pela primeira vez eu tenho que concordar com o jumento,porque ele está seguindo a nossa via diplomática,de mais de um século,já que ele não decidiu isto sozinho,mas acompanhando os conselhos da diplomacia brasileira.
Se assim se fizesse o povo brasileiro seria prejudicado mais ainda e o Brasil ficaria a descoberto para uma intervenção futura sobre o seu território.
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