sábado, 14 de novembro de 2020

Esclarecimentos sobre minha visão de Garrincha

 

Houve muitas incompreensões sobre o que eu digo nos meus artigos.Houve sempre.Tirando a má-fé,considero normal isto aí,porque muito embora eu procure trabalhar com as diversas faixas de compreensão do povo brasileiro,sem excluir aquele que é menos versado nos assuntos que eu trato aqui frequentemente,os temas são dificeis e complexos,exigindo um certo esforço e determinadas referências.

O caso de Garrincha é bastante elucidativo:jamais eu fiz ou farei um julgamento moral de uma figura assim como a deste jogador,a deste esportista.Quando abordei a sua figura antropológica jamais passou pela minha cabeça que as análises desembocariam numa sua condenação.

O julgamento moral é válido quando a natureza objetiva daquilo que é observado o exige.E quando os atos praticados por alguém justificam um julgamento moral.Mesmo assim,a dosimetria deste julgamento é real e deve ser feita dentro de um sistema de valores que permita entender aquela verdade exposta por Kant em seu livro sobre a religião “ A religião nos limites da Simples Razão”:o mal e o bem estão arraigados na pessoa humana,que luta para que predomine o bem.

Garrincha é um gênio da humanidade.Ele tem um significado histórico e humano universal(embora ainda não reconhecido senão no plano esportivo),mas isto não quer dizer que ele,como qualquer um,eu,Karl Marx,seja invulnerável,impermeável à crítica.Ainda mais porque é uma figura pública.

Muito menos se há de dizer que acerta sempre.Não é verdade que apesar de às vezes sair à noite ele sempre resolvia no campo.Isto é idealização.Há exemplos enormes aí na trajetória dele ,em que o Botafogo perdia jogos e ele não fazia nada.Isto diminui a importância dele?Não.Mas revela o óbvio:que ele era uma pessoa não um Deus.

Garrincha era uma criança,como os psicólogos da seleção identificaram.Isto não quer dizer que ele era má pessoa.Pelo contrário, ele era uma pessoa boa de demais.Na vida é preciso ter um pouco de malicia para enfrentar certos problemas.É preciso pensar em si mesmo às vezes,para defender os seus direitos.Porque Garrincha nunca questionou o seu salário,que devia ser muito maior,pela importância que tinha?Talvez(disse talvez)porque fosse bom,respeitasse a autoridade dos dirigentes demais.

Não existe na vida nenhum princípío absoluto.Nem a bondade é absoluta.Não há como ser totalmente abnegado:isto é auto-destruição,auto-negação.

Quando eu era pequeno ouvi muitas histórias sobre o joelho (sagrado)do Garrincha,que ceifou a sua carreira ,que poderia ter sido longeva e mais bem sucedida.A acusação era contra os dirigentes do Botafogo,que,por causa disto,saíam correndo da sua presença,mas será que o doutor Nova Monteiro,permitiria que fossem feitas infiltrações?

Assiste razão à Otávio Pinto Guimarães em exigir que o jogador chegasse na hora,fizesse o seu trabalho.E esta atitude é o que permite ao trabalhador reinvindicar melhores condições.

Nunca fiz e farei acusações à figura de Garrincha,mas não há invulnerabilidade não.


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