domingo, 27 de março de 2022

Mais esclarecimentos para o beócio de esquerda

 

Estou num periodo terrível em que os meus artigos adquirem repercussão e acabo ouvindo todo tipo de estupidez.É como disse Borges sobre o seu oficio;”talvez seja imprudente começar a escrever”.Agora sei que isto é uma verdade.

Nós escrevemos e fazemos o que gostamos pelo prazer de exercer a liberdade,que é um direito humano transcendente e transcendental.

Mas pelas mais diversas razões há sempre aquele que questiona isto aí.Certo, é claro que nas opiniões há um elemento crítico de perigo para os outros,que correm o risco de serem superados ou desmentidos.Isto,no entanto,faz parte do jogo democrático.

Eu me admiro com pessoas que,às vezes em veículos de comunicação,atacam o comunismo,o socialismo e usam os mesmos métodos destes regimes:a lacração é uma invenção de Lênin,do totalitarismo.A democracia admite,que ainda que você perca um debate ,possa se renovar depois.Você não é excluido defintivamente.A democracia está no tempo,na abertura essencial que o tempo,por sua definição,tem.

Os totalitarismos pensam que dominam o tempo(Allende:” La istoria es nuestra”),mas é impossivel(felizmente).Os totalitarismos são religiões atéias,objetivas(se é que isto é possivel[o culto do nada,do objeto]),meta-históricas e por isto,psicóticas,mito-maniacas e ...falsas(mentirosas).

Mas o que me traz aqui é um outro aspecto dos totalitarismos:sua filosofia monistica e metafísica.O militante médio de esquerda ,que segue o cânon soviético(embora não admita)pensando que o modifica com auto-críticas sem valor e profundidade,une a sua existência,com a ciência,mesmo que seja suposta.

Na medida em que esta “ ciência” desaparece a existência do militante vai junto.Quando eu critico Karl Marx não estou criticando a pessoa do marxista não.Não estou dizendo que o militante é mau profissional,mau pai,mau mãe,mau filho,nada disso.

Então quando o militante vem me contestar aqui,por causa disto ou por causa de cinismo ,deslealdade,desonestidade e sobretudo covardia,ele pensa em tudo,menos nos conteúdos que eu apresento.Se ele lê e não vê nada passa ao largo.Se ele lê e vê ,duas coisas ele tem a fazer:ou interage e debate ou vai em alguma instância institucional e me impede de escrever ou de falar.

Ao invés sou obrigado a ouvir que não tenho diploma,que quero ser melhor do que os outros,que os outros já falaram sobre estas coisas e pior:dentro deste “método” de lacração existem formas eventualmente mais complexas de imposição.

O militante de esquerda,que é tão próximo das religiões, age da segundo truques criados por elas:por demagogia e formas ilegitimas de cooptação ele se cerca de um grupo de pessoas,que o legitimam politicamente(sem saber muito porquê e sem medir as consequencias).Quando alguém,como eu,o critica,ele usa os motivos supraditos para se vitimizar diante deste circulo e ameaça o seu critico de isolamento ou algo mais sério.O mesmo que a religião faz.

O bom lider,a boa liderança,quando vê alguém destoar de um grupo,de uma célula,chama este grupo e discute o problema,mas o militante covarde(a maioria)usa este estratagema para garantir a sua gestão,ao arrepio do nivel de consciência das pessoas e manipulando os militantes sob o seu cabresto.

O socialismo não cresce,não se renova,não é por culpa da buguesia não,mas por causa das vanguardas.

sábado, 26 de março de 2022

O aparelhamento partidário da sociedade civil

 

esclarecimentos desta vez ao beócio de direita

Existe beócio de direita sim.Não é só de esquerda não.Há algum tempo atrás escrevi um artigo sobre o aparelhamento da Fundação Palmares afirmando que se a esquerda aparelha a sociedade civil é natural que a direita queira fazer o mesmo.

Tanto o beócio de esquerda como o de direita entenderam o meu discurso como defesa do direito da direita de fazê-lo.

Não.Prestem atenção:eu disse que ninguém tem o direito de aparelhar a sociedade civil.Como centrista de esquerda entendo que se na URSS e no socialismo real toda a sociedade era aparelhada pelo Partido Comunista,de cabo a rabo,aqui no ocidente e no Brasil,que eu naturalmente conheço mais,acontece a mesma coisa.A diferença entre o leste europeu e o Brasil é que lá era um grupo só,aqui vários.Mas em ambos os lados é ilegitimo.

O progresso das nações,inclusive do socialismo,depende de que os partidos ocupem a sociedade civil,segundo os critérios do estado de direito democrático,sem favorecer as agremiações,mas ao país,à nação,à coletividade.

A pedagogia politica que deriva disto aí é que o povo vai notar o republicanismo radical do politico que age assim com o rigor devido e tal reconhecimento vai repercutir positivamente no partido.

É isto o que defendo.Não tenho informações detalhadas sobre a Fundação Palmares ,que defende os direitos da raça negra,mas sei que lá ficou um grupo de esquerda que se beneficiou eleitoralmente,permanentemente.

É discutível,em termos de formas de governo ou de estado ,se deveria haver uma divisão de partidos nos agentes da sociedade civil(Gramsci).É outra discussão,mais complexa.

Mas a exigência é de que estes órgãos não são meras correias de transmissão de interesses pessoais ou partidários e todo o ganho para estes últimos depende do nivel de compreensão do povo quanto ao valor republicano da atividade dos politicos.

No meu modo social-democrata de entender o novo método de se chegar à utopia é este,respeitando,como eu disse,o estado de direito democrático e a decisão do povo.

Não é um cerco ao poder e ao capitalismo,mas a construção hoje de vinculos de solidariedade formais públicas,respeitando a vida privada e a liberdade de escolha.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Algumas palavras sobre o atual periodo pré-eleitoral

 

Os movimentos tectônicos da politica brasileira(em politica não há vácuo)apresentam interessantes situações a se analisar:o modo como Lula se referiu à Dilma(bem como o PT)prova a justeza das minhas análises aqui de que a grande culpada desta direita furibunda ter entrado no poder foi dela.

Contudo Lula precisa entender que foi ele quem escolheu esta figura politica sem lastro.Para manter o esquema de continuísmo do partido dele põs no poder alguém sem muita experiência politica,portanto,sem o timing próprio do politico.

Dilma eu comparo com o Marechal Lott,mutantis mutandi:certa feita perguntaram à Jânio Quadros porque ele não ia a uma cidade,considerada eleitoralmente importante,ao que ele respondeu “o Lott já foi lá falar besteira”.

Com efeito Lott era uma pessoa digna,mas sem o lastro politico a exigir de alguém que se candidata.Na ocasião da campanha eleitoral à presidência Lott cometeu erros tipicos de uma pessoa assim.Chegou em São Paulo e iniciou um discurso :”eu que cheguei aqui em 32 como interventor...”pfff...

Dilma é conhecida por estas afirmações mal cuidadas que colocariam um diplomata em maus lençóis.

Politico tem que ter lastro,tem que ter tempo de trabalho,de negociação,de confiabilidade.Não se pega alguém inexperiente para colocar na cadeira presidencial.

O quadro que levou a este descalabro que vemos hoje diante dos olhos(só pode ser não é Dilma?)está aí.A esquerda radical continua sem perspectinva nacional,continua analisando pessoas e não programas capazes de mudar o Brasil,continua a se orientar pela orelha de livro de Karl Marx,em que a inevitável classe média não está representada.

O que Lula fez ao se aliar com Alckmin prova a diferença abismal entre ele e Dilma,exceto pela capacidade de escolha talvez.A resposta ao que conduziu a direita ao poder tinha que ser esta,uma inflexão para o centro,para setores vários representativos da média ética da sociedade brasileira(e não de Cuba).

O que explica o modo de escolha do povo brasileiro é a psico-sociologia,que esmiuça o caráter personalista do povo brasileiro.A escolha de Lula(quanto à Dilma) não tem nenhuma importância para o povo brasileiro,porque ele sabe a diferença entre Lula e ela e deposita na pessoa de Lula a sua confiança.

Agora a esquerda radical vai dizer que o nivel de consciência se elevou(seguindo Lênin,Luckacs e tal...).Agora a esquerda talvez entenda que as explicações aristotélicas sobre patrimonialismo(Safatle-Hamilton)não têm importância alguma,senão para estas egocentrias universitárias,que se põem acima do povo,no que eu chamo de elitismo vermelho.Isto tudo se Lula se eleger.

E esta eleição NÃO ESTÁ CERTA.Se o quadro continua o mesmo,as chances desta desgraça prosseguir,ou seja,de a direita se reeleger,são muitas.

Há um mês já se falava que Lula se elegeria no primeiro turno,mas anteontem,as pesquisas mostraram fôlego do ogro e isto é um mau presságio,se levarmos em conta mais uma característica passadiça da esquerda:o triunfalismo.

Ontem Lula se colocou como salvador da pátria ,o único capaz de solucionar o problema todo do Brasil.Esta falta de humildade tem tudo para colocar povo brasileiro na rota do atual presidente de novo.

A eleição de Lula se tornou importante e decisiva por um aspecto negativista ,que ,no entanto,tem legitimidade:qualquer um é melhor do que o referido ogro.

Além disto,Lula,apesar de suas quedas para a limitação da democracia,defende uma petrobrás publica e tem já um projeto para ,num tempo rápido,matar a fome imediata do brasileiro pobre.

Desde minha juventude comunista sempre coloquei critérios públicos para a atividade politica,pondo em prioridade os pobres e o Brasil.

Por isto entendo que é uma prova de maturidade politica de Lula fazer alianças no centro,contatar pessoas que defenderam e votaram pelo impeachment.O importante é o povo,o Brasil e o futuro.Tais decisões não são um sacrificio para quem pensa assim.Aprendi com Prestes estes valores.

Não entendo,pois,a posição dos radicais.Aliás eu entendo sim,eu já esperava:a postura vitimológica que releva só um setor da população dificulta a compreensão politica do Brasil ,travando a construção de um programa bom para as questões imediatas.

Esta crítica incide ainda sobre Lula,porque falta muita coisa.Mas a aliança é um começo.

As críticas de Lula revelam o acerto das reflexões nos meus artigos e até Ciro ,que vem sempre ao meu facebook,reconheceu a linha que uso,atribuindo culpa aos erros do PT quanto à direita assumir o planalto.Por pouco não utilizou as mesmas palavras.

Mas ele também se inclui na problemática perigosa de dividir as esquerdas,de não entender a necessidade do centro.Na sua forma compulsiva de ser ,arroga um sucesso prévio,alardeando o fim de Bolsonnaro,por causa dele e assim corre sim o risco de insuflar a direita.

Talvez seja preciso que ele saia da disputa para que uma frente vote em Lula e afaste de vez o perigo do continuismo da direita.


segunda-feira, 21 de março de 2022

Ucrânia IX

 

A politica é a guerra por outros meios

Mas algumas outras questões precisam analisadas ainda em todo este contexto e mais ainda a disposição pessoal minha é de defender sempre a diplomacia,para evitar estas mortes de inocentes(como sempre)e a fuga de civis de seu torrão natal.

Na verdade se os países do ocidente fossem realmente independentes e humanitários,despojados de interesses hegemônicos,este problema todo seria antecipado e soluções outras teriam sido achadas antes ,dispensando os desejos carniceiros dos cartéis de armas.Mas eles é que mandam.

É dentro deste contexto tantas vezes reiterado que quero apresentar um problema.Leitor:a melhor forma de atacar e diluir uma ditadura,especialmente de esquerda,não é a confrontação.Vou relembrar:Tudo isto estava planejado por Putin,mas o que desencadeou o processo foi a perda de apoio interno após a condena do dissidente.

O outro lado,o ocidente,viu nisto uma oportunidade de forçar a democracia na Rússia e de quebra impor seus interesses hegemônicos sobre a Rússia ,sobre a Europa e sobre o mundo.Ponto.

Criada a confusão ,todos estes interesses estao consagrados aí,tendo possibilidade de obter os seus objetivos,um pouco mais um pouco menos,mas eles vão ser alcançados.

A confrontação cria um drama que ajuda a estes objetivos escusos.Uma politica alternativa menos dramática ,mais direta e mais justa, prejudicaria.

Mas esta confrontação faz parte também ,outra vez,da politica da guerra-fria.

A guerra-fria,para muitos autores se iniciou em 1917.As acusações entre o poder bolchevique nascente e o ocidente só pararam por causa do nazi-fascismo.Outros autores inclusive entendem que avant la lettre a 2 ª guerra não está totalmente apartada desta fase histórica.

Na verdade ,a partir de 1917 a guerra-fria estava ab ovo e eclodiu no discurso de Fulton em 1946.

A única coisa que não era prevista e que é fundamental na guerra-fria é o poder nuclear.A terceira guerra não se deu por causa do poderio nuclear,o qual dizimaria a humanidade como um todo.

As condições convencionais para uma terceira guerra sempre estão aí,à espreita,inclusive agora,mas os arsenais nucleares o impedem.Ainda não se formou,felizmente,aquilo que alguns estudiosos chamam de exterminismo,o suicidarismo da humanidade.

Antes da segunda guerra cartéis da guerra já atuavam,mas com o pontapé inicial dado por Churchill em Fulton e com esta conjuntura de expectativa nunca realizada ,a corrida armamentista toma ares mais de negócio do que de auxilio às nações.

Explico:até a segunda guerra a corrida armamentista se escoava na guerra,terminava com o conflito.Mas na guerra-fria a corrida armamentista ,além de ser um negócio,era e é parte do processo politico.Se no passado a guerra é a politica por outros meios,agora isto se confirma,de um modo um pouco diverso.E como negócio,como politica, os cartéis da guerra não se mantêem só no plano do conflito entre as nações,mas se espraiam para dentro delas encontrando justificativas ideológicas para armar traficantes,criminosos de colarinho branco e outros marginais.

Em 68 a contestação do status quo era imensa.Não era só um fenômeno da esquerda,mas do mundo ocidental.Para conter o impulso principalmente da juventude, a direita manipulou a educação e espalhou a droga para desviar a consciência dos jovens de objetivos humanitários,tornando-o viciada e egocêntrica(egoista também).Junto com a droga vêm as armas.

Muito se fala na mudança da abordagem para combater a droga,mas não há outra maneira de terminar com ela,se não terminar o tráfico e terminá-lo é desarmá-lo.

Churchill,extremamente derrotado na segunda guerra,ele e o seu país,fomentou a guerra-fria para continuar na crista da onda,se colocando como um campeão da liberdade,mas com isto os processos de contrução de um complexo industrial militar,como denunciou Eisenhower em 1960,vieram para ficar.

Como não era possível a confrontação URSS/EUA,o campo da descolonização na África,na Ásia serviu de local de terçar armas e mostrar força.

Aí é que este complexo industrial-militar se formou para ficar até hoje.Ele percorreu a guerra do Vietnã,a África e quando acabou a URSS não havia razão para a sua continuidade.

Mas ,por insistência dos Estados Unidos e da Inglaterra da Sra Thatcher ,a URSS caiu de uma vez só,sem uma transição mais que exigivel,para proteger o povo russo das mudanças e dentro deste açodamento as soluções mais fáceis e mais autoritárias ganharam força:os arsenais militares foram tomados por apoiadores de Yeltsin,vendas de armas cresceram,no rastro da invasão do Afeganistão e com tudo isto era de se esperar que a otan não morresse e que novas guerras fossem criadas,como a da Iugoslávia.

Com esta narrativa provo que a mediação mais importante da guerra-fria sobrevive.E que a confrontação a mantém viva.

Em determinados momentos do periodo propriamente dito da guerra-fria abriu-se uma brecha nesta confrontação:até certo ponto na relação Kennedy/Kruschev,mas o momento mais memorável é o da Ost Politik do Chanceller Willy Brandt,a politica para o leste.

Esta politica encurtou a diluição da URSS,porque na medida em que o contato do leste com o ocidente cresce os desejos internos de democracia(e de consumo)aumentam.

Em Cuba a transição não ocorreu ainda,porque uma pletora de politicos americanos,que exploram há décadas a comunidade cubana de Miami,não larga o osso.

A melhor maneira de enfrentar ditaduras,notadamente de esquerda é não confrontar e não isolar,mas os cartéis não deixam e a politica passa a ser a guerra por outros meios.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Ucrânia VIII

 

Resumindo a questão da Ucrânia para novas reflexões,principalmente sobre o papel do Brasil: tudo começou quando Putin teve que dar mais quinze anos de prisão a um dissidente,para conter o avanço real da oposição no país.Não é verdade que a decisão de invadir a Ucrânia tenha sido depois disto aí,mas dentro dos prognósticos geopoliticos que todo governo faz,o desenho de uma eventual guerra já estava em mãos.

O crescimento da oposição,apoiada pelo ocidente e pelos Estados Unidos,é a condição básica para tirar Putin do poder,coisa que todos querem.Mas como disse em artigos anteriores o fato de o ocidente querer a democracia não esconde outros interesses menos nobres e não justifica o isolamento do país.

Também a Ucrânia é vítima sim neste contexto todo,mas não é totalmente inocente,porque ela é um dos poucos países onde neonazistas têm trânsito livre e erguem monumentos para eles próprios.

Dito isto nós atualizamos as análises já que há fatos novos rolando por aí.Contudo este artigo é um aprofundamento do anterior:assim como Putin interferiu na eleição dos Estados Unidos,aqui também a sua intenção é a mesma.

Bolsonnaro foi à Rússia e ninguém me convence que não discutiu a guerra que já começara:a decisão de manter a neutralidade humanitária ,que,na verdade,se junta com a dos brics,foi comunicada ao Presidente russo que pediu esta decisão.

Agora,Putin devolve, tirando o Brasil e os Brics da sua lista de “ países hostis”.Será que é só isto?Que não haverá desdobramentos?Acho dificil pensar que não.

No artigo anterior eu disse que haveria um uso por parte de Bolsonnaro deste arranjo todo:ele se colocaria(-rá)como defensor do Brasil diante da sanha dos Estados Unidos sobre a Amazônia e sobre o Brasil mesmo e cristalizaria(-rá)a classe média ,em torno de seu nome.Não precisaria(-rá)ir aos debates e acusando a esquerda de internacionalismo(que o é em grande parte),a macularia(-rá)de desinteresse sobre os destinos de nossos país,que foi o mote da eleição em 2019.

Se a esquerda não entender que precisa incorporar a nação,a classe média para seu programa,não vai se eleger.Lula mostrou compreensão parcial deste problema ao falar em aliança com o centro,mas tem que ir mais longe:tem que ter um programa para a classe média,tem que ter um projeto de nação que una a classe média à classe operária.Se não incidir sobre esta média ética do povo brasileiro,se não abandonar orelha de livro de Karl Marx,não vai dar,outra vez o bife será comido pela direita,que está mais próxima do povo brasileiro.


domingo, 13 de março de 2022

O Fluminense que se cuide

 

As transformações que ocorrem no futebol brasileiro são inevitáveis e precisam dar certo.Outrora,o Fluminense era ponta de lança das mudanças,não raro ao lado do Flamengo:a questão do profissionalismo em 1932.Francisco Horta em 1975.

Se der certo o sistema de saf e o Fluminense não acompanhar a reestruturação do futebol brasileiro,não só o clube não terá protagonismo como ficará a reboque.

A venda confirmada do jogador Luiz Henrique,em meio à copa Libertadores,tem as justificativas financeiras de sempre,mas o fato em si tem consequencias graves para o futuro do clube.

Há anos atrás caracterizei o Fluminense como correia de transmissão de interesses vários,uma casa de comércio, e hoje,diante da noticia,eu reitero e aprofundo a análise do problema.

O artigo eu escrevi à propósito de Pedro,outra venda inadmissivel.O saf se der certo como esperamos vai consolidar os clubes brasileiros,segundo regras bem sucedidas na Europa.Se o Fluminense continuar como um clube que vende ,que especula com as suas jóias da base para sobreviver pura e simplesmente,não só vai ficar para trás,como corre o risco de desparecer ,ou se tornar um time pequeno.

O presidente Mario Bittencourt que falou hoje,diferenciou esta venda daquela compra que fez em 2014 de Ronaldinho Gaucho,que acabou prejudicando o clube e o time.Temo que a unidade entre torcida,clube e o time se rompa,como da outra vez,por causa desta venda.Luiz Henrique já não vai ser o mesmo jogador:como sempre,o jogador vendido tira o pé,diminui a intensidade,para não ter algum tipo de acidente que prejudique o seu caminho profissional.Os adversários sabendo disto aí vão se aproveitar de diversas maneiras,inclusive aquela que o zagueiro carniceiro do Olimpia usou contra ele.

Assim como no caso de Pedro o Fluminense vendeu por um valor muito abaixo do que seria este jogador daqui a algum tempo.As compensações legais não equivalem a este prognóstico futuro.Se equivalessem,o Fluminense se projetaria financeiramente,mas não é o caso.Se Pedro for vendido para o Palmeiras o Fluminense tem um valor irrisório para receber.

Ninguém entende muito bem este conceito do Presidente de “ reconstrução do clube”.O que significa isto?O Fluminense passa pelo problema geral do futebol brasileiro e já era hora de achar uma solução.

Quando o clube teve o grande patrocinio nada foi feito para sanar as finanças do clube e construir o estádio,que seria um simbolo e uma condição de renovação do clube.

Não há projeto nenhum,só a continuidade do pires na mão.A reprodução do esvaziamento do clube.

Era hora de fazer um planejamento para sanar as dividas e projetar uma nova realidade.

O desgaste desta venda vai ser terrível.Preocupo-me com esta venda porque ela tem tudo para desarrazoar o time,como a compra de Ronaldinho o fez,anos atrás.


Cinco judeus e um inglês

 

Minha Trajetória

Alguns “amigos” aí querem fazer de mim um anti-semita.Por causa desta besteira desvio um pouco o meu caminho e mostro como é a minha vida de intelectual.

E quando eu a mostro já fica claro que só seria um anti-semita se fosse louco e eu não sou.

A minha vida intelectual gira em torno de 5 judeus e um inglês,a saber:Einstein,Freud,Marx,Hannah Arendt ,Cristo e Charles Darwin.

Desde priscas eras converso com Cristo permanentemente e a idéia do sofrimento de Cristo como lembrança do sofrimento humano geral,o qual gera o compromisso pela utopia,um mundo sem sofrimento,se me instalou para sempre.

Os temas científicos gerais,aquilo que explica(pelo menos parcialmente ,no tempo)o universo me chama a atenção.Não é que me mantenha preso a Einstein.Gosto de Newton,Galileu,que são essenciais,mas Einstein significa o farol não só da ciência,mas também das relações entre ética e ciência,entre ciencia e humanidade.É o mais completo.

Eu li Freud antes de Marx e me sentia mais atraído por ele do que pelo barbudo,até porque vejo as reflexões de Freud como muito mais fáceis de entender:alguns de seus conceitos são óbvios e fazem parte do cotidiano de um certo tipo de mentalidade.

Marx comecei a ler também por esta época,mas não entendia nada(kkkk),só conseguindo fechar(suponho)este entendimento,há uns quatro anos(kkkk de novo).

Mas o filósofo(-a)mais importante que eu conheci e conheço é Hannah Arendt.O(-a)único(-a)pensador(-ra)com que eu concordo integralmente é ela.

Gosto imensamente de Mary Sheley, autora de “Frankenstein”,mas ela é romancista,novelista.Aliás penso que se mais mulheres fizessem filosofia ela seria mais rigorosa,mais humana e efetiva na sua relação com a humanidade.

No entanto,o meu percurso intelectual e pessoal ocorre ,na maioria das vezes ,em torno de uma maioria judaica.

Não tem porque portanto,certos judeus de direita aí,meus “amigos”,me tacharem de anti-semita e tal,num expediente tipico de quem não tem muita razão e se acostumou a se vitimizar,como alguns judeus o fazem.


quinta-feira, 10 de março de 2022

Ucrânia VII

 

O Brasil e Bolsonaro nisto

Toda a especulação tem um lado bom e um lado ruim.Eu começo pelo lado ruim:no meio de uma guerra e de uma crise que estamos vivendo a especulação pode dar ideias a estes protagonistas do caos e da guerra.Como eu acho que eles não vão ver estas minhas especulações(talvez a Folha de São Paulo que me acompanha),resta o lado bom:pode se prevenir algum tipo de situação futura ou pelo menos servir como uma teoria a ser analisada.

Meses atrás eu falei que a doutrina militar brasileira consagrava um novo posicionamento no noroeste da América Latina,com a presença dos russos e nestes meses todos os russos têm participado de questões referentes a esta parte do mundo.

Não era muito comum que isto acontecesse e como parte destas minhas especulações tenho certeza que muita gente vai me criticar porque diante dos últimos padrões politicos uma nova conjuntura latino-americana(pricnipalmente considerando a presença do Brasil que não é muito frequente)parece pouco provável.

Mas todos devemos estar prontos para algo novo,para movimentos muitas vezes ocultos por detrás dos fatos.Alguns movimentos não são aparentes,mas quem analisa constantemente os fatos politicos ,sabe que pode espoucar algo diferente de repente.

Um outro conceito muito importante é que na guerra,uma situação-limite,o homem s e desdobra e realiza coisas supostamente impossiveis.

O fato que mais exemplifica isto aí é a existência na segunda-guerra das bombas voadoras,VI e V2.Quando as primeiras imagens foram vistas pelos ingleses a maioria dos analistas não acreditou ,mas foi preciso evocar este conceito supra-dito para no final convencer.

A minha especulação dá conta do seguinte:conforme as minhas análises dos últimos meses Bolivia ,Venezuela e Brasil têm coisas muio importantes e que interessam ao primeiro mundo,quais sejam,respectivamente,o lençol freático,o petróleo e a Amazônia.

A afirmação de Macron(que é um teleguiado dos Estados Unidos),de que a Amazônia não é só do Brasil é gravíssima.Quem conhece história e diplomacia sabe que sim.

Eu pensei que no meu tempo não veria uma tentativa de tomada da Amazônia,mas hoje,acho que está próximo.E mesmo que não s e tenha esta certeza há que considerar a sua possibilidade politica e diplomaticamente (aí é o lado bom de toda a especulação)a fim de prevenir e se adiantar diante das consequencias.

Continuando:Bolsonaro arranjou uma desculpa de aliança com Putin,o qual seria conservador e defensor da família,mas é só um meio de diversão,porque o que interessa é o aspecto geopolitico,que eu expliquei no outro artigo,e o fluxo de armas.

Mas, e é aí que vem o centro da minha tese especulativa,um outro fator se apresenta:a aliança destes setores que cercam os Estados Unidos está consolidada,com a Bolivia, a Venezuela,o Irã e a Siria.O fato novo é o Brasil,por causa da Amazônia,por causa do problema da água.

Bolsonnaro individualmente vai perder a eleição se participar de debates e se não sofrer outra facada ou não montar uma outra vitimização.

No meu modo de entender,desta vez,após o golpe ter sido deflagrado no final do ano passado Bolsonaro vai s e colocar como defensor da Amazônia e do Brasil.

No tempo da vitória de Bolsonaro,em 2019,eu disse:a direita se aproveitou(como sempre)dos erros da esquerda para se colocar como defensora da média ética do Brasil e do Brasil como nação.

A esquerda é internacionalista.Ela continua seguindo a orelha de livro de Karl Marx e não liga para o Brasil como nação.

As discussões sobre esquerda e nação no Brasil pararam em Caio Prado Júnior ,em 1969.

Quando Dilma deixou de lado um problema nacional e decidiu ajudar Cuba,cristalizou-se no brasileiro a convicção de que era necessário eleger um ferrabrás nacionalista de direita e colocar de novo os militares.

No domingo da eleição de Bolsonaro só se ouvia nas ruas o grito “Brasil”.Estas análises marxistas sobre o patrimonialismo do PT,a sua cooptação pelo capital privado não explicam porque o Brasileiro votou no Bolsonnaro.O método de explicação de como o brasileiro vota é a sócio-psicologia ou o contrário, a psicologia social.

Na hora H Bolsonaro vai vender esta ideia de que a Amazônia e o Brasil estão em perigo e o povo vai segui-lo.

Lula agiu muito corretamente ao fazer a aliança com Alckmin e associar esta decisão com a busca de apoio no centro.Mais do que isto buscou e busca apoio até com quem fez o impeachment,coisa que demonstra sua habilidade e maturidade.É lógico que a esquerda radical não quer por isto ou por aquilo,etc,etc(como sempre),mas o caminho é este.

SÓ QUE ESTÁ FALTANDO UMA VISÃO NACIONAL DE ESQUERDA,COMO BRIZOLA TINHA.SE O PT E A ESQUERDA NÃO DEIXAREM KARL MARX A CHANCE DE BOLSONARO VENCER SE PÕE NOVAMENTE.

Nos dias atuais fala-se em queda de Lula e uma subida de Bolsonaro.Como defensor do Brasil e da Amazônia ele pode vencer e dar até o golpe.O golpe que foi deflagrado no final do ano passado.

Ontem Bolsonaro disse que a Rússia vai nos defender da sanha dos Estados Unidos sobre a Amazônia e não é de hoje que esta aliança Brasil e Rùssia é posta como forma de impedir que a Europa se lance sobre nós,sobre nosso território:Pedro I e Pedro II fizeram alianças e projetos em conjunto.

O papel de policia da Europa que a Rússia passou a desempenhar depois de Napoleão,exigia estender os cuidados à América Latina.Muito embora a Rússia pudesse ter interesse em nosso território,é mais importante para ela cercar esta Europa sempre ávida de conquistá-la.

O Brasil,como a Itália,está naquele conceito de Gramsci ,de “ Revolução Passiva”,pelo alto,que,segundo ele,acontece quando as massas não são organizadas e uma elite muda o país,organiza-o de cima para baixo.Na Itália a unificação se deu em torno da casa

monárquica de Sabóia,mas no Brasil,que não tem uma elite,ela é proposta pelos militares.

O BRASL NÃO ESTA TOTALMENTE LIVRE DE DESMEMBRAMENTO.EU ESTOU AVISANDO.

O mais próximo de uma elite capaz de fazer esta “ revolução”,é Doria,a partir de São Paulo naturalmente.mas tudo indica que ele não vai decolar em vista de seu passado de bolsonarista,ou pelo menos,por ter se beneficiado da onda e depois ter atacado o Presidente(mesmo caso é o do Leite,o lbtqa+ “bolsonarista”).

Eu já digo isto desde os anos 80:se a esquerda não incorporar a nação,a classe média,a direita vai tomar o poder por muito tempo e o nosso progresso vai se atrasar de novo.64 está vencendo.


terça-feira, 8 de março de 2022

Bolsonnaro e a (sua)falácia de nacionalismo

 

Surgem aqui e ali noticias sobre a guerra e a posição do Brasil,que me ensejou a única concordância (não elogio)com o jumento.A bem da verdade sempre foi assim e deve continuar a sê-lo:neutro humanitário.Em qualquer briga ajudar(se for o caso)os dois lados.

Contudo,como ficou claro nos meus outros artigos ,a posição geopolitica do governo brasileiro é um pouco complicada em face de uma Rússia que não é totalmente afinada com a direita ultra-liberal(neo-nazista[em termos]).

Mas como eu expliquei,geopoliticamente compensa mais se aliar à Rússia,para isolar uns Estados Unidos democratas.Com as noticias espoucando fica bastante claro que Putin planejou tudo:com as sanções dos Estados Unidos,que só pioram,Putin devolve com a ajuda de seus aliados.Neste momento por incrivel que pareça Bolsonaro e Maduro estão emparelhados:diante da proibição de Biden de importação de petróleo russo,Putin pediu ajuda ao óleo venezuelano.

A neutralidade do Brasil ,no fundo,serve como apoio de fato aos russos,porque arrefece um pouco uma aliança geral que os isolaria.Mas serve também aos objetivos próprios de Bolsonnaro e é aí que entra a questão posta no titulo:a concepção nacionalista do governo Bolsonnaro se associa indissoluvelmente à sua visão mercadológica neo-liberal.Aquilo que faz dinheiro ajuda ao Brasil,mas como deve saber toda a pessoa sensata o dinheiro por si mesmo não adianta nada,só o sentido que se dá a ele.

O governo Bolsonaro é que nem o de Trump:ambos insistem em ver as nações como empresas.Pouco tempo atrás cheguei a pensar que havia por trás disto uma similitude com o capitalismo de estado na China ,mas eu não estou certo disto.Penso que não.Uma concepção assim e sua aplicação num país complexo como o Brasil são demais para o governo Bolsonaro.Não tem uma teoria ou base ideológica que prove isto.

O capitalismo de estado é aquele que administra o estado como s e fosse uma empresa.Muitos neo-liberais defendem este tipo de governo e na China o que predomina é isto aí mesmo.

Se entra o capital,se o capital cresce ,as condições de progresso nacional estão dadas,mas é lógico que se não houver uma ideia do que fazer com ele,para além do processo de seus ganhos,não há mudança nenhuma.

E como eu já expliquei várias vezes,o puro mercado,por si mesmo,não é suficiente para mudar as nações no plano social.

O nacionalismo legitimo é aquele que sem exaltação reconhece a sua prioridade(sem xenofobia)e considera a formação nacional como a base da mudança,nas suas relações evidentemente com o mundo.

A identificação que faz o governo,este governo,com o mercado não é nacionalismo e tem semelhança com o internacionalismo de esquerda,diferentes,mas ambos desconhecendo o campo social onde os problemas totais da humanidade aparecem e podem ser resolvidos.Não é nem o mercado ,nem o operário,mas o cidadão,a república ou o coletivo,com suas mediações,inclusive e fundamentalmente,do direito,do estado de direito.

Corre por aí uma noticia de que aproveitando-se de que a atenção do público está voltado para a guerra,Bolsonaro quer liberar as terras indigenas para produzir minérios e outros itens ,alegando que com as sanções de lado a lado,é preciso que o Brasil se previna.

Depois analisarei este truques deste governo.O quero demonstrar é que este nacionalismo propalado é falacioso e que há por trás um oportunismo imediatista,de favorecer setores apoiadores potenciais do governo,visando às eleições.


domingo, 6 de março de 2022

Ucrânia VI

 

Todo mundo sabia que haveria uma guerra

Agora nestes 10 dias que correm da Guerra da Ucrânia apareceu todo profeta,todo analista,dizendo que sabia que ia acontecer,mas não precisa ter qualidades excepcionais de vidente para entender que o modo como a tentativa de 2014 de dominação da Ucrânia terminou,que haveria uma nova incursão,um novo esforço da Rússia.

Agora aparece tudo quanto é analista para exagerar a complexidade do problema,fazer profecias e prognósticos,mas a verdade é que quem conhece história sabe que isto tudo é um jogo cinico que Henry Kissinger chamava de “concerto das nações” e que vem desde a época de Napoleão.

Este concerto de nações veio acrescido com a presença marcante dos Estados Unidos,da esquerda e de um imperialismo.que ainda viceja.

Mas o elemento mais decisivo é o dos cartéis,o fluxo de armas como parte central da economia mundial.Maria da Conceição Tavares ,no Prefácio do volume de os economistas dedicado a Hobson dissociou o capitalismo das guerras imperialistas,afrontando Lênin.Melhor,não é uma exigência natural e automática do desenvolvimento do capitalismo o produzir armas e conflitos,para justificá-la.

Contudo,como qualquer outro produto,quando se instala fica dificil voltar atrás.Ainda mais que as armas,por não serem bens essenciais,possuírem este fluxo que aparentemente não atinge as necessidades básicas de uma determinada nação(atinge a de outras,como a Ucrânia).Antes propicia o acumulo de capital que favorece aos cartéis,aos governos que querem se manter e ainda,as grandes migalhas são passadas para o povo.

Há dois dias Putin prometeu compensar as famílias dos soldados mortos na guerra,a quem chamou de “ heróis”(de certa maneira são,não é?)

Lembram que me referi ao problema do crescimento da oposição,depois que o maior disssidente tomou mais quinze anos de prisão?Pois é,em face desta oposição Putin tomou metade da Ucrânia,onde vivem os chamados russos étnicos.A guerra é para justificar truques deste tipo,de legitimação e apoio,além da questão do capital.

Há dois dias também uma analista russa afirmou que as sanções vão prejudicar o povo russo,que que se juntará ao seu governo,goste dele ou não ,para poder sobreviver.Se juntarão à nação,mas agora tendo que inetragir com o governo.

No fim da Iugoslávia o modo de intervir militarmente era pela ONU,mas Clinton,para agradar aos cartéis e manter o esquema de sustentação dos governos americanos,atacou ,colocando os sérvios contra o ocidente,complicando muita mais as coisas.

Há muitos anos disse que era regra do Partido democrata colocar na cabeça de chapa sempre alguém bem à esquerda(à moda americana,nacionalista),mas na vice-presidência alguém mais conservador,mais interessado no país do que no exterior.

Isto já acontecia com Wilson,mas no âmbito da segunda guerra tal dicotomia recrudesceu.

Ainda mais porque os quatro mandatos do Presidente Delano Rossevelt insuflaram nos conservadores americanos um medo de uma intenção golpista nos democratas,eternizando o politico no poder.

Para aplacar esta irritação,cada vez mais os democratas puseram na chapa um politico mais à direita,como Harry Truman,no quarto mandato de Roosevelt e depois Kennedy e Lindon Johnson ,o qual ,após o assassinato,prolongou a guerra do Vietnã.

Enquanto as cinzas da URSS ainda esfriavam os democratas mantiveram um vice mais moderado,embora o truque continuasse,mas agora e talvez pelo medo de que a guerra-fria se escoasse pelo ralo entraram em um conflito armado para manter a ordem das coisas como era.

E era ,desde o final da segunda guerra este esquema ,em que o complexo industrial militar denunciado por Eisenhower,crescia e dava as cartas.O conflito com a URSS,a necessidade de armas,de produção de tudo o que fosse útil para a guerra ,só encorpou.

O maior obstáculo para construir uma nova fase na História é este e isto tem reflexos no Brasil,porque é este fluxo de armas que municia os traficantes aqui e em outros lugares.

Biden,não só deu continuidade à tendência dos democratas,como trouxe novos horrores,mas se inseriu neste esquema pós-segunda guerra.

quarta-feira, 2 de março de 2022

Ucrânia V

 

O papel de Bolsonaro

As análises sobre a guerra atual continuam.As incompreensões também.Quem não conhece o passado e não tem informação histórica vai se complicar ao abordar a guerra atual.A posição atual de Bolsonaro causa espécie em todos(inclusive em analistas de radio),mas ela tem sentido.

Eu vou começar a explicar apresentando um exemplo do passado:o primeiro país a reconhecer a independência de Angola foi o Brasil,em 1975.Como todos sabem o governo de Angola que proclamou a independência foi o de Agostinho Neto,um grande prócer da descolonização africana e... marxista,ligado à URSS.E o governo brasileiro era o de ...Geisel,um dos grandes anti-comunistas da História do Brasil.

O que o fez tomar esta decisão?Conforme eu já expliquei em outros textos e livros,o que explica a geopolitica atual é a contraposição entre a teoria do Haertland(Coração da Terra) e a do Rimland(a teria da s águas).Resumindo,pela primeira teoria quem domina a Rússia,uma grande massa de terra que se liga a outra,a China,domina a Europa e o primeiro mundo ou o hemisfério norte.E daí é a referência mundial.

A única forma de se opor a esta eventual dominação é controlando os mares.O segredo do imperialismo inglês é que,com a sua famosa marinha,a metrópole podia estar em qualquer e podia estacionar onde quisesse.

Os Estados Unidos e seus aliados precisam dos mares ,do Atlântico norte,do Pacifico,do Indico,do Mar Vermelho e assim por diante,mas um mar especificamente é decisivo:o Atlântico Sul,especialmente neste mar que une o Rio de Janeiro à Angola,locais em que foi descoberto,ainda por cima,o pré-sal.

Uma das razões pela quais os Estados Unidos ficam de olho no Brasil é exatamente esta.

Como o Presidente Geisel tinha uma postura geopolitica e particularmente era muito crítico aos Estados Unidos,atacando sempre a nossa dependência,foi absolutamente justo que ele tivesse boas relações com Angola.

Às vezes ,entre a esquerda e a direita ,motivos deste tipo criam situações aparentemente escandalosas,como foi o pacto ribentrop-molotov.

Por razões muito especiais há uma simbiose entre elas,que pode denotar algo mostruoso,mas que tem sentido dentro da politica e da geopolitica.

O Brasil sempre foi um país neutro e humanitário,tendo revogado esta posição por motivos humanitários:ajudar nas duas guerras mundiais a diminuir a sangria de vidas dos países mais envolvidos.Assim mesmo o Brasil foi não para combater mas para manter aquilo que já havia sido conquistado,já que não havia porque o Brasil se sacrificar no final da guerra.Uma guerra que ele não criou.

O Brasil ,como outros países, não pode intervir assim em outros,como quase Lula fez na Venezuela,porque no futuro isto retorna para nós.Numa condição de crise ou de guerra tem-se o direito de pedir a ajuda a alguém.Mas não é o caso agora.

Na Revolta Húngara de 1956 os comunistas pediram ajuda a Kruschev para não serem massacrados.Em 1968,porém,não foi deste jeito.Ninguém ajudou aos tchecos.

Esta guerra,repito não é tão fácil de entender e a Ucrânia não é inocente.Inocentes são as pessoas comuns,como sempre,que pagam o pato.Lutar por uma saída diplomática é para evitar este respingo sobre gente comum,que os governos propiciam em seus interesses.

A assembléia da ONU tem razão em condenar este ato do governo russo,como invasão e guerra de agressão,mas as sanções são um outro problema,porque elas atingem o povo russo também ,incluindo a oposição à Putin.Se Putin conseuir criar uma alternativa para se evadir desta pressão e garantir uma condição digna de sua população isto vai isolar a oposição e dificultar-lhe a luta.

As empresas ocidentais lutam contra os empresários da Rùssia dentro de um clássico e complexo jogo de concorrência,como tantas vezes, e tal coisa só favorece aos seus interesses.

Pela primeira vez eu tenho que concordar com o jumento,porque ele está seguindo a nossa via diplomática,de mais de um século,já que ele não decidiu isto sozinho,mas acompanhando os conselhos da diplomacia brasileira.

Se assim se fizesse o povo brasileiro seria prejudicado mais ainda e o Brasil ficaria a descoberto para uma intervenção futura sobre o seu território.