Com isso
eu quero dizer
que eu vou
tentar a partir
de hoje ,junto com
os artigos sobre
a politica,colocar os outros
temas que fazem
parte do propósito deste blog.Por
força dos interesses politicos eu acabo não
tendo condições de
abordar os temas
mais permanentes da
cultura e não
cumpro as promesas que fiz,o
que pode deixar muita
gente aí disposta a
me acusar de
alguma coisa.Eu estou
para falar da
questão das biografias
há quase um ano(kkkkk).Mas
eu vou falar
hoje de literatura.
Antonio Cândido
Há muito
temp atrás eu
fiz uma crítica
a este intelectual que mantenho hoje,porque ele
não coloca no
mesmo nível de
Guimarães Rosa e
Machado de Assis,Graciliano Ramos,porque este era
filiado ao stalinismo(quando não
sabia dos crimes) e ele
trotskista.
Como crítico
ele não podia jogar
deste modo com coisa
séria,como é a
sua profissão.Por isso
eu questionarei em
artigos mais para
frente a profissionalidade da
atividade crítica.Na minha
opinião ele deveria
passar por cima do
seu escrúpulo e
defender o escritor ou
então se calar,seria
mais ético.
Mas eu
queria me referir
ao problema que está
embutido em toda esta discussão
que eu não
vou repetir.A bem da
verdade o Brasil
ainda não teve um
escritor epocal e
universal tal,como,digamos,Shakespeare
ou Dante.Epocal,quer dizer,que
reúne todo o
conhecimento de sua época e
universal porque trata
de toda a humanidade.
Nossos escritores
são nacionais.Neste sentido
de Machado até
Guimarães Rosa,passando por Euclides da
Cunha,Mário de Andrade,Raul Pompéia,José Lins do
Rego,Lima Barreto e
Graciliano,temos escritores e romances
do mesmo nível.
Certa ocasião
assistindo ,na TVE ,uma
entrevista com Josué
Montelo e José
Guilherme Merquior ,no
periodo em que
passava na televisão
a versão de “ Grande
Sertão:Veredas”,Josué me estarreceu
dizendo que a importância de
Guimarães e deste romance
era somente a linguagem,por
consequência,não o sendo
o conteúdo.Passei a entender
que Graciliano é
importante como escritor e
como homem de idéias,que passam para
o conteúdo dos romances.Neste sentido ele é
mais completo do que Guimarães
Rosa.
Os escritores
brasileiros são todos
caudatários de inovações formais
do exterior.Guimarães bebe
na fonte de
Joyce,enquanto Graciliano na da corrente
da consciência.
Deste modo
não afirmamos a
originalidade total deles.
A oportunidade de criar
um escritor universal em língua portuguesa,se
perdeu no escasso e
reprimido Renascimento português
que só teve
dois expoentes máximos,Gil
Vicente ,no teatro, e Camões
na poesia.Camões,a meu
ver,é o que
chegou mais perto
da universalidade,mas só
o teria conseguido
realmente se tivesse feito
um poema para todas
as navegações,não só
as de Portugal.Confinado-se no
nacionalismo,perdeu esta chance.
Enquanto na
Espanha apareceu um Cervantes,na Itália,Dante e na
Inglaterra,Shakespeare,aqui
não apareceu ninguém.Os conteúdos teatrais
de Gil Vicente são
também muito nacionais.
Alguém poderia
trazer a figura
aqui de Vieira,mas ele
é de outra fase
da humanidade e segue o
caminho dos autores anteriormente
citados.
Reitero
que Graciliano é
importantíssimo para compreender o
homem brasileiro.As relações
de classe em “Caetés”,a figura do
latifundiário em “São Bernardo”,a
fome dos retirantes,em
“Vidas Secas” e o papel
do dinheiro nas
relações amorosas,em “Angústia”.
Eu levei
anos para ler
este último romance.A
minha dificuldade foi
sempre a mesma de
Prestes.Durante décadas eu
parava na frase,logo
na primeira folha:”impossível trabalhar”.Impossivel continuar.Impossível ler,eu
pensava ,e só
no ano de 2014 pude
fazê-lo integralmente.Foi preciso
amadurecer.
Angustia é o
homem urbano.Ledo Ivo
erra ao dizer
que é simplesmente
um romance de traição,sem características sociais.É
sim , porque é o romance
em que a
traição se dá
por dinheiro.A pretendida
do personagem o
rejeita por ele
ser pobre.
É conhecida
a influência de “ Os
Ratos” de Dionélio Machado,livro muito apreciado
por Graciliano.Mas ele introduz
sim ,além do aspecto existencial ,
um viés social,pela mediação
a que me referi.
Depois vieram
as memórias que têm um
importante significado de
fixação de uma época,mas
sem universalidade.
Eu ponho Machado,Graciliano,Mário de
Andrade e Guimarães
como os maiores ,nesta
ordem decrescente,e em próximo
artigo explicarei porque.
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