terça-feira, 17 de março de 2015

A cultura,neste blog,resiste bravamente.



Com  isso  eu  quero  dizer  que  eu  vou  tentar  a  partir  de hoje  ,junto  com  os  artigos  sobre  a  politica,colocar  os outros  temas  que  fazem  parte  do propósito deste  blog.Por  força  dos interesses  politicos eu acabo  não  tendo  condições  de   abordar  os  temas  mais  permanentes  da  cultura  e  não  cumpro as promesas  que  fiz,o  que pode  deixar  muita  gente    disposta a  me  acusar  de  alguma  coisa.Eu  estou  para  falar  da  questão  das  biografias  há quase um ano(kkkkk).Mas  eu  vou  falar  hoje  de  literatura.
Antonio  Cândido
  muito  temp  atrás  eu  fiz  uma  crítica  a este  intelectual que  mantenho hoje,porque  ele  não    coloca no  mesmo  nível  de  Guimarães  Rosa  e  Machado  de Assis,Graciliano  Ramos,porque este  era  filiado  ao  stalinismo(quando  não  sabia  dos crimes) e  ele  trotskista.
Como  crítico  ele  não podia  jogar  deste  modo  com coisa  séria,como  é  a  sua  profissão.Por  isso  eu  questionarei  em  artigos  mais  para  frente a  profissionalidade  da  atividade  crítica.Na  minha  opinião  ele  deveria  passar por  cima  do  seu  escrúpulo  e  defender o  escritor  ou  então  se  calar,seria  mais ético.
Mas  eu  queria  me  referir  ao  problema  que está  embutido em toda  esta  discussão  que  eu  não  vou repetir.A  bem  da  verdade  o  Brasil  ainda não  teve  um  escritor  epocal  e  universal tal,como,digamos,Shakespeare  ou  Dante.Epocal,quer  dizer,que  reúne  todo  o  conhecimento de sua época  e universal  porque  trata  de  toda a  humanidade.
Nossos  escritores  são  nacionais.Neste  sentido  de  Machado  até  Guimarães  Rosa,passando  por  Euclides  da  Cunha,Mário  de Andrade,Raul  Pompéia,José Lins  do  Rego,Lima  Barreto  e  Graciliano,temos  escritores  e romances  do  mesmo  nível.
Certa  ocasião  assistindo  ,na  TVE  ,uma entrevista  com  Josué  Montelo  e  José  Guilherme  Merquior  ,no  periodo  em  que  passava  na  televisão  a  versão  de “ Grande  Sertão:Veredas”,Josué  me  estarreceu  dizendo  que a importância  de  Guimarães  e deste  romance  era  somente a linguagem,por  consequência,não  o  sendo  o conteúdo.Passei  a  entender  que  Graciliano  é  importante  como escritor  e  como  homem de idéias,que  passam para  o conteúdo  dos  romances.Neste sentido  ele é  mais  completo  do  que  Guimarães  Rosa.
Os  escritores  brasileiros  são  todos  caudatários  de inovações  formais  do  exterior.Guimarães  bebe  na  fonte  de  Joyce,enquanto  Graciliano  na  da  corrente  da  consciência.
Deste  modo  não  afirmamos  a  originalidade  total deles.
A  oportunidade de  criar  um escritor  universal  em  língua  portuguesa,se  perdeu  no escasso  e  reprimido  Renascimento  português  que    teve  dois  expoentes  máximos,Gil  Vicente ,no teatro,  e  Camões  na  poesia.Camões,a  meu  ver,é  o  que  chegou  mais  perto  da  universalidade,mas    o  teria  conseguido  realmente se  tivesse  feito  um  poema  para  todas  as  navegações,não    as  de  Portugal.Confinado-se  no  nacionalismo,perdeu  esta  chance.
Enquanto  na  Espanha  apareceu  um Cervantes,na  Itália,Dante e  na  Inglaterra,Shakespeare,aqui  não  apareceu  ninguém.Os conteúdos  teatrais  de  Gil  Vicente são  também  muito  nacionais.
Alguém  poderia  trazer  a  figura  aqui de  Vieira,mas  ele  é  de outra  fase  da  humanidade e  segue  o caminho  dos autores  anteriormente  citados.
Reitero que  Graciliano  é  importantíssimo  para  compreender  o  homem  brasileiro.As  relações  de  classe  em  “Caetés”,a  figura do  latifundiário em  “São  Bernardo”,a  fome  dos  retirantes,em  “Vidas  Secas” e  o papel  do  dinheiro  nas  relações  amorosas,em  “Angústia”.
Eu  levei  anos  para  ler  este  último  romance.A  minha  dificuldade  foi  sempre  a  mesma de  Prestes.Durante  décadas  eu  parava  na  frase,logo  na primeira  folha:”impossível  trabalhar”.Impossivel  continuar.Impossível  ler,eu  pensava  ,e    no  ano de  2014 pude  fazê-lo  integralmente.Foi  preciso  amadurecer.
Angustia  é o  homem  urbano.Ledo  Ivo  erra  ao  dizer  que  é  simplesmente  um  romance  de traição,sem  características  sociais.É  sim , porque  é o  romance  em  que  a  traição  se    por  dinheiro.A  pretendida  do  personagem  o  rejeita  por  ele  ser  pobre.
É  conhecida  a  influência   de “ Os  Ratos”  de Dionélio  Machado,livro muito  apreciado  por  Graciliano.Mas  ele introduz  sim ,além  do aspecto existencial , um viés  social,pela  mediação  a  que me  referi.
Depois  vieram  as memórias  que têm um importante  significado  de  fixação de  uma  época,mas  sem universalidade.
Eu  ponho Machado,Graciliano,Mário  de  Andrade  e  Guimarães  como os  maiores  ,nesta  ordem  decrescente,e  em próximo  artigo  explicarei porque.

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