Na ocasião
em que Marina condicionou
o apoio a
Aécio Neves no segundo turno, a lutar
para acabar com a reeleição eu
não percebi o
alcance desta proposta.
Como não
vai haver reforma política nenhuma,o
caminho para mudar
esta situação toda é
pela atividade política propriamente
dita,idéias,propostas,criação
de partidos e programas.
O começo
se dá efetivamente
pela proposta de Marina,porque
,embora eu não
seja contra a reeleição,no
Brasil,nas condições atuais,ela
favorece a constituição de grupos
na administração
pública,associados ao poder
que continua.Isto facilita
a continuidade de
interesses,que,diante de benesses
não querem mais sair.
Efetivamente
é difícil mudar
o Brasil em
quatro ou cinco
anos.Mas só se muda
em quinze se
houver partidos ,programas e
políticos austeros.Partidos programáticos
fortes e um funcionalismo
profissional.Mudar em 5
ou quinze depende
de algo mais profundo.
Longe de mim
defender o governo
autoritário de Getúlio
,de 37 a 45,mas uma
das condições para
ele fazer as
mudanças que estão aí
até hoje foi
um funcionalismo profissional
de alta qualidade.
No final
da ditadura de 64,nós
discutíamos o retorno desta
profissionalização e muitos entendiam
,inclusive eu,que só
com o parlamentarismo era
possível separar a esfera
política do serviço
público.Eu ainda penso
desta forma,porque,no presidencialismo,depois do pacote
de Abril,em 77,o
Presidente só tem
uma forma de negociar
com o Congresso
o seu programa
de governo,através da
distribuição de cargos.
Muita gente
fala no financiamento
público de campanha.É uma
boa medida,mas a causa desta
situação é este toma
lá dá cá,que
expressa uma realidade
mais complexa do
problema da corrupção.
O financiamento
público de campanha
não dará certo se
este problema continuar.O problema
da corrupção não
é só o da campanha
,é o do
sistema,típico deste presidencialismo de coalizão
,que nós
vemos prosperar desde
o fim da ditadura.
Assim sendo ,se
voltarmos ao constitucionalismo brasileiro
tradicional ,de alternância e divisão de poder nós poderemos colocar
de fato a essência do poder republicano e da democracia,bem como,até
mesmo,uma visão social
mais moderna,porque dividir o
poder é um
pouco de socialismo
também.
Cada governo será
obrigado a qualificar
mais as suas decisões.Para
isso terá que
ter um programa mais
bem amarrado e
será possível ,acima
de tudo,construir ,a partir
dos partidos,uma política de
estado que oriente as
políticas públicas.
Há muito
tempo,neste blog,eu me
referi ao fato
de que para mim a verdadeira
política é a de
estado,porque ela considera
as necessidades nacionais e
coletivas, as quais
são mediações que devem
nortear a atividade imediata
dos políticos.
Os políticos brasileiros
só olham para o seu
umbigo,para o seu nariz.Existem
políticas que se referem
aos interesses locais,mas
na maior parte,estão imbricados com
problemas nacionais.
Um
exemplo é o da
segurança.Não se pode pensar
em resolver o problema
do tráfico nas
grandes cidades,se não
houver políticas coordenadas
nacionalmente,para impedir
entrada de armas e
drogas.Esta tragédia não
se resolve porque
cada um destes problemas
não está coordenado.Sabe-se lá
porquê...
Ele não se
resolve porque cada
governo implementa uma política
que
o seguinte destrói.Este é o mal de
uma divisão de
poder,mas a partir dela ,a sociedade,que
foi às ruas em
2013 tem mais condições de pressionar
a política nacional a
se comportar de um modo
diferente.
Neste sentido
a estratégia de retorno
ao proscênio de Marina está
dada.A falta de grandeza de
Aécio,que só vive
chorando,pode tê-la Marina,na medida
em que é a
única,aparentemente,que põe as
questões de fundo ,que
estão presentes nesta
atual crise.
Ainda que se
faça um
acordo para tirar
Dilma,isto vai esgarçar
o processo político brasileiro,que
já está apodrecendo.As questões
de fundo,estruturais , ficarão ao
sabor destes interesses
particulares,representados
pelos presidentes da Câmara e
do Senado e a política de
Estado,conectada com um
projeto , ficará para as
calendas.
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