quinta-feira, 26 de março de 2015

Explicação necessária



Todos  os  elementos  para  uma  renovação  da  esquerda  no  Brasil,depois  da  queda  do  muro  de  Berlim, já  estavam  dados  antes,quando  da  auto-reforma  teórica  do  comunismo e  recuperação  do  verdadeiro  sentido  das  palavras  de  Marx,devidamente  adaptadas e  rejeitadas  diante  do  mundo  moderno.
Que  era  necessário  repensar  o  conceito de nação,como  algo  não eminentemente burguês(ver  Gramsci  no  Ordine  Nuovo).Que  era  preciso  tornar a  democracia,não  meio,mas  fim,da  atividade  da esquerda,aceitando,inclusive , a alternância  de  poder  como  algo  natural.Que  era  preciso deslegitimar  os regimes  de  Partido único.Que  era  preciso  pensar  em  termos  atuais os programas  partidários.
  muito tempo,neste blog,eu  disse  que  era  muito  difícil  implementar  estas e  outras  mudanças porque  a esquerda que  ficou  depois  da  debacle,fazia  este  discurso  renovador,mas  na  prática  não  o  aplicava.Esta  foi sempre  uma  característica  da  esquerda  brasileira.Se  o  cavalo  passar  encilhado  ela  o monta  sem medir  as  consequências.Vê-se  isto  na  tentação  de  apoiar  este monstro  que  é  o  “ bolivarianismo”
Quem  está pensando  num  pacto  nacional  que  consagre a  participação da burguesia?O MST  de  Stédile,com  as  bandeiras  vermelhas e  seguindo  o  maoismo,que  eles  cismaram  que  serve  para  um  país  como  o  Brasil?
Quem  fala  hoje  em  neo-desenvolvimentismo  tem a  mesma  concepção  de  antes de 64:seguir  o  leninismo,desenvolvendo  as  condições objetivas  do capitalismo,para  no  aguçamento das  suas  contradições,  fazer a revolução.
Tirando  Erundina,  quem  propõe  um  programa  moderno?Talvez  nem  ela  consagre  a questão  do feminismo,do  problema  LGBT.Para  além  das  propostas  econômicas  em  que  termos  os  valores  novos  da sociedade  são  consagrados  nos  partidos de esquerda  atuais?
Sinceramente,não se  trata  de  teoria,mas de  avanços  reais,novas  propostas.
A  cabeça  das  pessoas de esquerda    no  Brasil  reproduz  uma  visão  economicista  que  desdenha  as  reinvindicações  do  povo.Até  agora  ninguém  refletiu  sobre o  fato  que  eu tenho  sobejamente  falado  aqui  de  que  uma  nova  geração  quer  participar  da politica e  não  pode  porque  os  que estão    não  querem largar  as  suas  posições.Esta  resistência  não  vale    para a  direita.
Quando  eu  me referi  a  uma  das últimas  tentativas  de  acordo entre  as  duas  Coréias,há  uns  três anos,eu  citei  um  velhinho  sul-coreano,que  sonhava  antes  de  morrer,em  ver  pela  última  vez,parte de  sua familia ,que  ficou  do  lado  do  norte.Ele  disse:” A  questão    vai  se  resolver(ele  não  é PHD  nem  nada,é  um  comerciante  comum,diga-se),quando  a  última  pessoa  que  participou  da  divisão  do  país  morrer”.Para  mim  isto  vale  para  toda  a  esquerda,no mundo  todo,neste  últimos  vinte  anos,depois  da  queda do  muro.
  quando  os  bondosos  velhinhos  morrerem  é  que  os vivos  terão  coragem de  fazer  o  seu  dever  de  continuar  a  luta  reconhecendo  que estes  velhinhos  não têm  mais condições  de  incorporrar  os  temas  atuais.E  quando  velhinhos  eu  me refiro  aos  jovens  que  pensam  como  no passado.Que  não  reconhecem  que as razões  da  derrota  estão  nas  fileiras  do  socialismo e  não  na  ação  dos inimigos.


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