quarta-feira, 4 de março de 2015

Humildade II



Depois  de  tantas  incompreensões  com  relação ao  meu artigo  sobre  humildade não  posso  deixar  de  retomá-lo  para  explicar  melhor  o  que  eu  disse.
Quando  Cleópatra  se  suicidou  ela  usou  uma  serpente  chamada  áspide,cujo  veneno  funciona  mais  ou  menos  como  o  que  possui  o  peixe  baiacu:s  você  usa pouco  até  ajuda  na  saúde.Se  usa  demais  você é  intoxicado.
Um  caso  semelhante  ocorreu  com  o  Marquês  de Sade.O  caso  dos  “ bonbons  cantaridados”,que  é  o  primeiro(e  único)crime  de  que  foi  acusado.Era  comum  em  festas  de  arromba  com  prostitutas na  Paris  do  século XVIII  usar  bonbons  com  um  tipo  de peçonha  tirada  de  serpentes  específicas.
Quando  o  Marquês  fez  a  sua  festinha   ele  não  percebeu  que  a  quantidade  de bonbons  que  seriam  comidos  acabaria  por  levar  ao  organismo  das  meninas uma  quantidade  intoxicante  de veneno  e  isto  foi  o  que  acabou  acontecendo  e  duas  delas  morreram.
Mutatis  mutandi,o  conceito  de  humildade,como  tantos outros,tem a  mesma  natureza.Se  usado  com a  prudência  necessária  ela  ajuda  na  saúde.Se  excessivo  ele  pode  causar  intoxicação.
Humildade  demais faz  as  pessoas  se  vergarem,as  pessoas  perdem  o desejo  de  lutar  e  se  tornam  tuteladas.Pouca  humildade,ou nenhuma,é  lógico  que cria  uma  ambição desmedida,como a  de  Macbeth,intoxicando a  pessoa  ,que  perde  também a  noção de limites  e  o  contato  com a  realidade.
A  pessoa  deve  transitar  entre  estes  dois  extremos,como  deve  acontecer dentro  dos  conceitos  de  Nietszche,do  homem e  do  além-do-homem.Parece  que o  filósofo  é  um  outro  caso  clássico  de  perda de  equilíbrio.
O  verdadeiro  herói  deste  filósofo  é  o  trans-valorador de  valores,o  que  constitui  os seus  próprios  sem  referência  a  um  conceito coletivo e  abstrato,como  humanidade,que  existe  para  submeter  esta  figura,que  busca  a  sua  afirmação,a  sua  potência em  si  mesmo,na  sua  afirmação,sem  a  consciência  de rebanho,que  manda  associar  a  si  mesmo  com  os outros.
Se  este  uber-mensch,transvalorador, exagera  na  dose ele  perde  o  contato  com a realidade,porque  ele  não existe  sozinho  e  dissociado da experiência  humana,que  não  sai  dele ;e  se  ele  aceita  este  humanismo,que  é uma  criação  abstrata,ele  acaba     não    por  negar-se  mas  também  aceita  nesta  idealidade quaisquer  pessoas,sem  critério,homens  da  manada  e  ubermensch.



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