quinta-feira, 5 de março de 2015

Nietszche e Kant



Conta-se  uma  piada  atribuída a  Nietszche  sobre  Kant.Para  este a  filosofia  de  Kant  era  como  um  homem  que  vive  com a  mesma  mulher  durante  anos,que  resolve  sair  do  marasmo,enganando-a.Ele    um  jeito de  ir  a uma  festa  à  fantasia(o  que  o  ajuda   a  se esconder),louco  para  arranjar  um  encontro.Quando  chega    se  diverte,brinca  ,encontra  uma  pessoa  que  está  de máscara,convence-a a  ir  a  um,diríamos hoje,motel.Eles  tiram a  roupa  e  ...de  repente...quando ela  tira  a  máscara,ele    que  é  a  mulher  dele!!!
Apesar  das  críticas à  metafísica  de  Kant  ,sem  as inovações  deste  último , Nietszche  não  poderia  ter  existido com  sua  maneira  tão  peculiar  de  expor  o  seu  pensamento,a  famosa    prosa  dançarina”,mas que  é uma  sucessão de grandes  metáforas.Dir-se-ia  que  não  pretendendo  explicar  cientificamente  nada ,Nietszche  imita  aos mitos  ,fazendo  narrativas  ,das  quais  os  seus  valores e critérios  saem  aos  borbotões.
Kant ,ao libertar a linguagem de uma adequação  pura  e  simples  ao  objeto  permitiu  um desenvolvimento  do pensamento  ocidental,que  não fica  mais condicionado  ao  racionalismo explicativo,mas  atribui  sentidos,valores  ,significados  ao  mesmo,que  são  base  para a  atividade  de  Nietszche.Por isso  acho  que ele  cospe  no  prato  que  come.
Como  falei  no  artigo  anterior,que  quero esclarecer e  aprofundar  agora,isto  permite  autonomizar  mais ainda  a subjetividade.O  uber-mensch  é  alguém  que  não liga  para  modelos,concepções  metafísicas,que    confinam  a  subjetividade em esquemas  abstratos.O  grande  rebanho coletivo.
Contudo  não  acredito  que esta  autonomização  seja  absoluta,que  este  transvalorador separe  de  forma  absoluta  a “  boa da má  consciência”.Porque  quer  queira  ele  ou  não,traz  em  si  uma  experiência comum  dos homens  que  ele  não  adquire    na  sua vida,mas recebe  da  sua  condição natural,genética,de homem,de  espécie humana.
O  transvalorador  terá  sempre  um pé  neste passado,neste  presente e  neste  futuro dito  humanidade,uma  noção,um conceito(racional-explicativo),que  se  refere  a esta  carga  natural,da  qual  somos herdeiros  inevitáveis,como  diria  Hamlet:” os  pecados da  carne”.

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