segunda-feira, 11 de maio de 2015

Considerações sobre o papel dos sindicatos



Como  eu  disse  em  outro artigo,dentre  todas  as tarefas  importantes dos  sindicatos,a  maior  é garantir  a  empregabilidade  de  todos  os  trabalhadores,acabando  com  a  “acumulação  primitiva”.
Estudando  a  história  de outros  sindicatos  nós  observamos  que  este processo  começa,quero  dizer  o  processo  de  garantir a  plena  capacidade, quando os  mecanismos  de tutela  dos  patrões  sobre  os  trabalhadores  são  destruídos.Quando  os  critérios  políticos não  são  usados  mais para  dividir  os trabalhadores  e  cooptar  uma  “aristocracia de  trabalhadores”,que ,nos diversos  países têm  nomes  diferentes,mas  aqui  no Brasil  são chamados  de  “ pelegos”.
A  relação  natural  e exigível entre  patrões  e  empregados é  respeito  absoluto  à atividade  profissional  dos trabalhadores,sem interferência.
Quando  se    a  formação  dos sindicatos  nos Estados  Unidos  observa-se  que  este  caminho  foi  feito  de uma  maneira  dura  e difícil,mas  que teve resultados  neste sentido a  que  nos  referimos.
Antes  que alguém aí  diga  que  eu  estou  idealizando os sindicatos  estadunidenses,eu  sei que  existem  outros problemas  que eu  abordarei  depois.
O  que  eu discuto  agora  são só  fundamentos  do  crescimento  dos sindicatos,da  sua fundamentação.De  como  devem  representar  os  seus  associados.
Outro  dia  lia  um  livro sobre  o  sindicato  dos atores  de  Hollywood.No período  referente  à  Guerra  do Vietnã  muitos  atores,como Jane  Fonda e  Marlon  Brando,usaram a  extrema  politização  do cinema  para  não  só se  opor  a isto,mas  também  para colocar  de  vez   a questão  da  profissionalização  da  sua  atividade.
Desde o  inicio de  Hollywood  qualquer um  que fosse  bonitinho  e  tivesse  peito grande  podia  ser  alçado  à  condição  de estrela,ou  seja,   a objeto  capaz de  produzir dinheiro  para  os  estúdios.
A  cristalização  máxima  desta    proposta”  se  deu  com a  figura de Marylin  Monroe.Ela  era  tão objeto  que vivia  na  mão  dos políticos ,dos  produtores,que  lhe passavam ,nas  festas,a  mão  no  traseiro e  coisas  piores.
Mutatis  mutandi  isto  é o  que  acontece  com  qualquer trabalhador  sem  um  sindicato  capaz de  defender,nos termos supra-ditos,a  profissão  do  associado.
Mas  não foi    Marylin  quem  enfrentou esta “ objetalização”.Jane  Fonda,a    Barbarella”,iniciou a  carreira desta  forma,mas ,no momento seguinte,reagiu,manifestando  opinião política  e  exigindo  que a  sua condição  de  atriz  não  fosse  atingida  por  causa  destas opiniões,como foi intentado  por  Richard  Nixon,que  tentou  varrê-la  de  Hollywood.Nisto  o sindicato  dos atores a  ajudou deveras(Bill  Aisner).
Um  outro ator,de ótima formação,quase  ficou  na  mesma  posição da  citada  Marylin:Marlon  Brando.Na  década  de  sessenta  ele acumulou  11 fracassos  seguidos  porque os  estúdios  queiram transformá-lo  num  ícone  sexual,não  num  ator  bem formado,como  era ele.
Mas  ele reagiu   politicamente  e conseguiu  recuperar  a  sua condição  real  de  ator  com  “O  Poderoso  Chefão”,em  que  foi dirigido  por  figuras  críticas  de  Hollywood,como  Coppola  e  De Niro.
O  que  acontece  com  os  professores  no  Brasil  é,repito,Mutatis  Mutandi,o que  se  fez  com  Marylin e  estes  atores.Os professores  são obrigados  a  aprovar alunos sem  condições,porque  estes  pagam;os  professores  têm redução de  salários;perdem  direitos;não possuem condições  de  trabalho  e  quando reclamam  sofrem  retaliações.O aluno  é  receita  ,o professor  despesa.
O que  os  sindicatos  devem  fazer  é  perguntar,como fizeram  os citados personagens:o  que é um professor?Assunto  para  o  próximo artigo.

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