sexta-feira, 15 de maio de 2015

Lula



A  minha  posição  diante  da figura  de Luiz  Inácio  da  Silva  sempre  foi  positiva,mesmo  quando  na  época  em que ele  criou  o  PT  soterrando  o meu  partido , o  PCB.Sempre  gostei  de fazer  piada  com a relação PT/PCB.Naquela época  o  PCB  acusava  o  PT  de  tudo,mas  era  despeito,porque  o  PT  ganhava mais e mais espaço em detrimento dos comunistas.
A minha  piada  era  baseada  num  anúncio  antigo em que  dois  meninos  conversavam  em  frente  de  uma  garota que  passava.Um  dizia:”Ainda vou  namorar  esta  gatinha”e o  outro “já  estou  namorando,vou  sair  com ela  hoje”.
A  relação  PT/PCB  foi  do  mesmo  tipo.Era  como  se  o  PT  fosse  o  garoto  que  levava  a  menina:o  PT  ganhou as  massas  e  a  culpa  não era  dele,era  dos  comunistas  que só  erravam(e  erram  porque  não?).
Também  costumo  usar  uma  analogia  para  analisar  a  figura  de  Lula.Em muitos momentos  da  História  grandes  pensadores  e políticos  reúnem  em  si  qualidades  de vivência  e teóricas,mas  em  outros  isto não acontece.Lênin  é um exemplo  de  vivência  aliada à teoria;Marx  não,é o contrário;Kepler  e  Tycho  Brahe  são  respectivamente  teórico  e  prático.
Lula    reúne a  vivência ,não tendo a  capacidade teórica  que a  tradição de esquerda exige.Um  operário  ter  chegado ao poder  foi  um  extraordinário  avanço,mas  não é  isto o  que  define o  político e  o  seu  sucesso,é  o modo como  ele  soluciona  as  tarefas  históricas de seu  tempo.O  sucesso  de  César  foi ele ter percebido o  que estava  em  jogo  e  ter  formulado  a  solução apropriada,a  idéia  de um Império  Universal,Romano.
Stálin  quase comprometeu  a  URSS  quando  da  invasão  alemã,que desdenhou até ao último  momento.
Lula  não  está  à altura  das  tarefas  históricas  que  se colocaram  diante  dele,por  falta de referência e  capacidade  teórica.Ainda  me  lembro quando  ele  apareceu  como figura nacional,depois  da abertura  e das  greves  no ABC,sendo chamado para  entrevistas,de ter  sido perguntado  pelo teatrólogo  Flavio Rangel se estava  se  informando,se  estava  lendo  muito.Não me recordo do  que  Lula  respondeu...
A  tarefa  histórica  da esquerda  em  nosso tempo  é  fazer  reformas  estruturais  e  Lula (e  Dilma)se perderam  no assistencialismo  que  tem pés de barro.Se  perderam  numa  coisa  que  era atribuída(em acusações) ao  PCB,a  falta  de  alternância  de poder, o  continuísmo,que  só fez  crescer a  tendência  distintiva  do PT  quanto  ao aparelhismo.
Ele  se  tornou  dócil  para  as  elites  econômicas  do Brasil ,que perceberam e  percebem  que a  sua  falta de  referência  o  faz   se mover  ao  sabor  dos  mais fortes.
Apesar  da luta  que  Dilma,dentro do  contexto  de    dualidade de poderes”,realiza,e  ele  também,o certo  é  que a  situação  em si já  é  dramática  e  sintetiza o que  é o  personagem histórico  Lula.

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