A minha
posição diante da figura
de Luiz Inácio da
Silva sempre foi
positiva,mesmo quando na
época em que ele criou
o PT soterrando
o meu partido , o PCB.Sempre
gostei de fazer piada
com a relação PT/PCB.Naquela época
o PCB acusava
o PT de
tudo,mas era despeito,porque o
PT ganhava mais e mais espaço em
detrimento dos comunistas.
A minha piada
era baseada num
anúncio antigo em que dois
meninos conversavam em
frente de uma
garota que passava.Um dizia:”Ainda vou namorar
esta gatinha”e o outro “já
estou namorando,vou sair
com ela hoje”.
A relação
PT/PCB foi do
mesmo tipo.Era como
se o PT
fosse o garoto
que levava a
menina:o PT ganhou as
massas e a
culpa não era dele,era
dos comunistas que só
erravam(e erram porque
não?).
Também costumo
usar uma analogia
para analisar a
figura de Lula.Em muitos momentos da
História grandes pensadores
e políticos reúnem em
si qualidades de vivência
e teóricas,mas em outros
isto não acontece.Lênin é um
exemplo de vivência
aliada à teoria;Marx não,é o contrário;Kepler e
Tycho Brahe são
respectivamente teórico e
prático.
Lula só
reúne a vivência ,não tendo
a capacidade teórica que a
tradição de esquerda exige.Um
operário ter chegado ao poder foi
um extraordinário avanço,mas
não é isto o que
define o político e o
seu sucesso,é o modo como
ele soluciona as
tarefas históricas de seu tempo.O
sucesso de César foi ele ter percebido o que estava
em jogo e ter
formulado a solução apropriada,a idéia
de um Império Universal,Romano.
Stálin quase comprometeu a
URSS quando da
invasão alemã,que desdenhou até
ao último momento.
Lula não
está à altura das
tarefas históricas que se
colocaram diante dele,por
falta de referência e
capacidade teórica.Ainda me
lembro quando ele apareceu
como figura nacional,depois da abertura e das
greves no ABC,sendo chamado
para entrevistas,de ter sido perguntado pelo teatrólogo Flavio Rangel se estava se
informando,se estava lendo
muito.Não me recordo do que Lula
respondeu...
A tarefa
histórica da esquerda em
nosso tempo é fazer
reformas estruturais e Lula
(e Dilma)se perderam no assistencialismo que
tem pés de barro.Se perderam numa
coisa que era atribuída(em acusações) ao PCB,a
falta de alternância
de poder, o continuísmo,que só fez
crescer a tendência distintiva
do PT quanto ao aparelhismo.
Ele se
tornou dócil para
as elites econômicas
do Brasil ,que perceberam e
percebem que a sua
falta de referência o faz se mover
ao sabor dos
mais fortes.
Apesar da luta
que Dilma,dentro do contexto
de “ dualidade de poderes”,realiza,e ele
também,o certo é que a
situação em si já é
dramática e sintetiza o que é o
personagem histórico Lula.
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