sexta-feira, 12 de março de 2021

Eu adoro ciência mas ela é humana

 

Tinha planejado escrever artigos sobre outros temas,mas instigado como sempre por beócios à direita e à esquerda,tive que parar e fazer este e esclarecer uma coisa:

Não é que eu deteste ciência porque lhe faço criticas e mostro sua relatividade.Não tenho nada a ver com Olavo de Carvalho e esta direita aí.

Eu só mostro que a narrativa da evolução da ciência não é tão perfeitinha e “ armadinha” como parece.Como toda a atividade humana,religião,arte,política,ela é tão presa de virtudes e defeitos como as outras.

E mais do que isto,se conhecimento é poder ela é dinheiro,capital ,legitimação de poder e etc.Neste momento ela acaba sendo vitima de manipulação.Vejam bem, eu disse vitima .Não é a ciência a culpada,mas quem a usa de forma errada,de forma a prejudicar a humanidade.

É uma estupidez cinica esta direita aí não fazer esta distinção e acusar os cientistas de conspirar contra a humanidade.Quando eu digo que a estrutura mental da direita é igual a da esquerda,ninguém acredita.Que a cabeça de Olavo de Carvaho continua essencialmente igual a de quando ele era comunista ninguém me dá crédito.

Assim como o capitalismo não é uma conspiração malévola para oprimir os operários,a ciência não é outra destinada a matar o povo.Esta direita simplesmente está fazendo o papel mais baixo das elites mais violentas ,caluniando a ciência,para manter o povo apartado dela e condenado à miséria e à ignorância.Chego a pensar que esta direita é psicótica.

Ao revelar que a ciência se desenvolve às vezes improvisadamente ,cometendo erros e fraudes, eu exponho o modo mais natural de seu processo e contribuição históricos,que se provam válidos,apesar de tudo.Ademais as fraudes não são da ciência,são de pessoas que se querem valer da manipulação que ela sofre.

Como se forma um mercado para a ciência,como ela adquiriu um prestigio histórico justo ,qualquer atividade que se identifique com ela,que construa um laboratório para fazer um batom e faça experiências com animais, consegue dinheiro,prestigio e aprovação e este é um dos motivos pelos quais se explica a ideologia cientificista.

Mas expor a verdade das imperfeições da ciência aproxima-a do povo,torna-a mais compreensível para as pessoas de bem que querem fazê-la, que querem insistir nela,na sua luta para melhorar a condição da humanidade.É um principio tipicamente de Julio Verne,que precisa ser recuperado nos dias atuais.

Mas é evidente que a ciência,como produto da humanidade,deve ficar no lugar dela,não extrapolar.Aliás, isto vale para as outras atividades e saberes:cada um no seu quadrado.Mary Shelley ,em seu “ Frankenstein” já tinha colocado esta questão ética.

Mas Hergé ,que é mais engraçado, analisou estes desvios da ciência em um álbum de Tintim “ A estrela Misteriosa”,no qual um astrônomo diz a ele que um meteoro gigante vai atingir a Terra e acabar com mundo:


Tintim,o herói de Hergé,espera o fim do mundo:


Mas como ele não vem,ele se alegra(naturalmente):


Ele corre para dar a boa nova ao astrônomo que,no entanto está com raiva do seu auxiliar ,que errou os cálculos e o fez dizer o fim do mundo quando nada ia acontecer.O desejo de imortalidade e reconhecimento do cientista fá-lo não raro cometer estes exageros psicóticos:





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