sexta-feira, 29 de maio de 2015

A questão nacional III



O Presidente  Getúlio  criou após sair do governo em  1945,os  dois  mais  importantes  partidos  da História do Brasil,o PSD e o PTB(a  UDN também).Os mais importantes porque expressam a modernidade  do Brasil:um  partido de  uma  classe média  cada  vez  mais forte  e  outro  representando o operário industrial.Ambas as classes nascidas do desenvolvimento industrial do inicio  do século XX.
Estas classes,aliadas, é que permitiram o crescimento da democracia  brasileira  do pós-guerra e  permitiu  o surto de desenvolvimento cuja  cristalização ocorreu com Juscelino e Jango.
Estas classes  são as bases  da sociedade moderna,em todos  os lugares.Muito embora  Getúlio  tivesse  a  sua origem  em Mussolini(como  ele mesmo disse em  29)soube  reconhecer  as mudanças reais  da sociedade,durante  os anos 30 ,e  com a derrota do nazi-fascismo,incorporando(como    o  fizera  com a  “ Nova  Política Trabalhista”)os  princípios  do    welfare  state”o  estado  previdenciário,o estado  da proteção do trabalhador.
A causa  do crescimento nacional  até Jango,com  uma virada à esquerda,é  exatamente  que estas  classes  não  se  digladiavam,mas cooperavam,entendendo as suas  respectivas legitimidades,como setores  produtivos que eram ( e  que  são[depois  tratarei mais  desta questão]).
Barbosa  Lima  Sobrinho
Num  livro  clássico  de  1989,Barbosa  Lima  Sobrinho  ,usando  o exemplo do Japão ,propugnou que o  Brasil  devia,como aquele  país,fazer o capital  “ em casa”.Contudo há que observar  que o  Japão,embora  um  país estatocrático  e hierárquico,tinha uma homogeneidade social,uma unidade  cultural de propósitos , construída  em  mil  anos  de convivência.
O  Brasil é,logicamente,muito diferente,por  razões  sobejamente comentadas aqui.Não há no Brasil  uma  sociedade  civil  forte.Temos  um  capitalismo dependente do Estado  que se relaciona  com  uma  classe  média menos organizada  e uma  população  excluída e  sem meios  de expressão política.Os  tais  reflexos da  escravidão,de que  tanto fala  Joaquim Nabuco(entre outros).
O Brasil  sofre das conseqüências desta dependência do Estado,porque   é difícil   neste  contexto construir  uma  representação diante  desta massa  amorfa.Na  Alemanha  há via um problema  semelhante e  os governos  impuseram  certas  regras  de  cima para baixo,mantendo  a administração do Estado  com  uma  verdadeira extorsão tributária  do servos,num  movimento  que muitos,como Claude  Lefort  ,incluem  como  causa  do futuro  surto  do nazismo(ausência  de uma  sociedade  civil  para sustentar ideologicamente a democracia).
O Brasil  guarda uma  diferença  com  os alemães(ainda  que eu pessoalmente  veja  muitas semelhanças[acho o  Brasil  um  dos  países  mais proto-fascistas que existem{tratarei disto em outro artigo próximo}],porque  ele  possui incipientemente classes sociais,ocidentais(Gramsci)modernas.
Para  fazer  as mudanças  essenciais  no  Brasil há  que  construir uma mínima  homogeneidade e em  face  deste problemas  que nosso  país  apresenta, a única forma e  que já  experimentamos    fazer  uma unidade de classes,através de  partidos  realmente  representativos.Só desta forma  se pode pensar num  pacto nacional,pois este depende desta homogeneidade.
As  viúvas  da luta de  classes
Antes  que estas viúvas  reclamem  do que eu estou dizendo aqui,isto tudo é para garantir  uma hegemonia capaz de isolar  as classes  altas,a  alta burguesia,para,por exemplo,ter condições  de taxar as fortunas.
É  claro  que  as relações  entre estas classes  terá  que ser diferente  ,bem como suas tarefas.Juscelino  modernizou o  Brasil,mas  não  criou uma indústria  nacional,na  medida  em que  trouxe as multinacionais.Isto  não se  poderá  repetir.
É claro  que a tarefa principal hoje é  a educação,forma de inclusão  definitiva  do  povo brasileiro  no processo  sócio-econômico.
Mas  tudo isto  se for  possível  construir,de baixo(como deve  ser)esta unidade.
A divisão  do país,as  acusações sobre a  classe média  que vemos  dos  setores  da indústria,  atentam  contra  esta  necessária  via  de acesso  à independência nacional  e favorecem  as  classes  que  se  beneficiam do  capitalismo predatório ,hegemônico no Brasil  há 500  anos(Eduardo  Cunha).
As  posturas  do  PT  e  do PSDB   expressam  esta incompreensão  e o  ideal é que os socialistas,modernos,se  organizassem  para  construir uma  alternativa  nacional  contra esta divisão.Não poderia  ser  o PSB ou Marina?

quinta-feira, 28 de maio de 2015

E continua a destruição



Que  espetáculo este  que  os poderes  da  república estão  nos dando hein!?E  mais  do que  dando,jogando em cima de nós ,como sempre,a  conta  dos  erros.Nem  mesmo esta  vitória  histórica  sobre  José  Maria  Marin  compensa  este  show.
As  pessoas  que  tiverem o  primeiro  emprego  vão  ser  manipuladas  mais ainda  com  a  modificação  da lei do seguro-desemprego.A  rotatividade  do  trabalho  foi  instituída,porta aberta  para  mais  destruição da proteção ao  mundo do  trabalho.
Chega  a  ser  acintosa  a forma  como  Eduardo  Cunha  manteve  o financiamento  particular das campanhas  com este  casuísmo tolo  de que o partido é  que  vai  receber  as doações!
O  pior  é que  as  oposições  estão iludidas  com esta  luta,com esta  queda-de-braço,porque  ela está sendo feita  para desgastar  o governo  Dilma e  levá-lo às  cordas.Lógico  que devemos  fazer o possível para  evitar o pior,mas  o  fato  é  que  está  em curso algo que  nem a  ditadura militar    conseguiu,que é  a hegemonia plena  da  direita no Brasil  e  para  mudar isto serão  necessários  muitos  anos  à  frente.
CULPO  SIM  O PT!DILMA E  LULA,que  deram  um idêntico  show  de incompetência  política logo  depois  da eleição ,enfraquecendo a  esquerda,já  que  o PT é o  maior (ainda)de  toda  a esquerda.
Se  é verdade  que  estão  lutando(como é de  seu  dever)a verdade é que estamos   diante de  uma coabitação com a  direita,a  qual  está  mais e  mais  forte  a  cada  dia.E  o  PT e  o  governo  não  vão recuperar  o  espaço  devido  diante  do que  está  ocorrendo.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A questão nacional(continuação)



Continuando a  nossa  análise do  Brasil,não é  possível  falar   num pacto nacional  sem  falar  na  questão das  classes.Todas  as banalidades  que  são  ditas  sobre pacto  nacional    serão superadas  por  uma  compreensão da  complexidade  da  sociedade  nacional.No  Brasil  existe  uma  obsessão  de  ressaltar  problemas  recorrentemente,como a  falta de  uma  sociedade  civil,de  organismos  de representação;falta  de  “ massas  ideológicas” etc.,mas  de  modo  geral estas  análises  são  importantes  mas  insuficientes  porque é  hora de  passar    para a  mediação  política propriamente  dita.
Aliás  a  insistência  nestas  constatações é  porque  nenhum  partido  político  quer  atingir  o fulcro  das  questões  uma  vez  que isto põe em  risco os  seus conchavos e  interesses.
A  questão nacional  implica  em abnegação  e em  cortar  na  própria  carne.Sem  este  republicanismo  radical(não  nacionalismo)  não é  possível  fazer o  aprofundamento essencial de  que o país  exige.
O  PT,como já  tenho  dito  nasceu  como  o  “ Partido dos Trabalhadores”,os  da  classe média  e  os  operários da  indústria,tidos  numa  tradição  da esquerda,como os  “produtivos”.
O crescimento  dos serviços  em  torno  do  estado  burguês,no  final  do  século XIX,foi  progressivamente  sendo  reconhecido  como um  mundo onde um  trabalhador  legítimo deveria  ser acolhido  pela  esquerda,mas  isto  não se espraiou  por  toda  ela e  nem  em  todos  os lugares.Até  hoje  tem gente  que  não a aceita,quer  dizer ,a  classe  média  como  parte  do  mundo  do  trabalho(produtivo).Basta  ver  os  comentários  preconceituosos  da  senhora  Marilena  Chauí.
Por  causa  disto  o  PT  que defende  ter  tirado  setores  proletários  da  miséria  para  colocá-los na  classe média,na  hora  da política imediata  resolve  usar  uma  tática  obreirista  do  passado  opondo  os  trabalhadores  da indústria  aos de  classe  média,depois  de perder  esta  última,como ficou  evidenciado no  pleito  presidencial.
Tal  acontece  porque  o  PT( e  nenhum  outro partido,principalmente os de esquerda)compreendeu  até  hoje  a  necessidade  de  associar  a  atividade política  de esquerda  com  o conceito de nação,que  ,no fundo,ainda  é (como dizia  Stálin)um  conceito  burguês  a ser  rejeitado.
A  visão de  classe,que está  presente  ainda , trabalha  com a  idéia  de  extinção  da  burguesia  e  seus(num  linguajar  passadiço)” acólitos”.O  que  resulta  é esta  divisão do país,que  vemos  hoje.Uma  divisão  altamente  preocupante  para um  país  que  é  alvo de intenções  imperialistas,quanto  à  Amazônia  e  à  água.
O  que confirma  esta  minha  análise  são  as  afirmações  de  cunho  místico/religioso  feitas  por um Leonardo Boff que  encontram  repercussão  nos apoiadores  do  PT,que  dão  conta  de  que  existe  um  “ ódio” ao PT  por  apoiar os  pobres,em  contraposição à  riqueza  da  classe  média,a  qual os  explora,num retorno de falácias  ideológicas  que  só põem  o país(e  a democracia)  em  risco.

sábado, 23 de maio de 2015

Direita e facas



Antes de retornar  para  o  problema  nacional,quero  fazer  uns  comentários  sobre  estes esfaqueamentos  na  cidade e  a sua  repercussão    porque tudo  me  parece  dantes  como no  quartel de Abrantes:quer  dizer , me  parece  que  isto  não é  fortuito,mas  uma  armação  destes  grupos  que querem  justificar  a  redução  da maioridade   penal  e mergulhar o  Brasil  em  trevas  maiores  ainda.
Aqueles à  esquerda  que  disserem  ironicamente  que  eu já devia  saber,replico que  é  importante  ressaltar  diante  da  sociedade  brasileira  este  fato e  eu  não estou  vendo tal denúncia  em nenhum lugar,nem por hipótese  que é  o  que eu estou  colocando   aqui.
E  aqueles  que,pela  direita  me acusarem  eu  respondo que  tal  reação,eventual,mostra  o  caminho quanto à  veracidade  desta minha  desconfiança.
Desconfiança e  preocupação  com  os descaminhos  da  política  brasileira  que  se  torna  mais  e  mais  antiética  e  mais  invasiva  da  vida  social.Quando os de cima,os  que governam  metem  os  pés pelas  mãos,os  de  baixo  pagam,quando    acefalia,ou  o  poder  demonstra  ambigüidade ,a  tendência  da anomia  subseqüente  é que o povo  sofra  os respingos.Neste  caso  respingos  mais  perigosos que  pode  haver.
Desde  as  manifestações  percebo um  clima  de  contestação  mas  ao  mesmo tempo de falsidade,de teatro,deste  teatro político  que  visa  enganar  as  pessoas  com  situações  catastróficas  à  vista.O  pior  é  que  os  erros do  governo,aliados ao continuísmo ,acabam  criando  o caldo de  cultura  para    este  falso clima,que  viceja  diante  dos inúmeros  problemas  constantes  do cotidiano  da  cidade.Se a demanda  da sociedade  não é senão jogada  para de baixo do  tapete,uma  hora explode sobre  as instituições,passando  por cima  delas.
Eu  não  estava  errado quando  votei  em Aécio,em nome  e somente em  nome  da alternância  de  poder.Isto teria  garantido  o  processo democrático  e o  respeito à  sua  padronização  ajudaria  a  resolver melhor os  problemas e evitaria esta  confrontação  que  cria  o clima.
Como eu  disse  chegamos  a um  ponto em que  a democracia  brasileira  precisa  mostrar a  sua maturidade e  força,para continuar.
Após  o  impulso  pós –ditadura chega  o  momento  da  estabilização  e  esta  depende  da  resolução dos problemas e  esta,por sua vez,da continuidade  da  democracia.
Infelizmente  os  atores políticos demonstram  mais preocupação com os  seus  interesses  do  que com  o Brasil.Também  são  representantes  que foram  formados  nas  lutas  do passado  e  embora,por  causa  disto,defendam a  democracia,carregam  em si  um DNA  passadiço que  os impele  a soluções  anti-democráticas(continuísmo-congresso  impositivo),juntando  ao contexto  ares de  perigo.
É  hora  de entender a  necessidade de  corresponder  às demandas  do  povo  com  atividade  substantiva e não jogo de cena  como  esta  proposta  nefanda  da    redução”,que se  aprovada,colocará  a direita no proscênio,para  novos  espetáculos  de barbárie.