quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O aluno é receita ,o professor é despesa

Reflexões sobre o professor no seu dia

Muito embora este artigo tenha sido para ser publicado no dia 15,o sobrecarrego de trabalho deste articulista modesto,não raro,o impede de cumprir as suas promessas,mas ele cumpre,como se pode ver agora.
Quando era professor em escolas particulares,predominantemente,eu costumava brincar com os alunos dizendo a frase acima,que intitula este artigo.
No que tange à faculdades particulares,isto corresponde,mutatis mutandi,mais complexificado,ao que Darcy Ribeiro dizia no passado:”nas faculdades particulares o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende”.
Mais complexificado quer dizer que a universidade particular no Brasil ,além de promover este tipo de falsificação da atividade de ensino/aprendizagem,representa o sistema de capitalismo atrasado e autárquico do Brasil,acrescido dos interesses mais escusos,” escondidos” sob a ditadura militar.
Ainda que seja só um setor da educação brasileira, faz parte do quadro de manipulação e exclusão do povo brasileiro da melhor educação,que lhe é devida,por ordem da constituição de 88.
Disse outras vezes e repito que o grande problema do Brasil é que o capitalismo nacional quer respostas rápidas para seus investimentos.Quer dizer ,a cada investimento,o lucro em retorno tem que ser imediato.
Não que isto não ocorra nos países centrais,mas lá,por razões históricas,a cultura está mais disseminada pelo povo,que não precisa ser formado para obter os resultados culturais necessários à nação,como aqui em nosso país.Nós somos um país por fazer.Não é que o povo brasileiro não seja capaz de produzir conhecimento,entendam bem,mas somos atrasados e dependentes dos outros países.”
Se queres ser universal,volta-te para tua aldeia”.O Brasil precisa produzir tendo como referência nossa “ aldeia”.Mas nós só temos como referência o que vem de fora.
E as universidades particulares vieram de fora,dentro do projeto americano de cooptar a juventude crítica dos anos sessenta para interesses financeiros e profissionais imediatos.
Neste sentido o aluno paga uma universidade para ter o carimbo do professor no seu diploma,que o fará ganhar dinheiro e devolver ao capitalismo o que ele quer:dinheiro,capital,num circulo vicioso permanente,em que o professor é mera peça de engrenagem,no processo de massificação alienada da juventude.
Isto não foi feito por Paulo Freire ,como dizem alguns idiotas aí da direita,pelo youtube,mas pela ditadura,usando Piaget(sem o perguntar,que analisava crianças).Tudo tem como referência o imediato,a ponta do nariz:o professor tem que viabilizar o ganho imediato do dinheirinho do aluno,que vai sair da instituição,evitando que ele perca tempo com questões humanas e transcendentes,politicas e culturais.
Assim sendo qualquer professor pode ser substituido por outro ,semestralmente,num processo de acumulação primitiva,porque qualquer um sabe carimbar um diploma.
A rotatividade semestral da mão-de-obra,do professor,garante lucros extorsivos neste processo perverso ,que se alimenta permanentemente,sem que este lucro seja reinvestido em educação.
Uma pessoa leva anos paras e formar e a melhor formação é aquela que não espera ,de imediato,o lucro.

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