quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O professor é despesa,o aluno receita III

Na universidade pública existem problemas semelhantes a estes da universidade particular.Aí o problema mais sério é a questão da politica,dos grupos politicos que se imiscuem na atividade e progressão profissional dos mestres.
É uma lástima para um país que os universitários de muitas gerações não tivessem entrado em contato na sala de aula com Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro,que,por motivos politicos vários(à esquerda e à direita)não puderam atuar muito,como deveriam.Uma geração mais antiga e outra mais nova precisam estar em contato antes que a primeira se vá.
Mas também a ditadura ,acompanhada pela esquerda que voltou do exilio,incorporou o projeto americano de direita de “ profissionalizar” os professores,em detrimento do intelectual clássico interdisciplinar,muito comum,antes dos anos sessenta,como de corrência de toda uma época clássica.
Foi este intelectual que agitou os “sixties”,mas este abalo gerou uma reação igual e contrária da direita,que ,no plano educacional,criou as faculdades particulares,mais calcadas nas atividades com resultado econômico direto,ditas “ profissionais”(como se filosofia não fosse...),ganhando a maioria silenciosa para este projeto,mas não só:a esquerda ,voltando do exilio,aceitou esta “ profissionalização”,especializando-se de forma radical,porque este é o significado desta profissionalização,a especialização em lugar da interdisciplinaridade,tida e havida,a partir de agora,como “ diletantismo”.
Uma das medidas por que se pode avaliar os efeitos desta especialização profundamente radical e interessada,é o famoso “analfabetismo funcional”,que está sempre presente no discurso acusatório de Olavo de Carvalho,muito embora ele atribua esta situação a Paulo Freire,o que não faz sentido nenhum.
No passado os manuais(que duravam o curso todo)seguiam uma metodologia dissertativa simples,do simples para o complexo(Descartes) e resultava.
Agora,com a ditadura desta pós-graduação americana tudo são textos,reunidos sem muita conexão,para empanturrar alunos despreparados.E fingir que se está ensinando,sem falar no favorecimento dos grupos politicos que se enquistaram na pós,do mestrado até ao pós-doutorado.Eu me lembro que numa univercidade em que lecionava aí ,no inicio do ano,me deram 40 textos ,em latim,francês e inglês,para levar para Bangu,Campo Grande e outros lugares...
No passado,o último suspiro do pensamento clássico foi a constatação óbvia de que todo o texto tem um contexto.Se alfabetizar definitivamente era e é relacionar um texto com o seu contexto,que se percebe,se se tiver esta compreensão prévia do ato de ler,nas entrelinhas.
Com esta formação que tive,quando entrei nos mestrados pensei que ia ser assim,mas qual não foi a minha surpresa ao notar a proibição de abordar o contexto junto com o texto.
O aluno de faculdade particular tem de modo geral um analfabetismo que vem desde o ensino básico,mas o das faculdades públicas é algo mais “ sofisticado”:ele é treinado para reproduzir este esquema profissional,sem contestar coisa nenhuma e se adaptar aos esquemas politicos da graduação e da pós.Mas é analfabetismo sim,porque não se entende um texto sem contexto.Em próximo artigo eu vou dar exemplos disto.

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