Na
universidade pública existem problemas semelhantes a estes da
universidade particular.Aí o problema mais sério é a questão da
politica,dos grupos politicos que se imiscuem na atividade e
progressão profissional dos mestres.
É
uma lástima para um país que os universitários de muitas gerações
não tivessem entrado em contato na sala de aula com Gilberto Freyre
e Darcy Ribeiro,que,por motivos politicos vários(à esquerda e à
direita)não puderam atuar muito,como deveriam.Uma geração mais
antiga e outra mais nova precisam estar em contato antes que a
primeira se vá.
Mas
também a ditadura ,acompanhada pela esquerda que voltou do
exilio,incorporou o projeto americano de direita de “
profissionalizar” os professores,em detrimento do intelectual
clássico interdisciplinar,muito comum,antes dos anos sessenta,como
de corrência de toda uma época clássica.
Foi
este intelectual que agitou os “sixties”,mas este abalo gerou uma
reação igual e contrária da direita,que ,no plano
educacional,criou as faculdades particulares,mais calcadas nas
atividades com resultado econômico direto,ditas “
profissionais”(como se filosofia não fosse...),ganhando a maioria
silenciosa para este projeto,mas não só:a esquerda ,voltando do
exilio,aceitou esta “ profissionalização”,especializando-se de
forma radical,porque este é o significado desta profissionalização,a
especialização em lugar da interdisciplinaridade,tida e havida,a
partir de agora,como “ diletantismo”.
Uma
das medidas por que se pode avaliar os efeitos desta especialização
profundamente radical e interessada,é o famoso “analfabetismo
funcional”,que está sempre presente no discurso acusatório de
Olavo de Carvalho,muito embora ele atribua esta situação a Paulo
Freire,o que não faz sentido nenhum.
No
passado os manuais(que duravam o curso todo)seguiam uma metodologia
dissertativa simples,do simples para o complexo(Descartes) e
resultava.
Agora,com
a ditadura desta pós-graduação americana tudo são textos,reunidos
sem muita conexão,para empanturrar alunos despreparados.E fingir que
se está ensinando,sem falar no favorecimento dos grupos politicos
que se enquistaram na pós,do mestrado até ao pós-doutorado.Eu me
lembro que numa univercidade em que lecionava aí ,no inicio do
ano,me deram 40 textos ,em latim,francês e inglês,para levar para
Bangu,Campo Grande e outros lugares...
No
passado,o último suspiro do pensamento clássico foi a constatação
óbvia de que todo o texto tem um contexto.Se alfabetizar
definitivamente era e é relacionar um texto com o seu contexto,que
se percebe,se se tiver esta compreensão prévia do ato de ler,nas
entrelinhas.
Com
esta formação que tive,quando entrei nos mestrados pensei que ia
ser assim,mas qual não foi a minha surpresa ao notar a proibição
de abordar o contexto junto com o texto.
O
aluno de faculdade particular tem de modo geral um analfabetismo que
vem desde o ensino básico,mas o das faculdades públicas é algo
mais “ sofisticado”:ele é treinado para reproduzir este esquema
profissional,sem contestar coisa nenhuma e se adaptar aos esquemas
politicos da graduação e da pós.Mas é analfabetismo sim,porque
não se entende um texto sem contexto.Em próximo artigo eu vou dar
exemplos disto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário