Muitos
artigos atrás disse que o patrono da educação brasileira era
Anisio Teixeira,por abordar a questão nacional,e mantenho esta minha
assertiva.
É
discutível a postura educacional de Paulo Freire,de mediatizar a
educação com a ideologia,pelo fato de favorecer o partidismo,em
muitos casos passando por cima da escolha consciente do oprimido,mas
em outro artigo tratarei do seu método.
O
professor,por mais que queira ser isento,diante de certos fatos,não
tem como não alertar os seus alunos.Tenho escrito artigos sobre o
dia do professor,” comemorado” no dia 15 último e me
reporto,muitas vezes,a experiências pessoais,comuns a todos os
professores:uma destas experiências é a má qualidade do ensino,a
excludência que incide sobre determinadas faculdades
particulares,que atinge os alunos.Este último fenômeno era muito
comum ,no passado(e ainda hoje),quanto à escola pública:o aluno de
escola pública não saía preparado e não era priorizado na hora
do primeiro emprego.Estudiosos afirmam que ,ainda que não se diga
isto hoje,a prática,ocorre,porque o aluno de escolas particulares
está mais preparado.
Diante
de uma situação como esta um professor consciente tem que advertir
os seus alunos,senão os estará enganando.A sala de aula não é
dissociada da vida.Há um conceito pedagógico dando conta de que na
hora do estudo o professor tem que induzir o aluno a gostar do que
ele vê imediatamente,mas em certos contextos históricos e sociais
uma blindagem deste tipo não é possível porque a realidade de fora
da escola passa por cima dela inexoravelmente.
Quando
era professor de faculdade particular,na área de direito,fiquei
sabendo do absurdo de certos escritórios não aceitarem alunos
oriundos de algumas delas,ato discriminatório pura e simples e
preveni os meus aprendentes desta situação,não deixando de
criticar a minha empregadora por não tratar do problema.Isto não é
ideologizar,é dizer a verdade e cumprir com o dever de professor.
Mas
duas coisas eu queria dizer a respeito de Paulo Freire:a primeira
diz respeito à acusação da direita “ moderna” quanto à sua
responsabilidade no analfabetismo funcional reinante hoje.Como já
expliquei nos artigos anteriores não se falava em Paulo Freire na
época da ditadura,porque isto dava cadeia.Foi a ditadura,usando
Piaget(sem o consentimento dele),que acabou com a capacidade
abstrativa do aluno,em favor da apreensão concreta da realidade,o
que facilitava o projeto de inserir este “ novo aluno” numa
prepocupação com as necessidades imediatas de sua vida,sem
conectá-las com os problemas gerais,coletivos,nacionais,coisa que
perdura até aos dias de hoje.
Pode-se
objetar que o método Paulo Freire é assim e esta é outra
discussão,mas ele não inseriu as suas propostas neste projeto de “
analfabetização” da sociedade.O objetivo dele era mais
especifico.
A
segunda coisa é que Paulo Freire é,a meu ver,um dos maiores
críticos do stalinismo e do totalitarismo em geral.Quando eu já
estava em crise com o stalinismo,o insight de Paulo
Freire,em certo texto,foi decisivo para marcar a minha oposição a
esta forma de violência politica de esquerda.Eu cito aqui a frase
dele,mais ou menos,de memória:”o totalitarismo stalinista é
completamente reacionário porque ele parte do pressuposto de que
destruindo toda uma sociedade para colocar outra,melhor,no lugar,é
possível construir a utopia.”
Quer
dizer ,o rompimento violento com o passado é ilegítimo,por mais que
o passado seja reacionário.Como um bom professor ele mostra que a
atitude de ensino não é compatível com a violência,a
destruição,mas com a construção.
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