domingo, 25 de fevereiro de 2018

Análise da conjuntura da intervenção



A revelação dos bastidores da decisão da intervenção suscita-nos uma análise  do problema todo.
Os políticos do Rio de Janeiro são enfraquecidos com a decisão,mas não se sabe realmente se  a resistência de Rodrigo Maia e Pezão representam uma espécie de script para que eles saiam,no final,engrandecidos.Por aceitarem uma ajuda teriam crédito.Absolutamente.
O que vale é  a auto-crítica de Pezão,quanto ao fim de sua aventura política pessoal.Isto é uma derrota para o governo e os políticos do Rio de Janeiro,que deixaram chegar a este ponto o problema da segurança.
Rodrigo Maia pode bater pezinho porque ele não está aqui agora,mas ao longo dos anos ele participa também da débâcle.Participa da omissão,no mínimo,dos políticos.
A decisão era inevitável e não foi motivada,como oportunìsticamente a esquerda diz,para encobrir a derrota na previdência.Esta derrota não é comprovável.Temer ganhou tempo e se for bem sucedido na intervenção vai ter mais condições de fazê-la ou de obrigar o próximo Presidente a fazê-lo.Porque a política não é só em cima,mas nos diversos estamentos da organização política do país.
Outra situação é a manipulação da Rede Globo ,esta obsessão paranóide da esquerda.Não nego isto não,mas são dois níveis de realidade,a do discurso e a da realidade mesmo.Se é verdade que os políticos conservadores  e a rede globo manipulam,é verdade que a realidade é esta mesmo.O governo venezuelano ,admirado pelos petistas,está jogando pessoas inocentes na miséria(como fez aqui).A intervenção é necessária,porque só quem vive no Rio sabe como as coisas estão.Não é porque esta decisão pode ser usada pelos conservadores que a realidade da insegurança não exista.Existe sim.Aqui não é Viena da Áustria.
E ,diante desta inevitabilidade há que fazer um discurso de esquerda conseqüente e realista.Numa hora de radicalismo,de ações radicais, a questão social das comunidades precisa ser colocada.A esquerda não atua de forma conseqüente porque repudia a democracia e o estado de direito,como mediações de luta.Preocupados com a revolução,fazem propostas genéricas e óbvias,mas não habitam a realidade mesma,para lembrar um conceito de Sartre.
Se o governo se fortaleceu,precisa de legitimidade e apoio para solucionar ou equacionar de vez a questão da segurança e neste momento,neste interstício, era hora de uma esquerda moderna forçar a discussão sobre os benefícios  sociais que ajudarão a acabar com a violência.Isto sim era o papel de uma esquerda  responsável,não virar as costas ao povo do Rio de Janeiro.
A esquerda tem que entender que o povo das comunidades é aterrorizado pelo tráfico e pelas milícias e se identifica com o exército e as forças armadas.Se esta identificação se ampliar pela manipulação dos conservadores,a tendência é para apoiar golpes e soluções de força.A esquerda tem entrar nisto aí para fazer a pedagogia da questão social,para mostrar ao povo as nuances do problema e o que ele deve fazer para pressionar os políticos,não no sentido da solução de força,mas social.
Pezão devia ter renunciado.Não agindo assim mostra a disposição de usar a situação que ele criou para sobreviver.
Ninguém sepultou a previdência,apenas estão tentando encontrar mecanismos mais seguros e inevitáveis de sua implantação,dentro de um grande projeto de direita ,que os erros da esquerda possibilitaram e possibilitam.


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