Uma
das características psicológicas do brasileiro é olhar a sua vida dissociada da nação.É uma discussão
antiga se temos uma nação ou não,se somos um povo ou não.Assunto para mais
tarde.
É
uma prova da qualidade intrínseca do povo brasileiro ter muitos profissionais
qualificados trabalhando fora do Brasil para outros governos.Mas entenda-se que
a capacidade profissional está sendo um fator decrescimento para um outro país.
É
justo que profissionalmente alguém busque o melhor para si e sua família e isto não se questiona aqui,mas é obrigação
dos nossos governantes criar condições para que esta capacidade produtiva
reverta em vantagens para nós.
É
assim com todos os países ,pelo menos os mais prósperos(que levam estes nossos
profissionais).Lembro-me do problema dos judeus que estudavam na União
Soviética e depois,uma vez formados,queriam ir para Israel.O que eles ganharam
em conhecimento tinham que ,pelo menos,durante um certo tempo,devolver à URSS.
Também
nós temos que notar que a contribuição dos
brasileiros é real,mas eles são sempre “estrangeiros”,não participando do
mainstream do país que os recebe.
Tudo
isto marca uma relação de manipulação do Brasil,de reprodução,ainda hoje, do “
pacto colonial”:no passado o Brasil tinha a mão-de –obra escrava que exportava
as matérias-primas,para a confecção dos produtos nas metrópoles,vendidas depois
nas colônias,especialmente para as elites.
Aliás,esta
minha análise,com base nos estudiosos brasileiros,tem que ser aprofundada
exatamente neste ponto:as chamadas elites brasileiras e as elites criollas na
América Latina,serviram para consumir estes produtos a alto preço,deixando para a população,os
produtos mais baratos e menos qualificados,próprios,segundo estas elites,para salários
menores ,recebidos por trabalhadores sem formação.
Em
breve eu vou falar sobre O Capital de Marx e esta situação toda será
ampliada,no que tange,por exemplo,à teoria do subconsumo,de Sismondi.
Este
pacto foi reproduzido pelos ingleses,em muitos lugares,especialmente no
Sudão,com o famoso aventureiro Gordon,chamado Paxá Gordon,a quem eu já me referi aqui.
Este
aventureiro se tornou patrono da abolição neste país e feita a libertação dos
escravos,estes se converteram em mão-de-obra barata ,para reproduzir o esquema
supracitado.
Tirando
o aspecto profissional de reconhecimento,a exportação de brasileiros para estas
metrópoles é resultado e continuação deste passado.
O
futebol está expressando ,hoje,as conseqüências terríveis desta manipulação.E
isto só acontece porque os governos não se interessam em atacar o problema “
nacional”.O último que o fez,suicidou...Aliás,o penúltimo,porque o último
morreu exilado...
Os
governos e os esquemas políticos do Brasil,como no passado,se beneficiam desta
exploração(inclusive a esquerda).
Mas,no
caso do futebol(e do esporte),os governos e a política se associam com diversos
interesses em torno dos clubes:empresários,dirigentes de clube,torcidas
organizadas e mesmo políticos(nossas elites criollas),interessados nestas massas
que vão aos estádios ou acompanham pela televisão(que ganham com isso).
Da
mesma forma que há um consenso de que a educação é a saída para o Brasil e que
ela não é incrementada porque os governos não criam as condições para que os
profissionais brasileiros trabalhem e produzam aqui,as instâncias de formação
do jogador não se preocupam mais com o ensino do menino ,para fazer lançamentos
iguais aos de Gérson ou chutar como Rivellino.Estão preocupados em preparar um
jogador razoável que ,por sua juventude,seja vendido por somas estratosféricas.Tal
coisa dissocia a medida do trabalho do seu valor,transformando tudo em dinheiro.Ficamos
dependentes do dinheiro.O brasileiro pobre não tem como recusar ir para a
Europa,vivendo ,não raro, em condições de miserabilidade.Ninguém me tira da cabeça
a convicção de que isto é uma estratégia
de desnacionalização.
O
clube(como a escola[como o Brasil])que forma o jogador não pode se contentar
com vendas eventuais para suprir um caixa sempre vazio:ele tem que receber o produto
do trabalho.Ou melhor,dividir com ele.Os ganhos do futebol brasileiro têm que
ser investidos no Brasil.
A
longo prazo(ou menos)isto,e eu respondo ao que eu me propus dizer acima,as conseqüências
do “ pacto colonial”,causará o fim do futebol brasileiro,que só não acaba
agora,pela adesão extraordinária do povo ,que mantém a roda da fortuna rodando.
É
urgente romper com isso e tal é a tarefa dos clubes formadores dos
jogadores.Como é das escolas e universidades no que tange aos demais.
Mas
não fazem porque tanto na instância esportiva como na educacional,as elites
criollas de nosso tempo são favorecidas,não em termos produtivos,mas de
poder.Agora não falarei das escolas e universidades,mas do esporte,que
amplifica esta tragédia anunciada.
No
futuro os jogadores brasileiros se naturalizarão e só jogarão no 1º mundo.E a
possibilidade de uma maior união do povo brasileiro em torno do esporte e da
educação se esvairá,pondo por terra um dos sonhos de João Saldanha,por exemplo.
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