domingo, 4 de fevereiro de 2018

Lugar de brasileiro bom e produtivo é no Brasil










Uma das características psicológicas do brasileiro é olhar a  sua vida dissociada da nação.É uma discussão antiga se temos uma nação ou não,se somos um povo ou não.Assunto para mais tarde.
É uma prova da qualidade intrínseca do povo brasileiro ter muitos profissionais qualificados trabalhando fora do Brasil para outros governos.Mas entenda-se que a capacidade profissional está sendo um fator decrescimento para um outro país.
É justo que profissionalmente alguém busque o melhor para si e sua família  e isto não se questiona aqui,mas é obrigação dos nossos governantes criar condições para que esta capacidade produtiva reverta em vantagens para nós.
É assim com todos os países ,pelo menos os mais prósperos(que levam estes nossos profissionais).Lembro-me do problema dos judeus que estudavam na União Soviética e depois,uma vez formados,queriam ir para Israel.O que eles ganharam em conhecimento tinham que ,pelo menos,durante um certo tempo,devolver à URSS.
Também nós  temos que notar que a contribuição dos brasileiros é real,mas eles são sempre “estrangeiros”,não participando do mainstream do país que os recebe.
Tudo isto marca uma relação de manipulação do Brasil,de reprodução,ainda hoje, do “ pacto colonial”:no passado o Brasil tinha a mão-de –obra escrava que exportava as matérias-primas,para a confecção dos produtos nas metrópoles,vendidas depois nas colônias,especialmente para as elites.
Aliás,esta minha análise,com base nos estudiosos brasileiros,tem que ser aprofundada exatamente neste ponto:as chamadas elites brasileiras e as elites criollas na América Latina,serviram para consumir estes produtos  a alto preço,deixando para a população,os produtos mais baratos e menos qualificados,próprios,segundo estas elites,para salários menores ,recebidos por trabalhadores sem formação.
Em breve eu vou falar sobre O Capital de Marx e esta situação toda será ampliada,no que tange,por exemplo,à teoria do subconsumo,de Sismondi.
Este pacto foi reproduzido pelos ingleses,em muitos lugares,especialmente no Sudão,com o famoso aventureiro Gordon,chamado Paxá  Gordon,a quem eu já me referi aqui.
 

Este aventureiro se tornou patrono da abolição neste país e feita a libertação dos escravos,estes se converteram em mão-de-obra barata ,para reproduzir o esquema supracitado.
Tirando o aspecto profissional de reconhecimento,a exportação de brasileiros para estas metrópoles é resultado e continuação deste passado.
O futebol está expressando ,hoje,as conseqüências terríveis desta manipulação.E isto só acontece porque os governos não se interessam em atacar o problema “ nacional”.O último que o fez,suicidou...Aliás,o penúltimo,porque o último morreu exilado...
Os governos e os esquemas políticos do Brasil,como no passado,se beneficiam desta exploração(inclusive a esquerda).
Mas,no caso do futebol(e do esporte),os governos e a política se associam com diversos interesses em torno dos clubes:empresários,dirigentes de clube,torcidas organizadas e mesmo políticos(nossas elites criollas),interessados nestas massas que vão aos estádios ou acompanham pela televisão(que ganham com isso).
Da mesma forma que há um consenso de que a educação é a saída para o Brasil e que ela não é incrementada porque os governos não criam as condições para que os profissionais brasileiros trabalhem e produzam aqui,as instâncias de formação do jogador não se preocupam mais com o ensino do menino ,para fazer lançamentos iguais aos de Gérson ou chutar como Rivellino.Estão preocupados em preparar um jogador razoável que ,por sua juventude,seja vendido por somas estratosféricas.Tal coisa dissocia a medida do trabalho do seu valor,transformando tudo em dinheiro.Ficamos dependentes do dinheiro.O brasileiro pobre não tem como recusar ir para a Europa,vivendo ,não raro, em condições de miserabilidade.Ninguém me tira da cabeça a convicção de que isto  é uma estratégia de desnacionalização.
O clube(como a escola[como o Brasil])que forma o jogador não pode se contentar com vendas eventuais para suprir um caixa sempre vazio:ele tem que receber o produto do trabalho.Ou melhor,dividir com ele.Os ganhos do futebol brasileiro têm que ser investidos no Brasil.
A longo prazo(ou menos)isto,e eu respondo ao que eu me propus dizer acima,as conseqüências do “ pacto colonial”,causará o fim do futebol brasileiro,que só não acaba agora,pela adesão extraordinária do povo ,que mantém a roda da fortuna rodando.
É urgente romper com isso e tal é a tarefa dos clubes formadores dos jogadores.Como é das escolas e universidades  no que tange aos demais.
Mas não fazem porque tanto na instância esportiva como na educacional,as elites criollas de nosso tempo são favorecidas,não em termos produtivos,mas de poder.Agora não falarei das escolas e universidades,mas do esporte,que amplifica esta tragédia anunciada.
No futuro os jogadores brasileiros se naturalizarão e só jogarão no 1º mundo.E a possibilidade de uma maior união do povo brasileiro em torno do esporte e da educação se esvairá,pondo por terra um dos sonhos de João Saldanha,por exemplo.


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