Crivella
foi o primeiro prefeito a não passar a chave da cidade ao rei Momo e disse que
o Carnaval é só uma festa.O que representa esta
encenação é algo fundamental nas sociedades modernas:o governo e a
religião se digladiam o tempo todo para ver quem manda.
Infelizmente
a metrópole cultural liberal e charmosa que já foi o Rio de Janeiro está se
inclinando mais e mais para a teocracia.
Desde Lacerda o Rio não participa do processo político nacional com candidatos genuinamente formados aqui.A minha esperança,já exposta nos meus blogs,é que o Rio retornasse a esta antiga condição,pelo esforço bem sucedido de solucionar o problema da violência,que certamente induziria a solução dos outros ,saúde e educação.
Desde Lacerda o Rio não participa do processo político nacional com candidatos genuinamente formados aqui.A minha esperança,já exposta nos meus blogs,é que o Rio retornasse a esta antiga condição,pelo esforço bem sucedido de solucionar o problema da violência,que certamente induziria a solução dos outros ,saúde e educação.
Mas
tudo leva a crer que o viés religioso e
não laico será esta mediação de reinserção do Rio no cenário político nacional
e tal significará um retrocesso
inacreditável para o nosso país,que tem o Rio como a síntese do país todo.
Se
nós observarmos os padrões de evolução nacional em outros países veremos que a
integração entre as classes num conceito nacional é o suporte de seu
crescimento.Historicamente foi sempre assim,mas o Brasil vai na onda contrária.Exclui
o negro do futebol,o pobre,o povo.
Outro
padrão essencial é a laicização,a separação real do estado e da religião.O Brasil
segue o oposto.
Há
um perigo real de haver uma separação entre governo evangélico e atividade cultural do carnaval.
De
modo geral o cristianismo não é do mundo,mas vira e mexe quer controlá-lo por
um pressuposto de maioria eleitoral.Até o advento do nazismo na Alemanha a
maioria não era problema,mas a partir dele toda maioria ,principalmente massiva
quer abraçar o estado e a sociedade.
O
cidadão comum é visto não como figura pública.Este papel é atribuído à pessoa
que está sempre no plano da notoriedade(não fama),mas ao sair para o
trabalho,para vida coletiva, o homem anônimo é um ser público.
Ao
entrar na igreja de sua escolha o cidadão toma uma decisão pessoal legítima,mas
ao sair do seu culto,do seu ritual,ele retoma a sua vida “ pública”.A religião
serve à vida privada(não íntima),mas o cidadão não deve levar esta condição privada
para a vida nacional coletiva.
Fazer
esta separação de modo rigoroso é o caminho do progresso de qualquer nação.Não
só isto,mas também isto.
Quando
Crivella se nega a entregar a chave ao rei momo está dizendo que só a parte que
votou nele ,nas eleições,vale.As necessidades públicas da cultura estão sendo
excluídas,em grande parte por causa do sexo,do corpo que se expõe,que a religião
não consegue abordar e que faz parte inclusive da prática de muitos evangélicos
e cristãos que vão à Sapucaí.
É
uma posição exclusivista e que só tende a piorar,semelhante ao fim do jogo na
década de 40.Será que o objetivo é acabar com o Carnaval?
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