É
muito melhor viver numa sociedade piedosa e caridosa do que numa sociedade
competitiva e egoísta.Contudo isto é só um momento,diante do inevitável da
miséria que devemos minorar.A obrigação de qualquer governo e de qualquer
político moderno é abarcar esta plataforma trans-histórica de construir a
utopia.
Fico
impressionado como,nas hostes da esquerda se confunde muito o aconselhamento de
unidade do marxismo com a visão católica(são movimentos parecidos).
Não
basta pura e simplesmente congregar as pessoas,é preciso ter propostas para
tirar as pessoas da miséria.Ainda que a maioria não tenha esta atitude,a
simbiose com a miséria acaba se fazendo e se mantendo quando não se busca uma
solução definitiva do problema social.
Não
adianta nada fazer protestos de sem-teto ,de sem-terra,apenas para reuni-los e
fazer pressão sobre o estado.Há que ter uma proposta,renovada à medida em que a
realidade muda.
O
fato é que muita gente de esquerda acaba reproduzindo a sua carreira política
na base da miséria que ele não sabe e não quer acabar.A sua postura não é
diferente do da burguesia quando realiza chás de caridade.É uma simbiose
perversa que muito radical por aí,que vive se enraivecendo em público,reproduz,confirmando
uma avaliação de Umberto Eco em seu livro “ Apocalípticos e Integrados”:quanto
mais radical,sem fundamento,mais integrado ao mundo burguês.
Tem
muita gente aí no terceiro setor(nas ONGs financiadas pela Holanda)que tem uma
postura socialista com os outros,com o povo,mas no que tange a ele, é
liberal,preocupado com o reconhecimento de sua superioridade
profissional,intocável.
Esta
falácia de social liberal apenas cristaliza esta tendência oportunista na
esquerda.Marx falava na acumulação primitiva,na rotatividade da
mão-de-obra(capitulo V de O Capital,tomo I)como meio clássico de exploração.Então
como os sindicatos e organizações de
esquerda não lutam para barrar este método?Porque compactuam e se
beneficiam da exploração?Por isto eu considero Erundina como a maior socialista
do Brasil,porque em certa ocasião,prefeita de São Paulo,lutou legalmente para
impedir isto.
Mas
estes sociais liberais vêm com esta conversa fiada de que é normal ser mandado embora ao talante do
patrão que só leva em consideração o lucro.Se um professor é mandado embora,o
que o sindicato e os colegas dizem é algo de fazer inveja à Igreja Católica
conservadora:”siga em frente,porque você vai ser reconhecido” que é o mesmo que dizer que “ Deus está te
preparando algo melhor”.
A
sociedade civil pode e deve ajudar,lutar ela própria,mas isto é o
reconhecimento do fracasso do estado e embora não seja uma simbiose perversa,acaba
por reproduzir o desinteresse deste último.
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