terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Conclusões sobre a relação entre Crivella e o Carnaval



Tenho que retornar a este tema porque algumas conclusões devem ser postas à vista de todos,dentro de uma perspectiva(que eu defendo,como ficou claro)laica.
Eu abandonei a idéia marxista de que para construção da utopia será necessário acabar com a  religião.Não é só pela constatação de que não adianta reprimi-la,porque isto seria cinismo perverso.Na minha opinião não vai rolar a utopia se este condicionamento se colocar e quem conhece história tem que concordar comigo.
O iluminismo e seus derivativos modernos,como a tão propalada hoje neurociência repetem um erro recorrente, que é o de acreditar(o termo é este)que existem explicações científicas,neurológicas, para as pessoas acreditarem que uma mulher virgem conceba ou que a humanidade tenha vindo de um casal primordial.
A sociologia é a verdadeira ciência capaz de por os homens uns diante dos outros e de evitar estas formas dogmáticas e atemporais em que a ciência se torna, não raro.
Isto porquê se fizermos a leitura do “ livro do mundo” com preconizou Descartes,veremos o extremo desamparo em que a humanidade viveu e vive até hoje,assolada por miséria e injustiças.
Quando uma pessoa assim ,se vê diante de uma instituição,que é a única organização de massa na história(só existe uma e é a religião),que a convida para entrar num momento difícil ,não exigindo nenhuma preparação prévia,a põe diante de muitas outras  pessoas orientadas a ajudá-la,como preocupações objetivas ou científicas vão impedir o seu movimento de adesão?Não é uma questão neuronal ou de auto-engano,mas de necessidade.
O meu antigo professor na Faculdade de Direito, Maciel, falava da imprescindibilidade da sociologia,que é uma ciência realmente universal e básica, e por causa dele penso nestas questões atinentes à religião.E também por causa de um outro professor meu,Leonardo Boff,quem mostrava que a pessoa não precisa ser mais do que pessoa para entrar na religião.
Eu já delimitei algumas das minhas premissas de abordagem da religião,falando sobre a simbiose entre império romano e cristianismo,através de Constantino.Uma coisa é a crença ,outra é o seu uso pelo poder.
Para muitos anti-religiosos da história não adianta admitir a crença,porque esta,uma hora ou outra ,vai ser cooptada  pelo poder.
Eu prefiro pensar que se o estado cumprir  as suas funções óbvias de evitar o desamparo humano,a religião será só o que deve ser:uma orientadora axiológica  legítima dos homens e aí eu entro no tema deste artigo,quer dizer, eu concluo estas reflexões.
Qual o limite entre esta orientação e o papel da atividade política do estado,que juridicamente representa a todos?Quero dizer,para a mediania ética do Brasil,o que eu digo não faz sentido,porque discutir o aborto,a transexualidade,são os temas da política.
Não é bem assim,a política é uma atividade prática destinada a incluir a todos no processo econômico.Estas questões citadas são importantes,mas não são prioritárias,pois prioritária continua sendo a fome e todos os movimentos que lutam por seus direitos têm,a meu ver a  obrigação de acoplar as suas reivindicações à questão social.Depois aprofundarei este tema,explicando porquê penso assim.Agora o que eu quero dizer é que às vezes uma questão une a religião à sociedade civil,mas a delimitação básica é entre as concepções religiosas e a tarefa prática do estado.
O cidadão busca privadamente a sua orientação,mas quando sai deve pensar em todos e em termos práticos.Infelizmente Crivella virou as costas às tarefas do estado,para favorecer o seu projeto de teocracia.

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