terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Os partidos



Este artigo continua com as minhas reflexões sobre a política em 2018 e trata de como devem ser os partidos.Quando entrei para o Partido Comunista em 1983,fui vítima de um logro.Eu tinha plena consciência de que não tinha vivência e mesmo leitura em marxismo para estar nele ,mas logo descobri que os interesses deste partido eram os mesmos dos outros,ditos burgueses:bastava ter dinheiro ou servir a algum interesse partidário para entrar.
A realidade hoje não mudou nada.Em todos os partidos,não há um momento de preparação que seja para participar do movimento que ele propõe.
Na vida é preciso,se se quiser ter ética e efetividade,ter coerência.Uma pessoa só deve participar de um movimento,qualquer um,se entender de seu corpo doutrinário,de seus objetivos e souber bastante sobre a sua história.
Não tem sentido,eu,ateu,entrar agora numa igreja e participar de uma missa,inclusive tomando a hóstia.Se eu não sei nada sobre o espiritismo de Kardec,como vou falar sobre ele.
Nos partidos esta verdade evidente não tem valor nenhum e os efeitos deste amadorismo,deste “ diletantismo”,são vistos aí na nossa realidade,que só piora,de hora em hora.
Mas o problema da coerência não é o único.Existem,por incrível que pareça,distorções mais graves.Há partidos que reproduzem critérios militares de cooptação.Você só é aceito quando alguém de dentro o aceita.O partido em si não assume a sua cooptação,mas uma pessoa,que passa a ser um tutor,responsável por reprimi-lo quando quiser pensar diferente.
De modo geral esta é a regra em todos os partidos,não religiosos ,e reproduz o esquema das escolas inglesas,que preparavam os filhos dos aristocratas para comandar o império britânico.
No meu modo de ver há que ter um tempo para que a pessoa ser cooptada,mas para isto  o partido tem que ter um corpo programático,baseado em idéias e valores,o qual se modifica mantendo ,no entanto,as suas fundações.
Os únicos partidos que o possuem  são os inspirados na religião ,em que os fiéis se tornam políticos depois de um tempo no templo e mesmo sem este background,encontram um corpo doutrinário muito batido e firmado.
Contudo este partidos não são laicos,querendo fazer das suas maiorias uma inevitabilidade política que suprime a liberdade republicana em favor de um segmento da sociedade.
A pessoa para entrar num partido com estas especificações prévias ,deve permanecer pelo menos dois anos adquirindo esta consciência e  esta bagagem.
O antigo Partido Comunista,na década de 50, instituiu os “ Cursos Stálin”,que formou praticamente toda a geração renovadora(às vezes democrática)do comunismo nacional,presente até à década em que eu entrei,1980.
Mas neste último momento este alicerce havia se perdido num oportunismo derivativo do VI Congresso,em 1967,assunto de que tratarei no próximo artigo

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