Este
artigo continua com as minhas reflexões sobre a política em 2018 e trata de
como devem ser os partidos.Quando entrei para o Partido Comunista em 1983,fui
vítima de um logro.Eu tinha plena consciência de que não tinha vivência e mesmo
leitura em marxismo para estar nele ,mas logo descobri que os interesses deste
partido eram os mesmos dos outros,ditos burgueses:bastava ter dinheiro ou
servir a algum interesse partidário para entrar.
A
realidade hoje não mudou nada.Em todos os partidos,não há um momento de
preparação que seja para participar do movimento que ele propõe.
Na
vida é preciso,se se quiser ter ética e efetividade,ter coerência.Uma pessoa só
deve participar de um movimento,qualquer um,se entender de seu corpo
doutrinário,de seus objetivos e souber bastante sobre a sua história.
Não
tem sentido,eu,ateu,entrar agora numa igreja e participar de uma
missa,inclusive tomando a hóstia.Se eu não sei nada sobre o espiritismo de
Kardec,como vou falar sobre ele.
Nos
partidos esta verdade evidente não tem valor nenhum e os efeitos deste
amadorismo,deste “ diletantismo”,são vistos aí na nossa realidade,que só
piora,de hora em hora.
Mas
o problema da coerência não é o único.Existem,por incrível que pareça,distorções
mais graves.Há partidos que reproduzem critérios militares de cooptação.Você só
é aceito quando alguém de dentro o aceita.O partido em si não assume a sua
cooptação,mas uma pessoa,que passa a ser um tutor,responsável por reprimi-lo
quando quiser pensar diferente.
De
modo geral esta é a regra em todos os partidos,não religiosos ,e reproduz o
esquema das escolas inglesas,que preparavam os filhos dos aristocratas para
comandar o império britânico.
No
meu modo de ver há que ter um tempo para que a pessoa ser cooptada,mas para
isto o partido tem que ter um corpo
programático,baseado em idéias e valores,o qual se modifica mantendo ,no
entanto,as suas fundações.
Os
únicos partidos que o possuem são os
inspirados na religião ,em que os fiéis se tornam políticos depois de um tempo
no templo e mesmo sem este background,encontram um corpo doutrinário muito
batido e firmado.
Contudo
este partidos não são laicos,querendo fazer das suas maiorias uma
inevitabilidade política que suprime a liberdade republicana em favor de um
segmento da sociedade.
A
pessoa para entrar num partido com estas especificações prévias ,deve
permanecer pelo menos dois anos adquirindo esta consciência e esta bagagem.
O
antigo Partido Comunista,na década de 50, instituiu os “ Cursos Stálin”,que
formou praticamente toda a geração renovadora(às vezes democrática)do comunismo
nacional,presente até à década em que eu entrei,1980.
Mas neste último momento este alicerce havia se
perdido num oportunismo derivativo do VI Congresso,em 1967,assunto de que
tratarei no próximo artigo
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