sexta-feira, 5 de julho de 2024

Eu tenho caráter e muito Eu e o movimento negro

 


As minhas críticas  ao movimento negro repercutem ainda e vão repercutir mais porque eu vou continuar fazendo,para expor o escândalo que está o movimento social.E não tratarei só do movimento negro não.

Uma pessoa aí do meu face ,que eu não vou citar o nome (porque não me citou)jogou na minha cara que não se mede a qualidade da pessoa pelo que se publica na internet ,mas pelo que se faz  e me colocou a foto enorme de um negro.

Eu sou acostumado como professor e pesquisador de filosofia a ser chamado de vagabundo e inútil,quando já provei que a filosofia permeia a história da humanidade 100% e que não é só o critério da sobrevivência e do dinheiro que fazem o homem progredir,inclusive no plano pessoal e profissional.

Quando eu era militante do partido comunista brasileiro ,em certa reunião,perdida nos anos oitenta,eu reinvidiquei que pessoalmente eu queria teorizar também,produzir conhecimento,pensar,no que fui criticado por um outro camarada,que afirmou que quem devia fazê-lo eram os intelectuais do  partido e eu fiquei muito aborrecido.

Pois ao ser cooptado era uma das minhas condições de entrada saber teorizar,saber produzir conhecimento e que os companheiros eram totalmente iguais.

Este sempre foi um problema da militância e do movimento social,porque ninguém quer ,na vanguarda ou na retaguarda, ser comandado por alguém,acima de tudo num estatuto de superioridade,que num processo revolucionário é absurdo.

Lênin sempre punha que não há “movimento revolucionário sem teoria revolucionária”,mas ele usava como base destas teorias uma ciência que não o era,mas uma teoria também como as outras.

E Gramsci,para burlar os seus carcereiros ,usava, para designar o marxismo, o termo “ filosofia da práxis” e todo militante,sem entender este contexto(por preguiça de procurar),passou a entender que o marxismo fazia do pensamento algo menos importante do que a práxis.Marx ajudou.

Quem viu Carlota Joaquina se lembra do momento em que a família real chega ao Brasil com panos na cabeça para evitar piolhos e os autóctones ,pensando ser uma moda ,a imitam.

A “ cabeça” do militante comunista tradicional funciona desta forma:ele recebe uma informação toda truncada e errada e repete como papagaio.

Ele parte do pressuposto de que Marx criou uma ciência,que está tudo explicado pela dialética e que agora tudo depende da prática,da tomada do poder do estado,para favorecer os desvalidos e matar quem é contra.

Um  “ método” que não só não resultou como ainda conspurcou as mãos do socialismo de sangue.

Então toda a atividade pensamental é indiferentismo ao sofrimento do excluído e por isto deve ser punida,como fizeram os nazistas que consideravam os literatos e criadores de arte como inúteis e os matou nos campos  de extermínio;como fez o socialismo real,que humilhou o músico Shostakovitch(que tanto o ajudou) e o poeta Brodsky,obrigando-os a abandonar os seus ofícios para carregar esterco  e lavar roupa suja...

Prestem bem atenção(beócios):uma vez que esta alternativa não resultou e eu já expliquei porquê,toda a atitude rupturista é ruim,porque causa estas distorções vergonhosas e injustas.E ela só tem guarida porque existe preconceito das classes altas contra estes trabalhos e contra o desvalido.É verdade.

MAS ISTO NÃO JUSTIFICA,DE PLANO,PRECONCEITO CONTRA QUEM NÃO TEM CULPA NENHUMA DA EXCLUSÃO.

Não tem esta de que está todo mundo envolvido,que todo mundo tem culpa,dentro da visão dialética fechada de Marx.

Tem esquerdizóide por aí que diz que se ele é funcionário publico  pertence à pátria dele;se tem uma carrocinha de sorvete  afirma o capitalismo e é por isto digno de um campo de concentração,porque é culpado da exploração e beneficiário dela.

Meu pai stalinista manteve a família na miséria porque ele achava que como advogado  era um explorador de mais-valia .Eu perguntei a ele porque fez direito e ele não soube responder...até hoje.

A relação de todos com todos não é mediatizada por esta dialética ou exploração.A utilidade exige salários bons.E a classe média é a que mantém o consumo da economia.

A classe operária participa do consumo,mas menos do que a classe média.

E embora o capital venha ,muitas vezes, da exploração(não no sentido de Marx)isto não macula a necessidade do trabalhador,seja ele qual for,porque ele tem utilidade.

E além do mais ,nenhuma pessoa individualmente tem condição de mudar sozinha a situação social.

Não há indiferentismo,mas impossibilidade de atuar.Eu mesmo fui às organizações politicas e fui tratado,por causa disto tudo,com quatro pedras na mão.

Então eu não aceito ser chamado de indiferente.Vivi sempre do meu trabalho,quando a militância e a ideologia me deixaram trabalhar.

NÃO SOU BENEFICIÁRIO DE NAVIO NEGREIRO,DA MINHA RAÇA BRANCA ,NÃO SOU OPRESSOR DA DIVERSIDADE,BENEFICIÁRIO DE MAIS-VALIA,NADA.NÃO TENHO CULPA NENHUMA.COMO EU JÁ FALEI.

E não entrarei nos partidos porque o esquema socialista deles é o mesmo da burguesia e do socialismo real,que eu considero iguais:uma vanguarda por cima manipula os de baixo,como faz a burguesia em muitos lugares.

O movimento social não é uma religião.A origem da utopia moderna é na religião e por necessidade politica a aliança com o cristianismo se tornou decisiva para o avanço da politica,sacrificando os fundamentos da ação:a vanguarda valoriza mais a manutenção dos nichos de poder,eleitorais,do que as exigências temporais de  mudança;valoriza-se mais a congregação das pessoas do que a consciência delas,o que facilita a manipulação.

Neste último item o movimento social não vê que a religião diminui o nível de consciência das pessoas;ela os despoja,inclusive,de ambição.No movimento social,emancipatório, é diferente.

Para juntar tudo:o ato de pensar está sempre pari passu ao ato de fazer,à ação. A separação que esta minha “ companheira” de face faz é totalmente falsa e metafísica.

No plano da experiência do povo não há esta distinção.Não é só se reunir.Fazer não é só isto,é pensar,pensar o tempo todo.

Quando eu critico o movimento negro(e os outros)eu estou pensando,tentando melhorar.

Não tem sentido desqualificar o meu trabalho independente ,como inútil se eu “ não faço”.Fazer o quê?

Comer na mão do negro como forma de compensação pelos meus privilégios de branco?Se eu arrumar uma louraça(que é meio difícil hoje em dia)tenho que entrega-la para o primeiro negro desvalido?

Por causa da casa-grande eu tenho que ir para a senzala?Quem disse que eu estive na casa-grande?Eu passei fome ,porque meu pai comunista não trabalhava.

Minha mãe,à propósito,tinha um irmão negro como ela e vivia me humilhando(inclusive sexualmente): “ ele é homem ,você não é”.

Pelo visto este é um fenômeno mais amplo e eu não notei...

Eu sou negro,sou intocável.Eu conheço negro que teve uma vida muito melhor do que a minha.

E no fundo,no fundo,o movimento negro(como os outros e o resto de socialismo aí)quer ter os benefícios da casa-grande,usufruir do que a burguesia cria.Só isto.Não quer transformação.




 


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