As
minhas críticas ao movimento negro
repercutem ainda e vão repercutir mais porque eu vou continuar fazendo,para
expor o escândalo que está o movimento social.E não tratarei só do
movimento negro não.
Uma
pessoa aí do meu face ,que eu não vou citar o nome (porque não me citou)jogou
na minha cara que não se mede a qualidade da pessoa pelo que se publica na
internet ,mas pelo que se faz e me
colocou a foto enorme de um negro.
Eu
sou acostumado como professor e pesquisador de filosofia a ser chamado de
vagabundo e inútil,quando já provei que a filosofia permeia a história da humanidade
100% e que não é só o critério da sobrevivência e do dinheiro que fazem o homem
progredir,inclusive no plano pessoal e profissional.
Quando
eu era militante do partido comunista brasileiro ,em certa reunião,perdida nos
anos oitenta,eu reinvidiquei que pessoalmente eu queria teorizar
também,produzir conhecimento,pensar,no que fui criticado por um outro
camarada,que afirmou que quem devia fazê-lo eram os intelectuais do partido e eu fiquei muito aborrecido.
Pois
ao ser cooptado era uma das minhas condições de entrada saber teorizar,saber
produzir conhecimento e que os companheiros eram totalmente iguais.
Este
sempre foi um problema da militância e do movimento social,porque ninguém quer
,na vanguarda ou na retaguarda, ser comandado por alguém,acima de tudo num
estatuto de superioridade,que num processo revolucionário é absurdo.
Lênin
sempre punha que não há “movimento revolucionário sem teoria revolucionária”,mas
ele usava como base destas teorias uma ciência que não o era,mas uma teoria
também como as outras.
E
Gramsci,para burlar os seus carcereiros ,usava, para designar o marxismo, o
termo “ filosofia da práxis” e todo militante,sem entender este contexto(por
preguiça de procurar),passou a entender que o marxismo fazia do pensamento algo
menos importante do que a práxis.Marx ajudou.
Quem
viu Carlota Joaquina se lembra do momento em que a família real chega ao Brasil
com panos na cabeça para evitar piolhos e os autóctones ,pensando ser uma moda ,a
imitam.
A
“ cabeça” do militante comunista tradicional funciona desta forma:ele recebe
uma informação toda truncada e errada e repete como papagaio.
Ele
parte do pressuposto de que Marx criou uma ciência,que está tudo explicado pela
dialética e que agora tudo depende da prática,da tomada do poder do estado,para
favorecer os desvalidos e matar quem é contra.
Um
“ método” que não só não resultou como
ainda conspurcou as mãos do socialismo de sangue.
Então
toda a atividade pensamental é indiferentismo ao sofrimento do excluído e por
isto deve ser punida,como fizeram os nazistas que consideravam os literatos e
criadores de arte como inúteis e os matou nos campos de extermínio;como fez o socialismo real,que
humilhou o músico Shostakovitch(que tanto o ajudou) e o poeta
Brodsky,obrigando-os a abandonar os seus ofícios para carregar esterco e lavar roupa suja...
Prestem
bem atenção(beócios):uma vez que esta alternativa não resultou e eu já
expliquei porquê,toda a atitude rupturista é ruim,porque causa estas distorções
vergonhosas e injustas.E ela só tem guarida porque existe preconceito das
classes altas contra estes trabalhos e contra o desvalido.É verdade.
MAS
ISTO NÃO JUSTIFICA,DE PLANO,PRECONCEITO CONTRA QUEM NÃO TEM CULPA NENHUMA DA
EXCLUSÃO.
Não
tem esta de que está todo mundo envolvido,que todo mundo tem culpa,dentro da
visão dialética fechada de Marx.
Tem
esquerdizóide por aí que diz que se ele é funcionário publico pertence à pátria dele;se tem uma carrocinha
de sorvete afirma o capitalismo e é por
isto digno de um campo de concentração,porque é culpado da exploração e
beneficiário dela.
Meu
pai stalinista manteve a família na miséria porque ele achava que como advogado
era um explorador de mais-valia .Eu
perguntei a ele porque fez direito e ele não soube responder...até hoje.
A
relação de todos com todos não é mediatizada por esta dialética ou exploração.A
utilidade exige salários bons.E a classe média é a que mantém o consumo da economia.
A
classe operária participa do consumo,mas menos do que a classe média.
E
embora o capital venha ,muitas vezes, da exploração(não no sentido de Marx)isto
não macula a necessidade do trabalhador,seja ele qual for,porque ele tem
utilidade.
E
além do mais ,nenhuma pessoa individualmente tem condição de mudar sozinha a
situação social.
Não
há indiferentismo,mas impossibilidade de atuar.Eu mesmo fui às organizações
politicas e fui tratado,por causa disto tudo,com quatro pedras na mão.
Então
eu não aceito ser chamado de indiferente.Vivi sempre do meu trabalho,quando a
militância e a ideologia me deixaram trabalhar.
NÃO
SOU BENEFICIÁRIO DE NAVIO NEGREIRO,DA MINHA RAÇA BRANCA ,NÃO SOU OPRESSOR DA
DIVERSIDADE,BENEFICIÁRIO DE MAIS-VALIA,NADA.NÃO TENHO CULPA NENHUMA.COMO EU JÁ
FALEI.
E
não entrarei nos partidos porque o esquema socialista deles é o mesmo da
burguesia e do socialismo real,que eu considero iguais:uma vanguarda por cima
manipula os de baixo,como faz a burguesia em muitos lugares.
O
movimento social não é uma religião.A origem da utopia moderna é na religião e
por necessidade politica a aliança com o cristianismo se tornou decisiva para o
avanço da politica,sacrificando os fundamentos da ação:a vanguarda valoriza
mais a manutenção dos nichos de poder,eleitorais,do que as exigências temporais
de mudança;valoriza-se mais a
congregação das pessoas do que a consciência delas,o que facilita a
manipulação.
Neste
último item o movimento social não vê que a religião diminui o nível de
consciência das pessoas;ela os despoja,inclusive,de ambição.No movimento social,emancipatório,
é diferente.
Para
juntar tudo:o ato de pensar está sempre pari passu ao ato de fazer,à ação. A
separação que esta minha “ companheira” de face faz é totalmente falsa e
metafísica.
No
plano da experiência do povo não há esta distinção.Não é só se reunir.Fazer não
é só isto,é pensar,pensar o tempo todo.
Quando
eu critico o movimento negro(e os outros)eu estou pensando,tentando melhorar.
Não
tem sentido desqualificar o meu trabalho independente ,como inútil se eu “ não
faço”.Fazer o quê?
Comer
na mão do negro como forma de compensação pelos meus privilégios de branco?Se
eu arrumar uma louraça(que é meio difícil hoje em dia)tenho que entrega-la para
o primeiro negro desvalido?
Por
causa da casa-grande eu tenho que ir para a senzala?Quem disse que eu estive na
casa-grande?Eu passei fome ,porque meu pai comunista não trabalhava.
Minha
mãe,à propósito,tinha um irmão negro como ela e vivia me humilhando(inclusive
sexualmente): “ ele é homem ,você não é”.
Pelo
visto este é um fenômeno mais amplo e eu não notei...
Eu
sou negro,sou intocável.Eu conheço negro que teve uma vida muito melhor do que
a minha.
E
no fundo,no fundo,o movimento negro(como os outros e o resto de socialismo
aí)quer ter os benefícios da casa-grande,usufruir do que a burguesia cria.Só
isto.Não quer transformação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário