De
novo eu recebo ironias por causa do meu modo de escrever.Respondo mais uma vez
que o meu vocabulário é próprio.Não há esta contraposição entre o falar erudito
e o popular e nenhum dos dois tem o direito de suprimir o outro.
No
Brasil,através de Mario de Andrade ,esta distinção se tornou quase um dogma intransponível.Na
verdade a discussão deriva do final do século XIX na arte,principalmente na
pictórica ,em que os parâmetros clássicos foram rejeitados em nome da valorização
de uma arte expontânea e popular.
Gauguin
,Van Gogh, representam este movimento,mas também na filosofia se vê esta
mudança em “ A origem da Tragédia” de Nietzsche ,em que ele inicia a sua
crítica demolidora dos padrões racionais do V século grego,de Sócrates,Platão e
Aristóteles.
Esta
tendência(legitima)se espalhou pelo ocidente ,mas como em todo excesso,acabou
por adquirir uma “tentação totalitária” de suprimir o clássico.
Aqui
no Brasil esta questão vem seguida do problema social,da relação entre as
classes altas e “ baixas” do país.
O
Brasil é um país que sempre importou a visão clássica de outros lugares,sempre
foi reflexo da produção do velho mundo prioritariamente(embora hoje a
influência maior seja dos Estados Unidos).
Contudo
,as classes menos favorecidas,de diversos modos culturais,inclusive o
esporte(futebol)deglutiram ,como canibais,estes criações e as transmutaram de modo
mais autenticamente brasileiro.
E
foi esta produção popular que levou o
Brasil a ser reconhecido,como nação com identidade própria e diferente.
Quando
Carmem Miranda recebeu o gelo das classes altas ,que só “ consumiam” ópera e clássicos,se fez uma análise
equivocada do fenômeno:identificou-se a erudição e o clássico como produtos
destas classes “dirigentes”(coisa nenhuma),como propriedade delas e
infelizmente inadvertidamente o nosso Mario de Andrade chancelou.
Mas
a erudição e a cultura popular são produtos humanos que transcendem às
classes.
Desta
maneira nem o clássico deve se impor ,como o popular também.
O
meu vocabulário não é passadiço ou antiquado e nem é contra o povo.Ele é
próprio das atividades que eu faço. Mas a cultura popular,um tanto quanto preconceituosa
e demagogicamente ,entende que a cultura clássica não é valida.
Mas
ao conhecimento se se eleva .Isto vale tanto para quem produz e transmite como
eu como quem recebe e quer produzir.A relação com o conhecimento não é a mesma
da comunicação radiofônica ou mercadológica:ela é transcendente a estes vínculos
diretos.
Por
isto a crítica contra o meu modo barroco de falar não vale,porque ele é próprio
para as coisas de que falo e este rebuscamento é pessoal,do meu temperamento e
não há porque eu me submeter a algo que está fora de mim.
“O
estilo é o homem” dizia Boileau.
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