Mesmo que a
maioria dos militares até agora escolhidos não tenha mais ligações com as
forças armadas é altamente discutível a presença deles nos escalões do
governo.No mínimo era exigível uma quarentena para evitar que estes contatos
profissionais criem tentações de poder.
Não os estou acusando,mas ainda assim,ainda que o
militar estivesse fora da profissão era preciso ter meios de verificar a sua lealdade ao poder civil.Porque não é só a questão de estar armado,como eu disse em
outro artigo,mas de ser,mesmo reformado,uma via de acesso a interesses de força
intar-muros,isto é,dentro dos quartéis.A força armada ,associada a interesses
econômicos se encaixa perfeitamente,porque ela facilita o estabelecimento dos
conchavos,como aconteceu no governo Costa e Silva.
A presença dos militares,muito intensa no governo Federal
e em São Paulo,pode servir de caminho para estas tentações.
O que se quer vender,por parte dos atuais
governantes e seus apoiadores é que geopoliticamente é melhor se relacionar com os Estados Unidos
do que manter a neutralidade tradicional do Brasil.
Ainda é cedo para ver como isto vai se
desenvolver.É possível que o Presidente eleito queira fazer o mesmo que Getúlio
,jogar com os dois lados.Ou queira depois voltar a uma posição mais aproximada da
de Geisel.Mas é muito escandaloso se relacionar com os Estados Unidos ,pondo em
risco as relações com os países árabes e muçulmanos e com a China.O Brasil não
tem nada que se desentender com estes países.Muitos alegariam que as vantagens
seriam uma ajuda americana compensatória ,econômica e política,mas eu nunca vi
esta disposição dos Estados Unidos com o Brasil.É um risco.E virar as costas à comunidade
Internacional tem consequências evidentes por muitos anos.
É certo que a China nos usa muito ,como eu já
expliquei anos atrás.Muitos produtos passam pelo Brasil e não podem ser taxados
e verificados.A concepção geopolítica da China é cercar os Estados Unidos,mas
mesmo assim é um risco ter relações carnais com eles,por não haver garantia de
retorno.Seriam por isto que os miliatres estariam entrando no governo,para dar
mais força ao governo Bolsonaro?
Assim como eu critiquei Lula por fazer uma inflexão em favor
dos árabes e muçulmanos não acho seguro se voltar para o outro lado.
A geopolítica não é um fim em si mesmo,Quando é assim as coisas
degringolam.A geopolítica depende do
projeto de nação,que não existe.Unir geopolítica e mercado concorre para o
perigo.O Brasil não tendo este projeto deve,no entanto,pensar nele na hora de
decidir,porque não são os interesses econômicos que dirigem a nação,mas ela
própria,com todos os seus defeitos e problemas.
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